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A Importância do Estudante na Construção do Projeto Político Pedagógico (página 2)

Quando se perguntou aos professores se era importante a participação dos pais e dos alunos na elaboração do PPP, todos os professores afirmam que estes deviam participar, concordando serem estes membros colaboradores do processo educativo e percebendo estes como membros da escola. Todavia quando perguntamos aos pais de sua participação na elaboração do projeto, já existente, a resposta foi unânime: não participamos. O número de pais entrevistados foi num total de 20, dos quais, seis pais alegam que ouviram falar, porém não sabem o que é, outros seis nunca ouviram e os demais desconhecem por completo. Diante da pergunta de como eles gostariam que fossem a escola do seu filho, somente três disseram estar insatisfeito, os demais acham a escola muito boa. 

Apesar da maioria dos pais acharem a escola muito boa, percebe-se que estes se referem ao processo educacional de seus filhos, como se esta fosse alheia a sua vontade, sendo obrigação da escola educar, inclusive algumas das reclamações dos professores é a não participação dos pais nas atividades da escola. Dessa forma é preciso que a escola, como mentora e sociabilizadora do conhecimento, passe a envolver a comunidade nas atividades escolares para que estas se sintam parte da formação de seus filhos.

Em entrevistas com os pais, um dos apelos da comunidade é que a escola trabalhasse temas que envolvam mais o cotidiano de seus filhos: como drogas, prostituição infantil, pedofilia, violência etc., e que eles pudessem fazer parte desse processo para continuar a orientação em casa, e se isto fosse ouvido pelos dirigentes da escola poderia fazer parte do PPP da mesma.

2. O estudante: como ele é visto

Pensar o estudante a partir da premissa de como ele é visto na escola por parte da direção e do corpo docente é informação valiosa para reflexão de mudanças dentro do ambiente escolar. Durante o estágio percebemos como os alunos são vistos por seus professores, pela equipe pedagógica e o motivo da não participação dos mesmos na construção do projeto político pedagógico.

A partir da observação no cotidiano escolar percebemos que alguns profissionais que atuam na formação dos estudantes, não dão a devida importância para os pensamentos dos mesmos. Esta afirmação pode ser evidenciada na fala de alguns professores e da pedagoga quando perguntamos da participação do educando no P.P.P e estes afirmaram que por serem ainda crianças, não tem vontade própria e por isso não podiam opinar.

Como transformar a escola em um espaço de mudanças, se não é permitido que os sujeitos envolvidos no processo de construção do P.P.P sejam parceiros nesta construção? Se eu vejo o outro como um ser incapaz?

Em muitas situações o Projeto da escola enfatiza uma educação baseada no diálogo, possibilitando que o educando possa se expressar, tornando-o um ser crítico diante da realidade que o cerca. Mas o que está posto no papel nem sempre acontece, há uma grande distância entre o vivido e o falado. Dentro da perspectiva da educação libertadora acredita-se que o educando deve participar deste processo, tendo oportunidade de expressar-se com autonomia, transformando, assim, sua realidade. De acordo com Luckesi (1994, p. 64) "a educação libertadora [...] questiona concretamente a realidade das relações do homem [...] com os outros homens, visando a uma transformação, daí ser uma educação crítica".

Ao chegar à escola, segundo algumas pesquisa, os estudantes se mostram tímidos, inseguros, num primeiro momento, e as vezes se sentindo incapazes, pois já internalizaram o que ouvem diariamente em casa, expressões como: - Você não é capaz; você não aprende nada. É uma lista interminável de falas e que causam impacto na vida dessas crianças no contexto escolar.

A criança da escola investigada, em sua maioria, tem os pais ausentes na sua formação, por passarem o dia fora trabalhando, por não ter as condições necessárias econômicas e psicológicas, até por não terem também formação, sendo assim a maioria dos pais delegam à escola a educação dos seus filhos. Não estamos generalizando, mais isso é uma realidade nos dias atuais.

A escola tem um papel importante na vida do educando, bem como o professor que está diariamente com eles. Quando o aluno é bem acolhido no espaço escolar pelo professor e pela escola, essas relações podem possibilitar grandes experiências que facilitem a aquisição e construção de novos conhecimentos, servindo de base para uma sólida formação pessoal e social.

Não basta ver o educando como uma pessoa desinteressada ou indisciplinada, é necessário reconhecer e ver no mesmo um ser que pensa, sente, buscando compreender o contexto em que ele vive. O professor precisa saber as causas que levam as crianças agirem de determinada forma e assim, criar soluções em que o educando se perceba como um ser capaz.

Quando o professor está aberto ao diálogo, o aluno sente-se mais seguro e valorizado. A partir do momento que o educando se sente a vontade para falar, sabendo que será respeitado pelo professor se sentirá motivado a participar sempre. Sobre essa afirmação comenta, Fonseca (2006, p. 104). "O diálogo é a arte de ser ensinada e praticada, a comunicação pode ser entendida como elemento norteador da educação para romper com sentimentos inibidores, que impedem o aluno a se aproximar do professor".

Se a prática do professor for marcada por uma relação autoritária em que o diálogo não faz parte do processo de aprendizagem, estar-se-á formando pessoas passivas e com medo de se expressarem.

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Como referenciar: "A Importância do Estudante na Construção do Projeto Político Pedagógico" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 10:34. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ppp/?pagina=1