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Calculadora em Sala de Aula: Vilã ou Coadjuvante? (página 2)

2.2.1 O professor

Mas, e o professor? Como ele vê o uso da calculadora?

A escola (digo, o professor de Matemática, principalmente) enxerga a calculadora como um objeto impuro, pornográfico, a ponto de bani-la da sua sala de aula. Ainda acredita, desmerecendo o valor da própria disciplina que ensina, que matemática é "aprender a fazer contas". Assim, vê a calculadora da mesma maneira que vê a "cola" que um aluno faz de fórmulas de Física ou Química para consultar em dia de prova. (PUCCI, 2008, p.1)

Muitos professores se colocam contra o uso da calculadora em sala de aula, embora, os mesmos a utilizem em sua vida particular. Alguns dos argumentos mais utilizados serão analisados abaixo.

Há professores que proíbem o uso da calculadora pelo fato de ela ser proibida nos exames de vestibular. Pucci (2008) deduz então, que se proíba também nas escolas, o uso do atlas, do dicionário, do compasso, do transferidor, dos jogos, dos livros didáticos e dos computadores, pois estes também não podem ser consultados num vestibular.

Outro argumento forte é de que a calculadora possa afetar a memória e mesmo a capacidade de raciocinar bem, embora não existam pesquisas que apoiem essa visão, como afirma D´Ambrósio (2008).

Há ainda aqueles que defendem a opinião de que a calculadora torna o aluno dependente. No entanto, a quem cabe a decisão de qual operação utilizar?

Segundo Smole, Ishihara e Chica (2008), pode-se "notar que tais argumentos fundamentam-se na preocupação e defesa do cálculo como componente essencial do ensino e aprendizagem da matemática [...]". Muitos professores colocam as chamadas contas num patamar acima.

A rejeição que os professores de matemática têm em relação ao uso da calculadora, pode ser justificada pelo seguinte motivo, conforme afirma Borba (1994, apud SCHIFFL, 2006, p.81), "quem foi educado na mídia do lápis e do papel, e tem esta mídia tão impregnada na sua formação, [...], não consegue conviver com outra mídia de maneira diferente".

É difícil conceber o uso positivo da calculadora, quando não se teve esta prática em sua formação. Como alunos do Ensino Fundamental e Médio, os professores de matemática, despenderam grande tempo no cálculo das operações, principalmente numa época em que aprender matemática era aprender a fazer contas. Como graduandos, não tiveram, muitas vezes, oportunidade de discutir o seu uso e aprender práticas de introdução da calculadora no processo ensino-aprendizagem.

A geração "arme e efetue", fez contas e mais contas e mesmo assim utiliza a calculadora para fazer o orçamento do mês. Tornou-se dependente da mesma porque não foi habilitada a realizar o cálculo mental. "Se calcular trouxesse algum ganho de inteligência, os computadores seriam grandes gênios", disse o matemático e educador americano, Thomas O' Brien, à Mariz, em artigo para Nova Escola (2000), e completou: "o grande talento das pessoas é pensar".

Assim sendo, torna-se necessário investir na capacitação dos professores, promovendo sua formação continuada. "Deveria ser promovido o desenvolvimento de estudos e programas que auxiliassem o professor a introduzir tal recurso no cotidiano escolar. Tais programas teriam como objetivo usar a calculadora para contribuir [...]" (SCHIFFL, 2006, p.21).

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Como referenciar: "Calculadora em Sala de Aula: Vilã ou Coadjuvante?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 05:01. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/calculadora/index.php?pagina=1