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Formação Continuada e o Processo de Desenvolvimento Profissional do Professor (página 2)

Conforme já abordado anteriormente, o conhecimento não é um método estático, mas dinâmico, pois surge a partir da relação contínua que se mantém com o meio social, que tem como característica fundamental a comunicação, que é manifestada e transferida.

Assim, o professor como mediador e elemento que organiza as situações da aprendizagem, a ele compete dar as condições necessárias ao aluno de "aprender a aprender", propiciando a interdisciplinaridade, construindo as devidas competências e habilidades. A ideia, então, é de que o aluno passe a desenvolver habilidades, para através delas, construir grandes competências voltadas para o mercado de trabalho e para as transformações na sociedade. Porém, segundo o filósofo Carlos Roberto Jamil Cury - "Em todo o país, há um diálogo surdo entre gestores e docentes; os gestores se distanciaram do cotidiano das escolas, passaram a trabalhar com base em estatísticas, levantamentos, e os professores responderam a isso pelo corporativismo".

De acordo com a edição de novembro da revista Nova Escola, os professores acreditam terem sido bem formados, mas confessam estar despreparados para os desafios da sala de aula, especialmente, ensinar. Na verdade, os professores, com algumas exceções, são mal recrutados. Sentem-se desprezados, mal pagos e maltratados. Os alunos que entram para fazer pedagogia na faculdade são os mais fracos (pesquisa de vestibular). Os futuros professores não aprendem direito o conteúdo e não aprendem a dar aula durante o curso. Hoje existe uma recusa em ensinar aos professores aquilo que eles devem praticar no exercício da sua profissão. Outro problema grave do professor é a resistência no uso de materiais estruturados, já que são obras que entram no detalhe de como conduzir os assuntos em sala de aula, passo a passo.

Devem-se oferecer programas de apoio pedagógico e de formação em serviço na própria rede pública. Reforçar a capacitação e as práticas escolares, enquanto se modificam os cursos de graduação. A boa notícia é que o Ministério da Educação já procura e já investe em programas de capacitação, atualização e formação superior para o aprimoramento do professor. Só que esses programas não podem ser descontinuados, como tantas vezes ocorre no Brasil, por causa de algumas resistências conservadoras ou por interesses econômicos. Essas reflexões se deram porque o trabalho docente sofre uma subtração progressiva de uma série de qualidades que conduziram os professores a uma perda de autonomia, controle, e sentido sobre o próprio trabalho.

Vive-se hoje uma desautorização da figura do professor, um dilema que precisa ser resolvido dentro da sala de aula, mediante o aperfeiçoamento dos atuais modelos pedagógicos. O professor necessita saber cientificamente porque está ensinando determinada coisa e sob determinada forma. Para isso, ele precisa de tempo e de estudo continuado. A docência vai mais além do que só dar aulas, constitui fundamentalmente da atuação profissional na prática social. Cidadãos com competência e habilidades aprendidas para ter capacidade de decidir, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular, produzindo novos conceitos a partir das teorias assimiladas e praticadas. Compreender os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua atividade docente. Saber que nada, a rigor, está acabado, e de que, especificamente o conhecimento não é dado em nenhuma instância, como algo terminado, de acordo com a visão construtivista.

Tanto as escolas como as universidades precisam buscar e entender que o sujeito constrói o seu aprendizado, para que realmente assim ocorra; O aluno age, opera, cria, constrói a partir da realidade vivida por ele e pela sociedade. Concluindo, o professor precisa desenvolver um pensamento sistêmico, no qual todas as coisas estão interligadas, relacionadas e em constante mutação. Ministrando aulas, utilizando-se da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade para relacionar o conteúdo com a realidade vivida por ele e pelos seus alunos. Estar atuando com profissionalismo ético, consciência política, para apontar novos caminhos institucionais, visando o coletivo, para o enfrentamento das novas procuras do mundo globalizado. Daí o processo de continuidade dos estudos, alcançando troca de experiências, aprofundando conhecimentos teóricos, aprendendo novos conceitos e participando ativamente na sociedade, como um inovador e estimulador de políticas pedagógicas que não levem à descontextualização e nem ao desprestígio da figura do professor, e na escola, como um facilitador do processo da aprendizagem, preparando o aluno e/ou futuro professor para uma melhor educação, promoção e autoestima social coletiva, a fim de acrescentar ao mundo em que se vive um pouco mais de respeito.

 

Todas as informações contidas nesta obra são de responsabilidade da autora.

REFERÊNCIAS


ROMANOWSKI, Joana Paulin. Formação e Profissionalização Docente. Curitiba, 2008


RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola; o transitório e o permanente na educação.   SP, Cortez, 1992.

VYGOSTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. SP, Martins Fontes, 1987.

GUAPYASSU Zilda, GUAPYASSU, Dione de Mecedo e GUAPYASSU, Denise.    Fundamentos da Educação e Didática. SP, Degrau Cultural, 2003.

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Como referenciar: "Formação Continuada e o Processo de Desenvolvimento Profissional do Professor" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 17:12. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/formacaocontinuada/?pagina=1