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Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações (página 2)

2 JEAN PIAGET (1896 -1980) - BREVE HISTÓRICO


O período no qual Piaget desenvolve seus trabalhos é marcado pela forte influência dos estudos em psicologia, os quais se destacavam devido as concepções de tendências behavioristas, Gestalt e a psicanálise. Na corrente behaviorista, esta corrente, segundo Palangana (2001, p. 17), "[...] reduz o homem à sua simples condição de animal, considerando-o como qualquer outro organismo vivo". Acrescenta ainda que:

O behaviorismo negligencia a capacidade de simbolização humana, tal como esta se manifesta no comportamento intelectual, emocional, linguístico etc. Privilegiando as condições exógenas, esses teóricos acreditam que o conhecimento é o resultado direto da experiência (PALANGANA, 2001, p. 17).

Portanto, aos behavioristas interessava o produto da aprendizagem, na tentativa de formular leis gerais que pudessem servir para controlar o comportamento.

Com relação a Gestalt, considerada a teoria da forma, esta se caracteriza por defender que a análise comportamental não pode ser explicada baseando-se na associação estímulo/resposta. Apesar da proximidade entre as ideias de Piaget e a Gestalt, no que se refere a natureza epistemológica, a distância se dá por preocupações opostas na questão do processo de conhecimento.

A concepção psicanalítica defende que, o inconsciente tem um papel fundamental na compreensão do desenvolvimento e funcionamento da personalidade humana. Assim como Piaget, a psicanálise também discorda da psicologia associacionista.

Além destas concepções psicológicas, da época, haviam outras que não possuíam representatividade significativa, mas acabavam fazendo parte de uma determinada perspectiva psicológica pois, neste período, marcado por uma divisão da comunidade científica, se pensava a partir de duas perspectivas: a inatista e a ambientalista.

Alguns estudiosos, orientados pela filosofia idealista, desenvolviam uma psicologia descritiva de caráter inatista, onde os fatores endógenos são privilegiados e, portanto, onde o sujeito se impõe sobre o objeto, levando a crer que o ambiente tem um papel bastante limitado sobre a trajetória de vida do indivíduo.

O outro grupo, comprometido com a epistemologia positivista, investia numa psicologia que se propunha a estudar com precisão e explicar pela causalidade os fenômenos psíquicos elementares, caindo no outro extremo - o ambientalismo -, onde
o objeto se impõe ao sujeito. É, pois, nesse cindido que Piaget se insere e constrói sua teoria psicogenética (PALANGANA, 2001, p. 18).

Licenciou-se em Ciências Naturais pela Universidade de Neuchâtel, em 1915, e, três anos mais tarde concluiu o doutorado, cuja tese tratava de um estudo sobre os moluscos da região de Valois, na Suíça.

Ao sair de sua cidade natal, Piaget foi estudar psicologia com Bleuler , em Zurich e trabalhou nos laboratórios da G.E. Lipps e Wreschner, com psicologia experimental, o que, segundo Palangana (2001, p.14) "contribuiu para firmar suas convicções sobre a importância da psicologia experimental na constituição da epistemologia do conhecimento humano".

 Depois de Zurich Piaget se instala em Paris, permanecendo por dois anos na Universidade de Sorbonne, dedicando-se aos estudos de Filosofia com Lalande  e trabalhando também, junto com Binet e Simon na padronização de testes de inteligência.

Jean Piaget, ainda adolescente, estudou Filosofia, interessando-se principalmente pela obra de Bérgson , Lógica e Religião, fazendo-o despertar interesse pela epistemologia como parte da filosofia, estabelecendo relação com o estudo do conhecimento.
 
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Como referenciar: "Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 17:37. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/piaget_e_o_desenvolvimento_cognitivo/index.php?pagina=1