Processos Interativos na EaD: Mediação Pedagógica Através das TICs (página 2)

A escolha por este tema de investigação partiu dos estudos sobre interação social, baseados em Vygotsky, da constatação da eficácia das relações humanas positivas na Educação e da experiência atual como aluno, professor-tutor e coordenador pedagógico de cursos a distância.

Optou-se por uma metodologia de pesquisa qualitativa, pois ela permite um enfoque mais individualizado, específico e compreensivo de uma dada realidade, na concepção de Chizotti (2001).

Ao partir da problematização deste estudo, procedeu-se a uma pesquisa de campo, em que foram considerados o contexto e as informações das pessoas envolvidas no problema. Foram utilizados, como procedimentos ou técnicas de pesquisa, além do estudo teórico, a observação de salas de encontro presencial do pólo de EaD da ULBRA em Ubá (MG) e aplicação de questionários a alguns alunos, professores-tutores e a coordenadora pedagógica da instituição.

2. Concepção Vygotskiana da Aprendizagem

Lev Semionovitch Vygotsky nasceu em dezessete de novembro de 1896, na cidade de Orsha, e faleceu aos 38 anos, em Moscou, vítima de tuberculose. De origem judaica, Vygotsky cresceu em um ambiente financeiramente estável, fator que justifica a ampla formação acadêmica adquirida, contribuindo para o desenvolvimento, por parte do psicólogo, de estudos em diversas áreas do conhecimento.

A esse respeito, é possível afirmar sobre Vygotsky que

sua precoce curiosidade por temas de diferentes campos do conhecimento tenha sido provocada, no início, pelo acesso que tinha, no seu contexto familiar, a diversos tipos de informações. (REGO, 2008, p. 20).

O contexto histórico da época era o do pós-Revolução Russa (1917), claramente marcado por uma efervescência intelectual que favoreceu o pensamento inovador nas ciências. Tal cenário político-social influenciou os estudos vygotskianos, que se intensificaram a partir 1924 e foram caracterizados pela tentativa de revolucionar, a partir de uma visão sócio-interacionista, os estudos de Psicologia sobre o desenvolvimento humano. Esta ciência, até então, encontrava-se dividida entre duas abordagens gerais: o inatismo, e o ambientalismo, conforme Rego (2008).

Segundo a perspectiva inatista, as capacidades individuais, tais como personalidade, potencial, valores, comportamentos, formas de pensar e conhecer, se encontrariam pré-determinadas desde o nascimento. Caberia ao amadurecimento individual o despertar daquelas capacidades. O ambientalismo, também conhecido como Behaviorismo, por sua vez, sugere que o desenvolvimento humano ocorreria devido a ação de fatores externos ao homem. Tais determinantes seriam oriundos do ambiente, meio em torno do próprio ser humano, e favoreceriam o condicionamento do indivíduo. (PAULA; MENDONÇA, 2009).

O motivo da denominação "sócio-interacionista", ou "sócio-histórica", à concepção vygotskiana do desenvolvimento humano é apresentado através da afirmação de que

o homem constitui-se como tal através de suas interações sociais, portanto, é visto como alguém que transforma e é transformado nas relações produzidas em uma determinada cultura. [...] ocorre [...] uma interação dialética que se dá, desde o nascimento, entre o ser humano e o meio social e cultural que se insere. (REGO, 2008, p. 93).

O caráter interdisciplinar dos estudos de Vygotsky, sempre embasados em diferentes áreas do conhecimento, favoreceu a elaboração de uma teoria que considerasse a complexidade do ser humano. Este, segundo o psicólogo, estaria inserido em um grupo social e, portanto, cultural, que influenciaria a formação da personalidade do indivíduo. (VYGOTSKY, 2000).

Um termo muito utilizado por Vygotsky foi a cultura. Esta seria compreendida como o conjunto de valores, conhecimentos, hábitos, tradições, instrumentos e símbolos criados por um povo ou grupo social ao longo da própria história. A aquisição de toda esta experiência humana por parte do sujeito se daria de modo ativo, o que conferiria a ele este mesmo caráter. (Ibid.).

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