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Importância do Lúdico em Sala de Aula: o Brincar e o Jogar no Cotidiano Infantil (página 2)


É sabido que a educação passa por profundas mudanças e também desafios, isto porque os alunos são cada vez mais dinâmicos e tem buscado também aulas que sejam mais atrativas e prazerosas. Além disto, as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem estão presentes em todas as instituições de ensino, o que leva os professores a terem que desenvolver metodologias diferenciadas que venham a atender a diversidade de alunos existentes e suas inúmeras necessidades. É nesse contexto que o lúdico surge como uma ferramenta capaz de proporcionar um ensino de maior qualidade e também mais prazeroso para os alunos (ALMEIDA, 2000).

Para Almeida (1995) toda aprendizagem que é acompanhada de prazer torna-se mais efetiva, isto porque aprender com alegria, faz com que a criança aprenda com maior dedicação e vontade. Mas para que isto seja feito, é preciso que na educação infantil, o lúdico seja distanciado da concepção de passatempo, de uma diversão superficial sem maiores importância no cotidiano infantil e assim sendo "[..] a educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece sempre como uma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. (ALMEIDA, 1995, p.11).

É preciso que o desenvolvimento da criança seja acompanhado desde o seu nascimento, onde será possível perceber como os jogos e brincadeiras se inserem de forma instantânea, despertando nela a fantasia, imaginação, fazendo com que ela tenha um contato diferenciado com o mundo que a cerca. Na educação inclusiva e também na exclusiva, os jogos estimulam aspectos físicos, cognitivos, permitem a socialização e interação, com pessoas e com o espaço, fazendo com que os alunos vençam suas dificuldades.

Para Santin (2001) a palavra lúdico vem de ludus (latim), que significa "jogo", mas que em latim significava diversão. Já nos dicionários há diferentes tipos de definição, mas em geral, também relativos ao jogo, o que faz com que essas duas palavras sejam, muitas vezes utilizadas como sinônimos. Isto faz crer que para que o professor leve o lúdico para a sala de aula, em forma de jogos e brincadeiras, ele também precisa ter vivenciado essas situações quando criança, pois somente assim irá valorizar esses momentos.

Nota-se que são diferentes tipos de jogos e brincadeiras que podem proporcionar formas diferentes de aprendizagem a criança e que também podem ligar-se aos conteúdos trabalhados, portanto, cabe ao professor selecionar aquelas atividades que mais condizem com as características de seus alunos e com a faixa etária dos mesmos.

O uso de jogos e brincadeiras em sala de aula pode auxiliar as crianças a explorarem o mundo que as cerca, a construir novos conhecimentos e a motivar-se para sua aprendizagem. É importante lembrar, porém, que esses jogos e brincadeiras devem ser incorporados ao cotidiano escolar, tratados não como uma forma de relaxamento, recreação, onde simplesmente busca-se gastar as energias da criança, mas como uma fonte de conhecimentos, de auxílio a aprendizagem de conteúdos, onde as crianças encontram possibilidades diferenciadas de interpretar e de interagir com as pessoas, objetos, culturas, conhecimentos, emoções, entre outras questões (KISHIMOTO, 2006).

Para Kishimoto (2006) quando brinca a criança também se sente desafiada, ela vai além do seu comportamento habitual, busca compreender problemas, tem desafios a serem superado, e interage melhor com sua realidade, dessa maneira "o lúdico possibilita o encontro de aprendizagens, é uma situação comportamental de forte potencial simbólico que pode ser fator de aprendizagem" (BROUGÉRE, 1998, apud KISHIMOTO, 2006, p.10).

Roloff (2016, p.08) indaga que "se já fomos capazes de entender o quanto o lúdico é importante em nossas vidas, porque continuamos resistindo [...] não permitindo que a brincadeira torne tudo tão mais fácil, acessível e significativo?", ou seja, é preciso que os próprios professores busquem mais conhecimento e também qualificação para que possam levar o lúdico para a sala de aula, beneficiando os alunos e o processo de ensino e aprendizagem como um todo.

A participação do professor é de suma importância nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem infantil, pois o professor que irá selecionar as atividades, jogos e brincadeiras que farão parte da aula e que poderão auxiliar na aprendizagem e desenvolvimento das crianças e dessa forma:

[...] no processo de educação também cabe ao mestre um papel ativo: o de cortar, talhar e esculpir os elementos do meio, combiná-los pelos mais variados modos para que eles realizem a tarefa de que ele, mestre, necessita. Deste modo, o processo educativo já se torna trilateralmente ativo: é ativo o aluno, é ativo o mestre, é ativo o meio criado entre eles. (BAQUERRO, 2000. p. 27)

Portanto, o professor deve ser alguém que compreende o que é o lúdico, de que forma ele pode ser inserido no cotidiano infantil e como esses jogos e brincadeiras podem servir como uma ferramenta de aprendizagem, que leva a criança ao desenvolvimento de habilidades, ao contato com sua cultura, a socializar-se e interagir com os colegas e com o meio em que vivem e assim, a ter um desenvolvimento integral.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Brincar e jogar é algo que faz parte da vida de praticamente todos os seres humanos e são atividades presentes na história da humanidade. Tal fato não pode ser negligenciado pela escola, ao contrário, diversos estudos têm demonstrado que através de jogos e brincadeiras, o lúdico pode fazer parte da aprendizagem e do desenvolvimento infantil, proporcionando um ambiente escolar muito mais aconchegante e uma aprendizagem mais prazerosa, para que criança se torne um adulto saudável e capaz de exercer sua cidadania.

Nesse sentido, os professores e educadores em geral precisando lançar um olhar diferenciado sobre o lúdico, especialmente quando se fala de jogos e brincadeiras na educação infantil, isto porque são atividades que não podem ser vistas como mero passatempo, mas como ferramentas de estímulo a aprendizagem do aluno, que podem ligar-se a diversos tipos de conteúdos e ao desenvolvimento de habilidades e competências nas crianças. A adequação a faixa etária e as características dos alunos é algo imprescindível para o sucesso do uso de jogos e brincadeira, de forma que através desses momentos haja prazer, descontração e aprendizagem.

Assim, brincar e jogar são vistos como uma necessidade básica e fundamental para qualquer indivíduo, da mesma forma que é a alimentação, educação, etc. utilizando seus recursos positivos para promover o desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, ajudando na construção de conceitos, no relacionamento e desenvolvimento de ideias, estabelecendo relações lógicas, desenvolvendo a expressão oral e corporal, reforçando habilidades sociais, reduzindo a agressividade e promovendo a integração do indivíduo na sociedade, além de possibilitar a construção de seus próprios conhecimentos, capazes de assumir e adaptar as transformações e modificações do meio.

REFERÊNCIAS BILBIOGRAFICAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.
BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
BARANITA, Isabel Maria da Costa. A importância do jogo no desenvolvimento da criança. Relatório de Pesquisa Bibliográfica apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação na especialidade da Educação Especial e domínio Cognitivo e Motor conferido pela Escola Superior de Educação Almeida Garrett. Lisboa, 2012.
FREINET, Célestin. A educação do trabalho. 1 ed. São Paulo-SP: Martins Fontes, 1998.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, crescer e aprender - o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MATUSHITA, Cíntia Kemi Saito; MENDES, Deise Márcia. Jogos e brincadeiras na educação infantil. 2007. Disponível em scielo.org.br. Acesso em 05 de janeiro de 2016.
MOYLES, Janet. A excelência do brincar. Porto Alegre: Art Med, 2006.
ROLOFF, Eleana Margarete. A importância do lúdico em sala de aula. Disponível em <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/Xsemanadeletras/comunicacoes/Eleana-Margarete-Roloff.pdf>. Acesso em 02 de janeiro de 2016.
SANTIN, Silvino. Educação Física: educar e profissionalizar. Porto Alegre: EST, 1999.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Educação, arte e jogo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
TUBINO, Lidiane Dias. O lúdico na sala de aula: problematizações da prática docente na 4ª série do Ensino Fundamental. Trabalho e Conclusão Apresentado ao curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010.
WADSWORTH, Barry. Inteligência e afetividade na teoria de Piaget. São Paulo: Pioneira, 1977.

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Como referenciar: "Importância do Lúdico em Sala de Aula: o Brincar e o Jogar no Cotidiano Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 09:11. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/importancialudico/index.php?pagina=1