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Vivemos em um mundo em que conflitos têm como fonte a diferença?

Autor: Dener José Datti
Data: 25/09/2014

    A afirmação: "Vivemos em um mundo em que conflitos têm como fonte da questão a diferença" é bastante questionável, se me permitem a análise do âmago da questão. Não acredito que a fonte de conflitos seja a diferença, mas acredito que a diferença seja usada como meio para justificar determinados conflitos.
   Podemos questionar a história do cristianismo, por exemplo. O império romano perseguia os cristãos alegando suas diferenças mas, na realidade, temia uma rebelião contra o império. A partir do momento que grande parte do povo romano começou a migrar para o campo, a arrecadação de impostos caiu e Roma começou o seu declínio. Então Constantino (meados de 370 d.C.) adotou o cristianismo, a fim de uma volta do povo "pagão" para Roma, decapitando e perseguindo pessoas que fugissem de Roma, alegando, como álibi, a diferença entre cristianismo e paganismo. Esse foi o quadro ficou historicamente registrado como o Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C. pelo imperador Constantino II.
   O que formam os conflitos em geral não são as diferenças, dentro da minha visão, mas sim os interesses. O homem evoluiu nestes últimos séculos tecnologicamente, cientificamente, socialmente, porém não houve evolução moral nem ética. O homem de hoje age eticamente igual ao homem antigo. Tivemos evoluções na configuração social, mas as guerras e conflitos e até mesmo guerras internas dentro do Brasil, como o PCC contra a polícia, prova que a sociedade como um todo está atrasada moralmente e eticamente, não houve evolução espiritual. Essa análise foi bem colocada pelo professor Fabio Valenti Possamai na obra "A evolução do ser humano no mundo e a crise ambiental contemporânea", publicado em um periódico da UNESCO.
   Os EUA e o Brasil são os maiores consumidores de cocaína do mundo segundo a ONU. O Brasil tem mais crianças que se prostituem no mundo devido ao vício do crack. Então coloco em xeque-mate a afirmação: "A diferença é a causadora de conflitos entre povos?". Não é, definitivamente.
   Mesmo nas "colonizações" dos espanhóis na América Central,  as diferenças foram simplesmente usadas para o massacre de civilizações bem elaboradas como os maias, astecas e outros. A "colonização" dos jesuítas no Brasil não passou de massacre indígena sanguinário com estupros e usurpação. A escravidão dos negros é prova disso, a diferença foi outro ponto de álibi para os brancos denegrirem toda uma cultura banta africana e colocar seus deuses como seres infernais e escravizarem os negros. Vemos isso na história antiga também, onde o branco foi escravizado. A Folha de São Paulo publicou que existem dados históricos apresentados pelo historiador Robert Davis, de que a África escravizou um milhão de brancos.
   Definitivamente as diferenças culturais são "desculpas hipócritas" para o genocídio de outras culturas. O que define esses conflitos é a vontade de domínio por outras terras e interesses financeiros. A maior fonte de renda no mundo hoje é a produção de armas bélicas, a segunda o petróleo, a terceira: o automobilismo e a cocaína. Então, a afirmação colocada em questão ficou em xeque-mate. As diferenças culturais existem e são muitas, mas são álibis para o domínio de outros povos.
   Analisando o exemplo de Israel e os palestinos, Israel foi concebido como Estado após a segunda grande guerra. Os EUA colocaram uma base militar como ponto estratégico contra os soviéticos. Aquelas terras sempre foram dos palestinos. A guerra hoje na Faixa de Gaza não é religiosa como a imprensa ocidental tenta colocar, mas sim territorial.
   Finalizo com a reflexão sobre o que é terrorismo e o que é guerra. Em 1991 os EUA bombardearam incessantemente Bagdá por seis meses na operação chamada "Tempestade no Deserto". Realmente foi um terrível crime de guerra.

Fontes:
A Inquisição.Baigent, Michael; Leigh, Richard. Ed. Imago. 1999
A Invenção do Povo Judeu. Sand, Sholomo. Ed. Benvirá. 2998.
Os Grandes Enigmas das Civilizações Desaparecidas. Ulrich, Paul. Editora: Otto Pierre, editores. 1798.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Conc%C3%ADlio_de_Niceia
http://www.unesco.org.uy/ci/fileadmin/shs/redbioetica/revista_1/Valenti.pdf
http://www.valor.com.br/brasil/3594548/brasil-consome-mais-cocaina-diz-onu-em-relatorio-sobre-drogas
http://www.aquidauananews.com/0,0,00,1164-29100 ONU+DENUNCIA+241+ROTAS+DE+TRAFICO+DE+CRIANCAS+NO+BRASIL.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/reuters/ult112u32556.shtml
http://www.dcs.uem.br/xseminario/artigos_resumos/gt4/x_seminarios_gt4-a7.pdf
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/iraque/capas/materias/iraque01.html

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Como referenciar: "Vivemos em um mundo em que conflitos têm como fonte a diferença?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 13:32. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/textos/index.php?id=51