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Concepção de Infância do Professor de Educação Infantil

Autor: Joseane Patrícia Santos, Sandra Câmara de Mattos e Suzana Teixeira de Queriroz
Data: 27/08/2010

RESUMO:

O artigo apresenta um breve estudo acerca da concepção da docente na perspectiva da educação infantil. Destacamos a relevância da formação docente para Educação Infantil, o conceito de infância e também a relação infância e educação. Embasado através de autores que influenciaram as ideias pedagógicas na infância, mostrando suas relações com as configurações sociais, que caracterizam a modernidade, e ao modo como ainda hoje a criança é vista e tratada. Observamos a prática de duas professoras da Educação Infantil com a finalidade de confrontar o discurso e a prática das docentes acerca da Educação Infantil e também como a concepção de infância e de Educação Infantil influencia na prática pedagógica das mesmas. A metodologia utilizada para a realização do trabalho lançou mão de observações não participante e a aplicação de um questionário semi-estruturado.


INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o objetivo de verificar as concepções de infância de duas professoras da Educação Infantil da Rede Municipal de Jaboatão. Para alcançar tal objetivo foi necessário observar como ocorre a prática docente numa turma de Educação Infantil; analisar o comportamento e a relação das docentes com os alunos da turma e por fim, coletar e analisar informações em um questionário semi-estruturado respondido pelas docentes que participaram da nossa pesquisa.

Para fazer essa análise atuamos em uma instituição da Rede Municipal de Ensino da cidade do Jaboatão dos Guararapes, localizada no bairro de Barra de Jangada. Observamos a prática de duas professoras da Educação Infantil com a finalidade de confrontar o discurso e a prática das docentes acerca da modalidade de ensino e também como a concepção de infância e de Educação Infantil influencia na prática pedagógica das mesmas.

A sala de aula pesquisada da Professora A  possui vinte alunos matriculados, sendo onze meninas e nove meninos, porém durante a observação estavam presentes quinze alunos (nove meninas e seis meninos). A sala de aula da Professora B possui dezoito alunos matriculados, sendo doze meninas e seis meninos, mas no período da observação estavam presentes dezesseis alunos (dez meninos e seis meninas).

Essa pesquisa também mostra o conceito de infância; a relação de infância e educação e pontua acerca da formação do docente para a educação infantil, além disso, aborda a importância desses para o desenvolvimento da criança no processo de ensino - aprendizagem. Sendo apresentado a partir das discussões de teóricos que fundamentam a importância da concepção do docente na educação infantil para o desenvolvimento da criança nas dimensões motoras, cognitivas, afetivas e sociais.

Jean Piaget (1896-1980), biólogo com preocupações eminentemente epistemológicas (teoria do conhecimento), realizou inúmeras pesquisas com crianças, sendo esta uma importante característica de seus trabalhos e convém ressaltar a importância de sua pesquisa para a compreensão da construção do conhecimento e do desenvolvimento cognitivo dos infantes.

Como metodologia utilizamos observações para verificar a prática docente e a aplicação de um questionário semi-estruturado contendo perguntas de suma relevância para a análise da pesquisa.

A fim de contribuir na formação docente acerca da importância da educação infantil, buscamos através desse artigo responder a seguinte pergunta: Qual a concepção de infância do professor de educação infantil?

 REFERENCIAL TEÓRICO

Uma grande parte das crianças, apesar de viverem tão inseridas no mundo dos adultos, não são tratadas como cidadãos com direitos. Cabe aos educadores tomarem consciência de questão tão importante e redirecionarem suas práticas com o reconhecimento da criança como sujeito atuante das práticas sociais.

A criança deve aprender a lidar com seus desejos e conhecer seus limites. Através do excessivo otimismo em relação ao caráter da natureza boa do homem ao nascer é que Rousseau faz severas críticas à educação autoritária, onde o fim da educação para ele é a inserção social, após a criança ter recebido uma educação individualizada.

"A pobre criança que nada sabe, que não pode nada, nem nada conhece, não está a vossa mercê? "(...) Sem dúvida ela deve fazer só o que deve, porém deve querer só o que vós quereis que ela faça."   ( ROUSSEAU, 1995)

Em Rousseau tanto o estudo da infância, cuja existência normatiza e nomeia como a ação educativa aplicável, por ele amplamente desenvolvida no Emílio, podem efetuar-se de acordo com sua natureza.  Diz ele: "Cada idade, cada etapa da vida tem sua perfeição conveniente, a espécie de maturidade que lhe é própria". Esta afirmação, apesar de integrar um conjunto de máximas que em sua obra inaugura uma forma própria de pensar a educação da "criança da natureza" e pela natureza, não significa deixar a criança a própria sorte, evoluir espontaneamente. Esta leitura geralmente feita por educadores, desconsidera outros aspectos de sua obra, que mesmo sendo extremamente contraditória, exalta o papel do educador na condução das crianças, às quais deve orientar em direção ao que é natural.

Para Rousseau (1995) a infância e seu desenvolvimento são definidos da seguinte forma:

Os primeiros desenvolvimentos da infância dão-se quase todos ao mesmo tempo. A criança aprende a falar, a comer e a andar aproximadamente ao mesmo tempo. Esta é propriamente a primeira fase de sua vida. Antes, não é nada mais do que aquilo que era no ventre da mãe; não tem nenhum sentimento, nenhuma idéia; mal tem sensações  e nem mesmo percebe a sua própria existência.(...) Eis a Segunda fase da vida, aquela onde acaba propriamente a infância, pois as palavras infans e puer não são sinônimas. A primeira está contida na segunda e significa quem não pode falar, daí em Valério Máximo encontrarmos puerum infantem. Mas continuo a me servir dessa palavra segundo o costume de nossa língua, até a idade para a qual ela possui outros nomes.

Além de referir-se à criança e tratar de suas diferenças em relação ao adulto, esse pensador descreve o modo como elas eram tratadas logo ao nascer, principalmente por suas mães, crítica que apresenta no primeiro capítulo de Emílio, onde lemos:

Ao nascer, uma criança grita; sua primeira infância passa-se chorando. Ora sacodem e a mimam para acalmá-la, ora a ameaçam e lhe batem para que fique quieta. Ou lhe fazemos o que lhe agrada, ou exigimos dela o que nos agrada, ou nos submetemos às suas fantasias, ou a submetemos às nossas: não há meio-termo, ela deve dar ordens ou recebê-las. Assim suas primeiras idéias são de domínio e servidão. Antes de saber falar ela dá ordens, antes de poder agir ela obedece e, às vezes, castigam-na antes que depois imputamos à natureza, e após nos termos esforçado para torná-la má, queixamo-nos de vê-la assim. (Rousseau, 1995)

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Como referenciar: "Concepção de Infância do Professor de Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 20/04/2024 às 01:54. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/concepcaodeinfancia/index.php?pagina=0