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O Grafite como Recurso Didático e Tema Transversal de Ensino (página 2)

Resultados
A. Respostas às entrevistas junto aos alunos

A análise das entrevistas junto aos alunos revelou dois aspectos a serem considerados:

1) a leitura e a compreensão das imagens, levando em conta o acervo memorialístico e identitário dos alunos ao discutirem os aspectos sociais nelas presentes, revelam uma relação dialogal na construção do sentido do texto (imagem), o que reflete a concepção que os sujeitos-autores (grafiteiros) e os sujeitos-leitores (alunos) têm de mundo, de seus valores, de suas crenças, enfim, de suas representações; 2) a percepção de que as relações estabelecidas entre os alunos e o espaço escolar suscitam discussões que remetem ao papel que cada ator social pode desempenhar nos espaços de convivência educacional.

Podemos perceber mediante as respostas dos alunos às perguntas da entrevista semiestruturada, que eles identificam-se com o espaço escolar quando é caracterizado de acordo com a sua realidade.

B. Respostas às entrevistas junto oas professores

Na análise das respostas dos professores, pudemos perceber que a maioria percebe o grafite como forma de expressão, mas boa parte confundiu o grafite com a pichação. Outros afirmaram que o vêem como arte ou como instrumento para a educação. Apenas uma pequena parte dos professores assumiu ter resistência à presença de grafites na escola. Essa minoria de professores não admitiu esse tipo de gênero presente na escola, pois, ao que tudo indica, não considera a linguagem, o contexto e o saber do aluno.

Notamos, por outro lado, que há um desconhecimento do gênero entre muitos professores e, por isso, uma desatenção ao grafite como possibilidade de recurso didático. Também  pudemos constatar que há um preconceito entre alguns professores quanto ao grafite, principalmente os que não são da área de humanas, por desconhecimento. Essa parcela de professores acredita que grafites e pichações são um só gênero textual.

Quase todos afirmaram não ter trabalhado com o grafite, porque não conhecem muito sobre o assunto. Os que afirmaram já terem trabalhado com o grafite de alguma forma só o fizeram com ênfase na técnica da grafitagem. Porém, todos os professores que não trabalharam com o grafite, mas que são a favor dessa escrita no ambiente escolar manifestaram interesse em conhecer e abordar o grafite como recurso didático e, por conseguinte, como tema transversal.

C. Respostas às entrevistas junto oas grafiteiros

Entre as principais considerações desta pesquisa, estão as análises das respostas às entrevistas semiestruturadas junto aos grafiteiros (sujeitos-autores de grafites). Todos os grafiteiros responderam que, para eles, o grafite contribui para a educação. De suas falas, temos: "Pode contribuir muito! Os alunos podem se interessar mais pela escola"; "Sim, se for política  preventiva, porque é uma ferramenta de prevenção também, e conhecimento do movimento".

Há certo consenso entre os grafiteiros sobre o papel social do grafite como forma de sensibilização e crítica social.

Sobre a contribuição do grafite para a educação, os aspectos levantados pelos grafiteiros, semelhantes às mensagens dos grafites encontrados em escolas públicas que consideramos como os mais relevantes, foram: 1) prevenção às pichações; 2) diminuição da violência; 3) diminuição do preconceito; 4) Educação Ambiental; 5) valorização da cultura local; 6) incentivo à prática de esportes e conhecer o movimento hip hop, conforme respostas às entrevistas. Essas respostas levam-nos a resgatar os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que contemplam a Cidadania, o Meio Ambiente e os Direitos Humanos. [3]. Esses elementos são importantes para uma educação pautada em princípios pedagógicos mais democráticos e emancipatórios.

B. Resultados e conciderações à Intervenção

Observamos, durante a realização do projeto, que os professores, ao trocarem saberes com os pesquisadores do NIEL e grafiteiros, e esboçarem seqüências didáticas, puderam realizar atividades produtivas e significativas para os alunos em sala de aula, utilizando o grafite como recurso didático e tema transversal.

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Como referenciar: "O Grafite como Recurso Didático e Tema Transversal de Ensino" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 16:04. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/grafitenapedagogia/index.php?pagina=1