Você está em Artigos

Os Novos Paradigmas da Inclusão (página 2)

A LDB prevê que, quando necessário, haverá serviço de apoio especializado para atender ao educando com necessidades especiais. Diante disso, perguntamo-nos: quando é necessário haver um apoio especializado? Qual escola pública do Rio Grande do Sul que dispõe de profissionais capacitados ou especializados para trabalhar com esta nova modalidade de ensino? Qual professor se sente preparado para receber um aluno com paralisia cerebral, surdez, ou que não enxerga?

Ainda são recentes as mudanças educacionais no Brasil, e, em especial, a busca pela qualidade da educação e a implantação de novas modalidades de ensino. Por isso, não podemos exceder-nos nas críticas contra os sistemas federal, estadual e municipal de ensino. Acreditamos que a educação inclusiva vai além da transferência dos alunos de escolas especiais para escolas regulares, como um depósito, ou uma forma de o poder público livrar-se de gastos extras, aglutinando funções e levantando a bandeira de liberdade e democracia.

Sabemos que estamos apenas no início de uma longa caminhada pela busca da excelência da educação no Brasil.  A educação especial representa um novo rumo para a sociedade, trazendo um novo paradigma de educação, derrubando barreiras do preconceito e ascendendo uma cultura democrática de valorização humana.

Segundo Carvalho 2003, p. 149:

A proposta da educação inclusiva não representa um fim em si mesma, como se, estabelecidas certas diretrizes organizacionais, a escola melhorasse, num passe de mágica. Muito mais do que isso, pretende-se, a partir da análise de como tem funcionado o nosso sistema educacional, identificar as barreiras existentes para a aprendizagem dos alunos, com vista às providências políticas, técnicas e administrativas que permitam enfrentá-las e removê-las. Pretende-se identificar processos que aumentem a participação de todos os alunos, reduzindo-lhes a exclusão na escola e garantindo-lhes sucesso em sua aprendizagem, além do desenvolvimento da autoestima.

O objetivo principal da educação inclusiva é reduzir ao mínimo a exclusão social através da escola. Mas ao mesmo tempo em que a escola é apaziguadora das diferenças e de preconceitos sociais, ela também é, de certa forma, disseminadora desses preconceitos. A avaliação escolar é uma forma de rotular e diferenciar os capazes e os incapazes. Isso, numa turma de alunos mais ou menos homogênea. Imaginemos, agora, uma turma de alunos com dois educandos portadores de necessidades especiais, que, possivelmente, terão resultados diferenciados no seu crescimento cognitivo. Como agir diante dessa situação, já que a avaliação escolar formativa ou somativa ainda é a única forma de verificar o rendimento da aprendizagem do aluno durante um certo período letivo?

Reconhece-se que há muito a ser discutido, analisado, testado e implantado, para que a educação especial e a melhoria da qualidade da educação no Brasil sejam alcançadas. Como educadores conscientes da nossa importância na melhoria da qualidade do ensino, precisamos acreditar na longa caminhada. Se olharmos para trás, veremos as melhoras e as conquistas que o nosso país tem alcançado nas últimas décadas. Isso não significa conformismo, e sim, esperança para continuar.


Referências:

CARVALHO, Rosita Edler. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. Ed.  Mediação,  Porto Alegre, 2003


BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996

 

Clique aqui para avaliar este artigo

Voltar para seção de artigos

Anterior  

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Os Novos Paradigmas da Inclusão" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 10:02. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/novosparadigmas/index.php?pagina=1