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A Importância do Desenho Infantil no Processo de Alfabetização (página 4)

Posteriormente as formas gráficas adquirem maior proximidade com as letras convencionais. As crianças interagem com outros sistemas notacionais, como por exemplo, os números fazendo distinção entre os símbolos (letras) que são usadas na escrita de outras formas de produção (desenhos, números, placas e outros).

No nível silábico, a  criança começa a escrever como uma produção controlada pela segmentação silábica da palavra. A escrita neste nível constitui um grande avanço e se traduz num dos mais importantes e esquemas construídos pela criança, durante o seu desenvolvimento. Pela primeira vez, ela trabalha com a hipótese de que a escrita representada partes sonoras da fala, porém uma particularidade: cada letra vale por uma sílaba. Assim, utiliza tantas letras quanto forem as sílabas das palavras. Ao trabalhar a escrita silábica, as exigências de variedade e de quantidade mínima de caracteres que aparecem na escrita pré-silábica, podem desaparecer momentaneamente.

Mas se a criança já tiver internalizado a hipótese silábica, a exigência na variedade de caracteres reaparece, pois a criança não aceita que uma palavra poderá ser lida com todas as letras iguais, e o problema se agrava quando a palavra a ser escrita seja um monossílabo. A criança não aceita que uma palavra com menos de três de letras possa ser lida, e então na tentativa de que se possa ler o que ela escreveu, acrescenta-se letras ao final da palavra. E a partir disso, surge um conflito cognitivo por causa da exigência de quantidade mínima de caracteres e a criança tenta buscar outra solução para o seu "problema".

No nível Silábico Alfabético, a passagem da hipótese silábica para a alfabética é um passo de extrema importância na evolução da leitura e da escrita. De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999) a criança abandona a hipótese silábica e descobre a necessidade de fazer uma análise, que vá "mais além" da sílaba, pelo conflito entre a hipótese silábica e a exigência mínima de caracteres e o conflito entre a variedade interna das letras.

A criança percebe a insuficiência de sua hipótese ao associar uma letra para cada sílaba e passa a perceber a sílaba constituída com mais de uma letra. Pode-se explicar a passagem do nível silábico para o silábico-alfabético, quando a própria criança não consegue ler o que escreveu, pois faltam elementos para que se faça a leitura, e quando os adultos não conseguem ler o que a criança escreveu. Outro fator que também explica essa passagem é impossibilidade de ler o que as pessoas alfabéticas escrevem, pois as crianças acham que sempre está sobrando letras e então ela entra em conflito, pois sabem que nos livros e nas escritas das pessoas alfabetizadas, o que está escrito, está correto.

A fase final do processo de alfabetização de um indivíduo é marcada pelo Nível Alfabético, segundo Ferreiro e Teberosky (1999). Nesse nível, pode-se considerar que a criança venceu as barreiras do sistema de representação da linguagem escrita. Ela já é capaz de fazer uma análise sonora dos fonemas das palavras que escreve. Isso, porém não significa que todas as dificuldades foram vencidas. A partir daí, surgirão os problemas relativos à ortografia. Entretanto, trata-se de outro tipo de dificuldade que não corresponde ao sistema de escrita que ela já venceu.

De acordo com a pesquisa realizada por Ferreiro e Teberosky (1999), constatou-se que a apropriação do sistema de escrita passa pela reconstrução deste objeto de conhecimento, onde o sujeito cria os elementos e as relações que compõem este sistema de representação. Nesta reconstrução, o sistema alfabético de escrita é uma das representações da linguagem e não uma representação gráfica dos sons da fala.

3.Práticas na educação


No que diz respeito ao trabalho desenvolvido nas escolas em relação ao desenho, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, é certo descaso com a disciplina que mais trabalha esse conteúdo a Artes como parte integrante do currículo e da formação das crianças. Os professores, em sua maioria, acreditam que o desenho nessa fase escolar não é importante e por esse motivo não planejam o trabalho envolvendo a arte em sala de aula. Mas o que foi observado durante o estudo sobre o desenho infantil e suas contribuições no processo de alfabetização, é que a arte é importante não só porque é uma forma de construir conhecimentos, é uma atividade que envolve a inteligência, o pensamento, a cognição; mas também que a arte influi na construção de conhecimentos, em especial em relação à escrita.

Luquet(1969) exemplifica como se dá o abandono da criança pela atividade do desenho, conforme sua teoria, esse desinteresse é produzido na idade em que a criança chega à concepção do realismo visual - com a sua conseqüência fundamental: a perspectiva; os desenhos que executava anteriormente de acordo com o realismo intelectual já não satisfazem o seu espírito crítico desenvolvido, e sente-se incapaz de fazer desenhos como quereria fazer. O autor afirma que o ensino do desenho deve visar não a acelerar artificialmente a evolução espontânea do desenho, mas por a criança em estado de desenhar convenientemente em realismo visual quando tenha esta intenção. Isso deve ser feito mostrando-lhes objetos de seu quotidiano e exercitando o desenho tanto quanto possível ao natural.    

Para este autor, a principal atitude do educador deve ser a de "apagar-se", deixar a criança use a sua criatividade, fazendo sempre com que estas sugestões não soem como imposições deixando-a desenhar ao seu modo, sem intervenções ou críticas.    A princípio, para a criança, o desenho não é um traçado executado para fazer uma imagem mas um traçado executado simplesmente para fazer linhas. (Luquet, 1969 pg.145)

Dessa forma, possibilitar às crianças que desenhem, ao contrário de ser perda de tempo, é propiciar-lhes representar graficamente as suas experiências, ou seja, é construir representações de forma e espaço através do desenho.

O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita. Parte atraente do universo adulto, dotada de prestigio por ser "secreta", a escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se uma diminuição da produção gráfica, já que a escrita (considerada mais importante) passa a ser concorrente do desenho.

No entanto, cabe ao professor estudar e conhecer as fases do desenho infantil e qual a relação que elas têm com os níveis de desenvolvimento da escrita, para que assim ele possa proporcionar aos alunos aulas que contribuíram tanto para o desenvolvimento artístico como o desenvolvimento do processo de aquisição da escrita. É aconselhável, ao professor, que ofereça às crianças o contato com diferentes tipos de desenhos e obras de artes, que elas façam a leitura de suas produções e escutem a de outros e também que sugira a criança desenhar a partir de observações diversas (cenas, objetos, pessoas) para que possamos ajudá-la a nutrisse de informações e enriquecer o seu grafismo. Assim elas poderão reformular suas idéias e construir novos conhecimentos. Enfim, o desenho infantil é um universo cheio de mundos a serem explorados.

O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita. Parte atraente do universo adulto, dotada de prestigio por ser "secreta", a escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se uma diminuição da produção gráfica, já que a escrita (considerada mais importante) passa a ser concorrente do desenho.

Como podemos perceber a linha de evolução é similar mudando com maior ênfase o enfoque em alguns aspectos. O importante é respeitar os ritmos de cada criança e permitir que ela possa desenhar livremente, sem intervenção direta, explorando diversos materiais, suportes e situações.

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Como referenciar: "A Importância do Desenho Infantil no Processo de Alfabetização" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 24/04/2024 às 14:13. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/desenhonaalfabetizacao/index.php?pagina=3