Você está em Artigos

Adaptação Escolar (página 2)

O ambiente que a envolve

A chegada na escola é um momento de muitas expectativas: encantadora, excitante ou simplesmente agradável. A primeira impressão é geralmente a que marca o início da vida escolar, no primeiro dia nos deparamos com muitas crianças deslumbradas pelo novo mais também com muitas chorando, pais tensos e nervosos, tornando-se necessário o total envolvimento da comunidade escolar (pais, professores e demais funcionários) para romper este elo de insegurança e instaurar a calma, conforto e credibilidade.

Este ambiente deve ser rico em estímulos, oportunizando a criança a expressar seus pensamentos e sentimentos naturalmente, vivenciando novas experiências, proporcionando um espaço lúdico e prazeroso com um clima de veracidade e confiabilidade mútua entre alunos, pais e colaboradores da escola contribuindo para o desenvolvimento psicomotor da criança.

Uma das formas da criança dizer que as coisas não estão bem é o choro, porém, este deve ser visto como mecanismo de defesa da mesma, e ao vivenciá-lo devemos tentar entender e acolher a criança mais sem paparicá-la e bloquear seu momento de crescimento, como por exemplo, levando-a de volta para casa, isso só irá prejudicá-la.O importante é tranquilizá-la e reforçar que estará no horário certo para buscá-la. BALABAN (1988) orienta que antes do início das aulas, sejam organizadas reuniões coletivas e individuais com os pais, para a escola expor aos mesmos a sua proposta pedagógica, os seus objetivos, explicando-lhes como se dá esse processo de adaptação, enfatizando que esse momento merece uma atenção especial. Assim, esse momento possibilita o esclarecimento de dúvidas, pois, serão semeadas sementes nesse encontro para o estabelecimento de uma relação de veracidade, cordialidade e afeição entre escola e família.

Processo de acolhida

Nesta nova fase é muito importante para criança o acolhimento, onde o mesmo poderá substituir a ansiedade pelo prazer e segurança, além de fundamentar uma boa vinculação do professor com o aluno.
O acolhimento é o principal ato para esta criança passar a depositar esperança que a escola pode ser boa, viabilizando integração da escola com a família e a criança, assim, é evidente perceber que, o que de fato inaugura uma apresentável relação sócio-afetiva é o acolhimento proporcionado, no entanto, sendo cabível ao professor oportunizar esse espaço e dinamizar este ambiente demonstrando afeto também pelo olhar, simples gestos de sutileza ou doces palavras.

A família

Conforme BALABAN (1988,p.25), a separação é uma experiência que ocorre em todas as fases da vida humana.Portanto, neste momento é a hora da criança amadurecer a independência e autonomia, desvinculando-se um pouco da mãe, o que ocasiona desconforto de ambas partes( da criança pelo sentimento da perda, separação da mãe, e dos pais pela impressão de total independência do filho(A)), para isto esta etapa deve ser debatida, entendida e superada gradativamente. Onde os pais devem expirar confiança, paciência e perseverança. Assim, a família é um importante aliado para designar credibilidade, estabilidade, evidenciando interesse pela experiência que a criança está vivendo, que a encoraje, reforçando-lhe a auto-estima, constituindo uma boa dinâmica familiar.

A Motivação

A motivação começa em casa, onde a família deve ressaltar feitios entusiasmantes da escola como: conhecer novos amigos, nos quais poderá brincar, conversar, ouvir histórias, aprender juntos, entre outros, mas principalmente a tranquilizar a criança quanto a buscá-la no horário correto, no amor que sente por ela, na proximidade que manterão da escola e da professora.

A professora por sua vez fica encubida de adotar medidas que motivem essas crianças a ficarem neste novo ambiente, por meio de brincadeiras, jogos, histórias, atividades recreativas e um ambiente propicio a estimular interesse, entusiasmo, prazer e conhecimento. Ou seja, este lugar novo precisa suprir este processo de separação vivenciado pela criança, aguçando sua motivação a querer estar ali, estimulando sua socialização como também sua individualidade, conquistando a confiança e facilitando a adaptação escolar.

A Interação

O período de adaptação necessita da interação, ou seja, da socialização da criança com o meio inserido e para que a mesma aconteça é imprescindível a descontração e contentamento fornecidos através do corpo escolar e principalmente pelo professor, a partir de brincadeiras com jogos (montar, encaixar, quebra-cabeça, memória, encontrar objetos, etc.), brincadeiras livres pelo ambiente, jogos com utilização da bola, brinquedotecas, brincadeiras no parque, na areia, de roda, canto, dança, vídeos, propiciando o enlace com novos amigos e oportunizando um melhor aprendizado.
 Vasconcellos pontua:

É preciso uma ?temperatura afetiva?, uma espécie de ?catalisador do processo de construção do conhecimento?, ?aquecer? a relação para que possa ocorrer mais interação: disposição de energias físicas e psíquicas para o ato de conhecer. O sujeito só aprende dentro de um vínculo afetivo (1999, p.60).

Relação de poder do adulto com a criança

É claro perceber que a todo o momento, o adulto é um importante aliado para o bom desenvolvimento das etapas construídas pela criança, mas em alguns pontos este abusa de seu poder.

Precisamos ficar atentos a esse ato, pois, como percebemos ao decorrer deste artigo a adaptação é um momento importante mais que precisa ser respeitado o tempo e espaço de cada um, os acontecimentos devem ser envoltos em obras de carinho, cumplicidade e companheirismo.

Os responsáveis devem estar muito bem preparados para tal atitude, pois, uma vez trilhado o caminho da escola, a criança precisa ir além, não é porque sou pai/mãe que ao ver o choro ou não simpatizar a primeira vista com a professora que vou retroceder levando a criança pra casa, esta atitude causa danos, tanto para a criança como para sua educação. Outro ponto importante é não gritar, nem tão pouco obrigar ou forçar a criança a fazer parte dos acontecimentos na marra, o momento é de muita conversa, mostra do desenrolar das etapas e bastante naturalidade.

Já ao professor compete atender as expectativas, ganhar a confiança e conduzir o processo com uma grande dose de carinho e atenção, não adianta mudar com a criança depois que os responsáveis saem do ambiente escolar, gritar ou ignorar este aluno não ajudará a cativar nem administrar um bom trabalho. É necessário modificações de criança para criança e frequentemente ampliar e capacitar os conhecimentos.

Freire (1997, p. 141), ao se referir a paradigmas tradicionais que primam pela verticalidade no processo de conhecimento, escreve que ?o professor autoritário, que se recusa a escutar os alunos, se fecha a esta aventura criadora. Nega a si mesmo a participação neste momento de boniteza singular: o da afirmação do educando como sujeito de conhecimento?. Ou seja, o professor também precisa de: escutar, dar espaço, vez e voz as crianças, e fazer com, a abrir espaços e relações significativas e envoltas com a realidade, assim, não abusando do seu poder, mas sim, oportunizando meios de enriquecimento e evolução.

Conclusão

O presente artigo traz a intenção de suscitar alguns pontos importantes que precisam estar contidos no plano da escola, colaborando para alcançar o objetivo de uma boa adaptação escolar, apresentando meios que proporcione  subsídio para todos envolvidos neste processo.

O primeiro passo é favorecer o vínculo de confiança entre pais e professores, através de muita comunicação, em prol de um harmonioso convívio na busca de uma segurança para a criança, visto que, como diz " (SANCHEZ, 2006) a linguagem tem um impacto surpreendente no desenvolvimento cerebral de uma criança, o número de palavras que uma criança escuta cada dia é o único e mais importante fato para predizer sua futura inteligência, o êxito escolar e a competência social", assim a comunicação deve ser bem explorada pela professora em atividades como: "Roda de música"; "Dançar ao som de CD's"; "Imitação"; "Momento de leitura"; "Roda de conversa"; "Momento da higiene"; Chamada "Quem veio à escola hoje"; "Como está o tempo?"; "Que dia é hoje?", Brincadeiras dirigidas e pelos pais em casa na interação dos fatos ocorridos.

Outro ponto importante é a apresentação dos acoplamentos da escola, que pode ser vivenciado de forma natural como no momento das atividades: no pátio, brinquedoteca, sala de aula, banheiros, na hora do lanche, contato com os funcionários e demais alunos da escola.

Mas é fundamental o estabelecimento alvitrar condições que auxiliem no  desenvolvimento total desta criança, colaborando para a estimulação através do movimento  no psicomotor como: subir, descer, rolar, pular,correr, arrastar, engatinhar, rasgar, amassar, andar em linhas, empurrar; no desenvolvimento das formas de linguagem como: pintar, desenhar, imitar, dançar, gaguejar, cantar e falar ou no desenvolvimento que estimule a criatividade e o lúdico como: contos de histórias, brincadeiras livres, brinquedos de encaixe, dramatizações, brincadeiras de casinha, mímica, faz-de-conta, fantoches, teatro. . Segundo SANCHES (2006) "a psicomotricidade ou a manipulação, o uso e o manuseio de objetos são necessários para se ter todas as habilidades, formando parte das aprendizagens naturais da criança, que lhe servirão de base para sua maturidade, preparando-a para escrever, ler e falar corretamente". Portanto, é essencial estimular atividades dentro deste contexto como: pega-pega, dança da cadeira, serra - serrador, rasgar papel, bolinha de crepom, além das mencionadas acima. 

Enfim, o professor torna-se o principal mediador neste artifício. Este precisa estar em constante mudança para atender todas as expectativas, seja no ambiente, na forma de ensinar, com os pais e principalmente com as crianças. Para tanto precisa capacitar e ampliar seus conhecimentos , permitir que as crianças explorem sua curiosidade natural, respondendo aos porquês e interando-se de atitudes naturais que corresponda os envolvidos, satisfaça seu emocional e conquiste todo o objetivo.

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.17 ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra,1988.
VASCONCELLOS, Celso. Construção do Conhecimento em Sala de Aula. São Pau-lo: Libertad, 6° edição, 1999.
BALABAN, Nancy. O início da vida escolar: da separação à independência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
SANCHES IN:BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Clique aqui para avaliar este artigo

Voltar para seção de artigos

Anterior  

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Adaptação Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 02/05/2024 às 04:58. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/adaptacaoescolar/index.php?pagina=1