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Recursos Tecnológicos e Educação: Amplitude de Possibilidades (página 3)

2.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO COMO MEIO DE  FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES À DISTÂNCIA

Um dos maiores desafios na educação é o enfrentamento da expansão da informação, perante a emergência de um tipo de sociedade que parece compatibilizar a produção de enorme quantidade de informações com o massivo uso de tecnologias eletrônicas em rede. Surgem novas formas de ensinar, de aprender e de construir o conhecimento. Nesse contexto, na área de capacitação de professores, o Ministério da Educação e Cultura formulou e passou a implementar uma política educacional pautada pelo objetivo de valorização do magistério. Dentre as várias ações propostas com esse objetivo, destaca-se  a capacitação de professores por meio da educação à distância.

A Secretaria de Educação a Distância - SEED representa a clara intenção do atual governo de investir na educação a distância e nas novas tecnologias como uma das estratégias para democratizar e elevar o padrão de qualidade da educação brasileira. São mais de quinze programas e projetos. Dentre os vários programas e projetos que já estão em andamento destacam-se: o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) cuja atribuição principal é a de introduzir o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas da rede pública, além de articular as atividades desenvolvidas sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs); Mídias na Educação é um programa a distância, com estrutura modular, com o objetivo de proporcionar formação continuada para o uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da comunicação - TV e vídeo, informática, rádio e impresso; O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem como prioridade a formação de professores para a Educação Básica. Para atingir este objetivo central a UAB realiza ampla articulação entre instituições públicas de ensino superior, estados e municípios brasileiros, para promover, através da metodologia da educação a distância, acesso ao ensino superior para camadas da população que estão excluídas do processo educacional;  O e-ProInfo é um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem que utiliza a Tecnologia Internet e permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem; O Pró-licenciatura tem por objetivo a oferta de vagas para cursos de licenciatura, na modalidade a distância, nas áreas de maior carência de professores para a educação básica por meio de assistência financeira a Instituições de Ensino Superior públicas, comunitárias e confessionais (MEC, 2009). Além desses projetos, são muitas outras ferramentas à disposição do professor para continuar sua formação.

Há considerada demanda por ensino em todos os níveis, inclusive, profissionalização da mão-de-obra, disposta ao mercado de trabalho, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/1996), em seu Art. 80, assim preconiza: "O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada".

Segundo Garcia Aretio (1994), a Educação a Distância é um processo educativo que se apóia na comunicação bidirecional, promovendo a participação e a satisfação de uma gama ampla de aspirações dos alunos, mediante textos impressos e eletrônicos, telemática, tutoria, atuando com eficiência e eficácia, a fim de atender às necessidades conjunturais da sociedade e da população dispersa geograficamente. A EAD, no cenário das grandes mudanças, é uma estratégia metodológica alternativa para um grande contingente populacional, fora da forma tradicional de ensino. Apesar da comunidade educativa ainda manifestar atitudes de reserva quanto à modalidade de EAD, muitos pesquisadores afirmam que o futuro da educação é a teleducação. O processo de internacionalização da economia, da comunicação e das informações está exigindo reconstruções teóricas radicais no campo da educação. Com o processo de globalização, emerge a necessidade de um novo tipo de associação entre educação e trabalho.

Segundo Martins (1991), "como modalidade alternativa, a educação a distância contribui para a construção de um marco de emancipação coletiva, e oferece possibilidades permanentes de ampliação da cultura sobre os diversos setores da vida humana. Num país como o Brasil, extenso em território geográfico e extremamente carente em educação, o ensino universitário continua sendo privilégio das elites". Há que se pensar em políticas públicas que atendam a todos, para que os antigos excluídos da escola tradicional não sejam os mesmos da escola transformada em mercado aberto.

Outro desafio da educação à distância é a questão da interatividade que tem uma consequência importante no processo geral de aprendizagem.
Como define Garcia Aretio (1994):

A educação a distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na sala de aula, entre professor e aluno como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível.

 A aprendizagem pode ser interrompida pelo professor ou pelo próprio aluno em cada sequência interativa. Mas, por outro lado, o computador não contesta e nem pune, o que torna a aprendizagem mais prazerosa.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem é um espaço social e virtual na Web, de interações, de trocas de conhecimentos, de desenvolvimento de condições, estratégias e intervenções para melhorar o processo de aprendizagem, numa linguagem hipermídia, cujos processos interativos entre participantes são auxiliados pela interface gráfica (PRADO, 2002). Esse novo espaço vai além de uma simples apropriação de conteúdos. O aprender depende do  esforço  que levará o aprendiz a caminhar em seu processo de formação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O perfil profissional demandado pelo setor produtivo não é diferente do perfil profissional do processo educacional. Conhecimentos tecnológicos, domínio dos processos produtivos e qualidades pessoais, com níveis adequados de criatividade, qualidade, produtividade e desenvolvimento pessoal e emocional, fazem parte dos itens fundamentais do perfil do educador para essa geração. No contexto atual, o novo paradigma da educação está na ênfase de educar centrado no crescimento pessoal e coletivo, na busca de uma autoconsciência e da visão ecológica, na autonomia para a vida e nas competências conscientes, conforme citam os autores nos textos acima.  Os professores não podem ser, simplesmente, aprendizes de técnicas. Para dar conta de um aluno integrado numa nova era, relacional, apto a viver em ambientes informatizados, conscientes ecologicamente e críticos no seu papel social num mundo sem as antigas fronteiras geográficas e de conhecimento, o professor precisa ir muito além do que aprender a manusear um computador. A prática do professor deve expressar a articulação entre os interesses/necessidades dos alunos, o contexto/real e a intencionalidade pedagógica, por meio da criação de situações que possam favorecer o processo de construção do conhecimento do aluno. Isto significa que a prática do professor deve ser orientada por uma pedagogia relacional e complexa compatível com as características da sociedade do conhecimento e da tecnologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). LDB: Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9.394, de 1996. Brasília: Senado Federal, Secretaria
Especial de Editoração e Publicação, 1997.

_____. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria. http://portal.mec.gov.br/seed/. Acesso em 05/02/2009.

GARCIA ARETIO, L. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED, 1994.


MARTINS, O. B. A educação superior a distância e a democratização do saber. Petrópolis: Vozes, 1991.


MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. Papirus, 2007, p. 101-111


_____. Ensino e aprendizagem inovadora com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: Moran, José Manuel, MASETTO, Marcos Tarciso, BEHRENS, Marilda A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 8. ed. Campinas : Papirus, 2004. p. 11-63.
 www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm . Acesso em 06/02/2009.

_____.A integração das tecnologias na educação. In: www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm.  Acesso em 02/12/2008.

PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. Educação a distância: os ambientes virtuais e algumas possibilidades pedagógicas. PGM 3 - EaD: integrar saberes e tecer redes. Disponível em: www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/te/tetxt3.htm. Acesso em: 05/02/2009.

SOUZA, Mauro Wilton de Souza. Comunicação e Educação: Entre meios e mediações. In: Cadernos de Pesquisa. Março, 1999, n.106. Fundação Carlos Chagas: Autores Associados. São Paulo.

VALENTE, José Armando. O computador como ferramenta educacional. Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/publicacoes/separatas/sep4.pdf> Acesso em 03/02/2009.
_____. Computadores e Conhecimento: Repensando a Educação. Campinas : Nied, 1995. p. 21-76. VEIGA, Marise Schmidt. Computador e Educação? Uma ótima combinação. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em foco. Petrópolis - RJ, 2001. Disponível em : <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/ineud01.htm> Acesso em: 03/02/2009.

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Como referenciar: "Recursos Tecnológicos e Educação: Amplitude de Possibilidades" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 16:49. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/tecnologia/index.php?pagina=2