A Importância e a Contribuição da Biblioteca no Ambiente Escolar (página 3)

O primeiro contato da criança com o texto acontece por meio da "contação" de histórias e a partir daí desenvolve-se sentimentos, emoções e o prazer pela leitura que começa antes mesmo de entrar na escola, ou seja, a família, e a comunidade auxiliam nos processos de leitura e escrita desde os anos iniciais (ABRAMOVICH, 1993; GOODMAN, 1995; LEONTIEV; LURIA; VYGOTSKY, 1988). Por isso, é essencial que a prática da leitura seja estimulada desde os primeiros anos e que os adultos compartilhem a prática de forma ativa, pois esta é uma etapa de conhecimento e compreensão, a partir dos costumes do dia-a-dia da leitura, é onde a criança pode consolidar a tradição de ler (CARDOSO; PELOZO, 2007).

A leitura vai além da decodificação, sendo um processo continuo que busca e precisa da reflexão e análise, para que consiga ampliar os horizontes de quem lê. Nesse sentido, não só a família quanto a escola são grandes responsáveis por estimular o hábito de leitura e desenvolver o gosto por ela.

Independentemente do nível de leitura (sensorial, emocional e racional) os pais podem contribuir nos mais variados momentos, como: contar histórias, leitura de trechos de textos presentes em diferenciados meios de comunicação (jornais, revistas, livros, internet...); ao oferecer livros como presente; incentivar a visita em ambientes que ofereçam condições para leitura, como bibliotecas, feiras do livro ou centro culturais... Já na escola é preciso que exista uma política de leitura que considere a formação de professores leitores, associada a materiais de qualidade e diversificados (a fim de despertar o interesse e motivar os alunos a buscar novas leituras) além de bibliotecas, com a presença de bibliotecários.

Nesse cenário, para Caldin (2005, p. 02) o bibliotecário tem grande contribuição, pois "depende dele (de seus próprios valores e créditos), o efeito dos atos realizados dentro da biblioteca". Segundo Farias e Vitorino (2009, p. 13): "Os bibliotecários escolares, sob esse ponto de vista, devem procurar a prática consecutiva e o avanço de suas qualificações, para maior visibilidade profissional e desenvolvimento da capacidade informacional na conjuntura da biblioteca escola".
 
Gasque (2013) sugere que os bibliotecários devem desenvolver não só competências técnicas e gerenciais, como também sociais e psicopedagógicas para atuar no ambiente educacional, podendo assim ser capaz de compreender como acontecem, a importância do processo de ensino-aprendizagem e como podem ser desenvolvidos no espaço biblioteca.

Além disso, o bibliotecário tem como parte de suas funções educacionais atuar como mediador no processo de letramento informacional (Information literacy - surgiu em 1970 e está diretamente ligado à "sociedade da aprendizagem", sendo "compreendido como uma ação contínua e prolongada, que ocorre ao longo da vida") ao auxiliar no desenvolvimento de competências informacionais e consequentemente no processo ensino-aprendizagem. 

Enfim, "a ação do bibliotecário não se restringe, pois, a promoção da leitura nem a orientação bibliográfica, mas amplia-se para abranger aprendizagens mais complexas [...]" (CAMPELLO, 2009, p.11) e para que isto aconteça de fato, é preciso que o profissional conquiste seu espaço e que a equipe de trabalho o receba para contribuir com o processo ensino-aprendizagem de forma plena.
    
Considerações finais

Diante de todo exposto, não restam dúvidas: é preciso investir na leitura, assim como é essencial investir em bibliotecas escolares, pois uma está interligada à outra de forma clara e explícita.

Formar um leitor enquanto criança é contribuir para um adulto leitor, com facilidade para escrever e se comunicar em todos os segmentos de sua vida e tanto o professor quanto o bibliotecário podem contribuir para isso. Sendo as bibliotecas escolares espaços de complementação, é cada vez mais nítida a necessidade dessa parceria entre professores e bibliotecários em prol do desenvolvimento dos conteúdos escolares. A parceria precisa existir pelos motivos já citados ao longo do texto e pelos que ainda podem ser descobertos em meio as inúmeras atividades que podem desenvolver juntos.

A biblioteca é sim o espaço apropriado para desenvolver o hábito e o gosto pela leitura entre os jovens nas escolas, pois uma biblioteca com um acervo variado em diferentes suportes, com livros da literatura infantil e com realização de atividades recreativas que envolvem a leitura, o hábito da leitura pode concretizar-se de forma instintiva. Mas vem da família também grandes exemplos a serem cultivados e estimulados para que nossas crianças possam ter reafirmados os valores da leitura trabalhados na escola. É fato que algumas famílias o contato com a leitura, não acontece como deveria, e para casos como esse, a ação da escola e da biblioteca tornam-se mais necessários ainda.

Infelizmente, como a própria literatura mostra ainda existem discentes e docentes que vão à biblioteca somente para fazer pesquisas escolares, em alguns casos, o uso da biblioteca não é livre e em outras, tratam as bibliotecas como um local para depositar materiais (livros, revistas, jornais), mas é preciso desmistificar todo esse cenário, com boas práticas e trabalhos conscientes.

No âmbito da promoção da leitura, é preciso que a biblioteca escolar assuma seu papel integrador e transversal desde o início da escolarização, sendo reforçada ao decorrer da vida escolar. O incentivo à leitura é uma responsabilidade compartilhada que precisa ser trabalhada, motivada e continuada por todos: pais, escola, governo, sociedade em geral.
Como foi visto ao longo do texto, entre as funções educativas o bibliotecário atuando e auxiliando o professor como mediador nos processos ensino-aprendizagem pode trabalhar/desenvolver o letramento informacional que se torna tão necessário tendo em vista o crescente fluxo informacional que todos nós recebemos diariamente.

Diante do exposto, é fundamental que o caminho à leitura seja descoberto e redescoberto, construído, percorrido e compartilhado, independente das exigências ou desafios que se coloquem, por isso, repensar a práxis pedagógica se torna essencial, bem como repensar as práticas profissionais em prol de um direito maior: a educação.