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Avaliação Educacional: um Estudo das Perspectivas Tradicional e Construtivista na Visão Docente (página 2)

CURRÍCULO, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO

O currículo escolar pode ser percebido como um instrumento de socialização, ou seja, com o propósito de enquadrar as crianças ou ajustá-las às estruturas da sociedade. Com isso, construir um currículo na sala de aula requer profissionalismo e competência. Por sua vez, parte do professor a utilização de uma valiosa ferramenta pedagógica: o conhecimento sociocultural dos alunos. Lima (2014, p. 03) ressalta que ?o currículo não é imparcial, é social e culturalmente definido, reflete uma concepção de mundo, de sociedade e de educação, implica relações de poder sendo o centro da ação educativa.? Ou seja, o currículo escolar é a seleção e a organização das ideias educacionais, uma vez que todas as incumbências, sejam elas escolares ou não, tenham por objetivo a aprendizagem. Ainda segundo Lima (2014, p.03): "A visão do Currículo está associada ao conjunto de atividades intencionalmente desenvolvidas para o processo formativo."

Para Linhares (2003, p. 03):

É importante perceber que o entremeio de nosso desejo de conjugar a ?educação como prática de liberdade? e a reprodução de comportamentos opressivos aos sujeitos sociais e escolares há labirintos e corredores ocupados por uma tradição conformista e autoritária que massacra tantos os educadores como os educandos, contra a qual Paulo Freire afirmou uma pedagogia potente que não se envereda na imposição ou na convivência com a violência.

Ou seja, esse currículo que falamos o tempo todo em sala de aula deve ser um currículo para a construção de novos conhecimentos, que possa proporcionar ao docente e ao discente conteúdo crítico, reflexivo, pesquisador e para que tenha sua construção social, na acepção de estar inteiramente vinculada a um momento histórico, à determinada sociedade e às relações com o conhecimento, como construção de identidades locais e nacionais. Com isso Pacheco (1995, p. 43) diz que o (in) sucesso da reforma curricular e da avaliação se fez porque:

Sabemos que atual reforma curricular, que nem altera a estrutura do desenvolvimento do currículo nem modifica as práticas curriculares dos professores, privilegia mudanças nos programas, na metodologia de ensino e na avaliação formativa, somática, aferida, etc. (PACHECO, 1995 p.43).

Um estudo na visão de Fernandes e Freitas (2007) entende a avaliação como parte de uma ação coletiva de formação dos estudantes, ocorrendo em várias esferas e com vários objetivos. Informam que há a avaliação da aprendizagem dos estudantes, em que o professor tem um protagonismo central, mas há também a necessária avaliação da instituição como um todo, na qual o protagonismo é do coletivo dos profissionais que trabalham e conduzem um processo complexo de formação na escola, guiado por um projeto político-pedagógico coletivo. E, finalmente, há ainda a avaliação do sistema escolar, ou do conjunto das escolas de uma rede escolar, na qual a responsabilidade principal é do poder público. Esses três níveis de avaliação não são isolados e necessitam estar em regime permanente de trocas, respeitados os protagonistas, de forma que se obtenha legitimidade técnica e política.

O sucesso da reforma curricular depende muito dos pontos básicos em que cada escola dá a sua organização curricular, por exemplo: aluno sujeito e centro da ação educativa da sua escola, objetivos, verificar até que ponto o aluno aprende, a coleta os dados, avaliação do sucesso ou o (in)sucesso do aluno.

Uma elaboração curricular avaliativa clara é oportunidade de criação para o docente. A elaboração de um instrumento de avaliação ainda deverá levar em consideração alguns aspectos importantes:

a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclarecedora, objetiva;
b) a contextualização daquilo que se investiga: em uma pergunta sem contexto podemos obter inúmeras respostas e, talvez, nenhuma relativa ao que, de fato, gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja, deve ter significado para quem está sendo avaliado;
d) estar coerente com os propósitos do ensino;
e) explorar a capacidade de leitura e de escrita, bem como o raciocínio. Podemos fazer algumas considerações em relação aos instrumentos que podem ser utilizados ou construídos com a finalidade de acompanhar a aprendizagem dos estudantes, em vez de fazer uma medição pontual do seu desempenho. (FERNANDES e FREITAS, 2007)

O planejamento e avaliação devem envolver o coletivo, ou seja, fica mais fácil planejar em grupo, para que fique uma proposta bem elaborada. O planejamento deve ser um encontro permanente, é um processo que requer muito tempo por ser um desenvolvimento que envolve o aluno como um todo.

Importa que a prática de planejar em todos os níveis: educacional, curricular e de ensino, ganhe a dimensão de uma decisão política, científica e técnica. É preciso que ultrapasse a dimensão técnica, integrando-a numa dimensão político-social. O ato de planejar, assim assumido, deixa de ser uma simples estrutura de meios e recursos, para tornar-se o momento de decidir sobre a construção de um futuro. Será o momento de dimensionar nossa mística de trabalho e de vida. (CARVALHO, 2012, p. 9)

Podemos dizer que um bom planejamento, vem de um bom Projeto Político Pedagógico. A instituição cria instrumentos e procedimentos de avaliação mais precisos e dá continuidade à ação pedagógica. Assim podemos dizer que a ação pedagógica orienta o professor na seleção de conteúdos e procedimentos, criando estratégias para o processo de avaliação.
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Como referenciar: "Avaliação Educacional: um Estudo das Perspectivas Tradicional e Construtivista na Visão Docente" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 23/04/2024 às 20:51. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/avaliao_educacional_um_estudo_das_perspectivas_/index.php?pagina=1