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O Papel do Professor na Promoção da Aprendizagem Significativa (página 3)

Eleve a auto-estima do aluno!

Partir daquilo que o aluno já sabe, reforçá-lo e valorizá-lo é fazê-lo sentir-se parte do processo de aprender e, paralelamente, é elevar sua auto-estima. Outras atitudes igualmente elevadoras da auto-estima do aluno são:

  • Propor desafios ao seu alcance.
  • Monitorar a distância entre a linguagem utilizada na aula e a linguagem
    natural do aluno.
  • Oferecer as ajudas necessárias diante das dificuldades.
  • Garantir um ambiente compartilhado de ensino em que o aluno sinta-se parte
    ativa.
  • Implementar o hábito de reconhecimento de pequenos sucessos progressivos.
  • Garantir que o aluno possa mostrar-se progressivamente autônomo no
    estabelecimento de objetivos e no planejamento das ações que o conduzirá a
    eles.

Esse conjunto de atitudes compõe o que chamamos relação de respeito e confiança mútuos. E é a partir desse contexto acolhedor que se dá a aprendizagem significativa.

É preciso ser para aprender. A aprendizagem significativa é fruto da "permissão de ser", mais que isso, é fruto da "sensação de ser". Estamos falando da maneira específica e natural de ser de cada um de nós, que se transforma quando interagimos significativamente com o mundo e com os outros. Alguém que não tem "permissão de ser" não se habilita a aprender, pois não tem referenciais internos para alimentar a interação necessária com o objeto da aprendizagem. Nossos alunos precisam sentir que podem ser o que realmente são na sala de aula e que toda parte de si que não for muito conveniente será fruto de uma negociação respeitosa que levará a uma adaptação de comportamento. Essa transformação, por sua vez, será um ganho de habilidade relacional, um presente para ser melhor no mundo.

É claro que não estamos aqui contradizendo nosso papel de formadores de atitudes socialmente aceitas. É preciso ensinar os alunos a equilibrarem o "ser" e o "estar", sob pena de sermos banidos do mundo. Estamos nos referindo à atitude de fazer isso sem anular o "ser" já construído que esse aluno traz.

Essa atitude exige de nós, professores duas posturas nada fáceis, porém não impossíveis de serem aprendidas com determinação e persistência:

  •  O olhar fenomenológico - que consiste em olhar o aluno e seu comportamento por si sós, o mais livre possível de julgamentos estereotipantes. 
       
  • A postura transcultural - que consiste em explorar, conhecer, respeitar e entender a cultura do aluno, levando em conta a possibilidade de enriquecer a sua própria cultura. Elevar a auto-estima do aluno significa fazê-lo sentir-se capaz, fazê-lo sentir-se digno de ter direitos e possibilidades na vida.

Promova a interação entre os alunos!

A troca de percepções entre os alunos estimula a ampliação de idéias e a testagem de hipóteses pessoais. O indivíduo não nasce pronto nem é cópia do ambiente externo. Em
sua evolução intelectual há uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e influências do mundo social. A partir dessa afirmação, Vigotsky justifica a necessidade de interação social no processo de aprendizagem. Atento à "natureza social" do ser humano, que desde o berço vive rodeado por seus pares em um ambiente impregnado pela cultura, Vigotsky (1999) defendeu que o próprio desenvolvimento da inteligência é produto dessa convivência. Para ele, "na ausência do outro, o homem não se constrói homem". Enfim, é através da aprendizagem nas relações com os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento mental.

Essa interação deve se concretizar em sala de aula através do estímulo para que os alunos troquem idéias e opiniões. Essas trocas devem ser breves e em pequenos grupos (três alunos é o ideal), para se evitar a dispersão e a perda de foco. No momento em que um aluno ouve a opinião do colega e reflete sobre o que ele diz, ele tem a oportunidade de ratificar ou retificar sua opinião, através de uma síntese dialética, necessária a todo conhecimento consistente.

Uma tentativa de conclusão

O papel do professor na promoção de uma aprendizagem significativa tem início na clareza que ele tem a respeito da concepção social da Educação e, conseqüentemente, do seu próprio papel social. Somente a consciência e o compromisso com esse papel vão dar forma a um projeto real de sociedade, no qual se inserem e se inter-relacionam cidadãos críticos em maior ou menor grau, engajados em maior ou menor grau, enfim, conscientes em maior ou menor grau.

Promover a aprendizagem significativa é parte de um projeto educacional libertador, que visa à formação de homens conscientes de suas vidas e dos papéis que representam nelas. É impossível ensinar liberdade cerceando idéias, oprimindo participações e ditando verdades. Apercebermo-nos dessas atitudes é essencial para que iniciemos um real processo de transformação da nossa prática.

BIBLIOGRAFIA

AUSUBEL, at alii. Psicologia educativa: um punto de vista cognoscitivo. México, Trillas, 1988.

DUARTE, Newton. Vigotsky e o aprender a aprender. Ed. Autores Associados, São Paulo, 1999.

ELIAS, Marisa Del Cioppo. Célestin Freinet: uma pedagogia de atividade e cooperação. Petrópolis, RJ,
1997.

MARTON at alii. The experience of learning. Edimburg, Scottish Academic Press, 1984.

RONCA, Paulo Caruso. A prova operatória. Ed. Finep, São Paulo, 1996.

SOLÉ, I 2002. Bases Psicopedagógicas de la practica educativa. In: El curriculum en el centro educativo. Barcelona, ICE/Horsori.

 

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Como referenciar: "O Papel do Professor na Promoção da Aprendizagem Significativa" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 30/04/2024 às 13:50. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/aprendizagemsig/index.php?pagina=2