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As Dificuldades da Escola Perante a Inclusão Escolar (página 2)

Desenvolvimento

Os caminhos até então percorridos para que a escola brasileira acolha a todos os alunos, indistintamente, têm se chocado com o caráter eminentemente excludente, segregativo e conservador do nosso ensino, em todos os seus níveis: básico e superior, de acordo com Silva (2000).

Na proposta revolucionária de incluir todos os alunos em uma única modalidade educacional, o ensino regular tem encontrado outras barreiras, entre as quais se destaca a cultura assistencialista/terapêutica da Educação Especial.

É inegável que, por estarem pautadas para atender a um aluno idealizado e ensinando a partir de um projeto escolar elitista, meritocrático e homogeneizador, nossas escolas produzem quadros de exclusão que têm, injustamente, prejudicado a trajetória educacional de muitos estudantes.

A situação tem se arrastado pelo tempo e tem perpetuado desmandos e transgressões ao direito à educação e a não discriminação. Grande parte das vezes, isso ocorre por falta de um controle efetivo dos pais, das autoridades de ensino e da justiça em geral sobre os procedimentos das escolas para ensinar, promover e atender adequadamente a todos os alunos.

O sentido dúbio da Educação Especial, acentuado pela imprecisão dos textos legais que fundamentam os planos e propostas educacionais, tem acrescentado a essa situação outros sérios problemas de exclusão, sustentados por um entendimento equivocado dessa modalidade de ensino.   Ainda é difícil distinguir a Educação Especial tradicionalmente conhecida e praticada da sua nova concepção, quando presente no ensino escolar e complementar à formação dos alunos com deficiência: o atendimento educacional especializado. No entanto, desde 1988, a Constituição Federal já prescrevia esse atendimento, que é uma das garantias de inclusão escolar para os alunos com deficiência.

Por esses e outros sérios entraves, os caminhos educacionais estão se abrindo, à custa de muito esforço e da perseverança de alguns, diante da resistência de muitos. Às vezes as pessoas travam-se por uma ou outra situação que impedem o desenvolvimento de iniciativas visando à adoção de posições/medidas inovadoras para a escolarização de alunos com e sem deficiência, nas escolas comuns de ensino regular e nas que oferecem serviços educacionais especializados.

Contudo, é inegável que estamos no tempo das diferenças e que a globalização tem sido mais do que uniformizadora, pluralizante, contestando as antigas identidades essencializadas. Temos o direito de ser, sendo diferentes, e como nos afirma Pierucci (1999), se já reconhecemos que somos diferentes de fato, a novidade está em querermos ser também diferentes de direito.

No desejo de assegurar a homogeneidade das turmas escolares, destruíram-se muitas diferenças que consideramos valiosas e importantes hoje, nas salas de aula e fora delas. Certamente as identidades naturalizadas dão estabilidade ao mundo social, mas a mistura, a hibridização, a mestiçagem as desestabilizam, constituindo uma estratégia provocadora, questionadora e transgressora de toda e qualquer fixação da identidade (SERRES, 1993, p.45).

Ocorre que as identidades fixas, estáveis, acabadas, próprias do sujeito cartesiano unificado e racional estão em crise (HALL, 2000) e a ideia de identidades móveis, voláteis é capaz de desconstruir o sistema de significação excludente da escola atual, com suas medidas e mecanismos arbitrários de produção da identidade e da diferença.

 Embora haja problemas com a igualdade e diferença no sentido de se perceber de que lado nós estamos, quando defendemos uma ou outra (dado que essa bipolaridade tem nos levado a muitos paradoxos), há uma firme intenção e propósito de privilegiar a diferença na perspectiva da máxima proferida por Santos (1999, p.67):"temos o direito à igualdade, quando a diferença nos inferioriza, e direito à diferença, quando a igualdade nos descaracteriza!"

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Como referenciar: "As Dificuldades da Escola Perante a Inclusão Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 17:23. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/incluescolar/index.php?pagina=1