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Parece, mas não é. (página 2)


Ao contrário de Ribeiro, Teixeira (1900-1971), personagem central na história da educação no Brasil e difundidor dos pressupostos do movimento da Escola Nova, defendeu a ideia de que a Administração Escolar e Administração de Empresas são completamente opostas.

Há que se ressaltar que Teixeira trouxe para o campo da Administração Escolar uma relevância importante, não somente pela falta de estudos ligados a esta área, mas também o descaso com a formação de professores que pudessem assumir a função de administrador.

Nas palavras do autor:

E, é comum, entre nós, pensar que aquilo que não se aprende senão em muitos anos, não se precisa aprender. Daí, não se precisar de preparar o administrador. O Brasil é talvez um país dos mais excepcionais neste assunto. Não me consta que os administradores se preparem no Brasil. Parece que não há administração no Brasil no sentido real de algo que se possa aprender e, muito menos, em educação, onde, ao que parece, nunca houve busca de administradores para as escolas. Qualquer pessoa pode dirigir as escolas. Qualquer pessoa pode administrar o ensino. É evidente que o país acha que para isso não é preciso preparo. (TEIXEIRA, 1961, p. 86).

Ou seja, o autor defende que a Administração Escolar opõe-se à Administração empresarial. A "administração da fábrica" é aquela em que "a função de planejar é suprema e a função de executar, mínima?, enquanto a administração escolar "é aquela na qual o elemento mais importante não é o administrador, mas o professor [...]." (TEIXEIRA, 1961, p. 45).

De acordo com o pensamento de Teixeira, a Administração Escolar tem por fonte o ensino e a classifica como função subordinada, pois, "da célula classe, onde está o professor realizando a obra completa de educação, saem às três grandes especialidades da Administração Escolar: o administrador da escola, o supervisor do ensino e o orientador dos alunos". (TEIXEIRA, 1964, p. 15 - 16).

Nesse particular, Teixeira sublinha a natureza da Administração como função "subordinada" à tarefa educativa, cuja eficiência é determinada pela relação professor-aluno. Assim, para ele, o administrador escolar não é "um capitão, mas um mediador-inovador", alguém comprometido com a coordenação da "equipe de peritos de certo modo mais responsáveis do que ele próprio pelo produto final da escola ou do ensino" (TEIXEIRA, 1964, p. 15 - 16).

Enfim, segundo Teixeira, duas razões tornariam a administração desnecessária: "professores perfeitos e escolas pequenas [...], ou conjunto de leis tão eficientes que a cada um só seja necessário cumprir o que está escrito" (TEIXEIRA, 1961, p. 45).

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Como referenciar: "Parece, mas não é." em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 20/04/2024 às 07:17. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/parece_mas_nao_e/index.php?pagina=1