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Ciência, Ensino e Pesquisa na Graduação (página 2)


Outro hábito fundamental a ser desenvolvido pelo estudante de graduação é o hábito da leitura. Através da leitura o aluno aprofunda os conhecimentos adquiridos em sala de aula e familiariza-se com o vocabulário técnico das obras especializadas. Ler com assiduidade eleva ainda a capacidade de redigir com presteza e objetividade.

Vale dizer que o maior desafio para o aluno ao se deparar com a necessidade de elaborar um trabalho científico não está no domínio de normas técnicas como as da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), mas no domínio da redação. Uma grande maioria simplesmente não sabe escrever, fato que denuncia a ausência do hábito de leitura. Ademais, no Brasil, muita gente ingressa no ensino superior sem o pleno domínio da língua portuguesa.

O grave problema do plágio nos TCCs (Trabalhos de Conclusão de Curso) em faculdades de todo o país, retrata exatamente a dificuldade do aluno com a redação. Copiar um texto sem referenciar a autoria original, fazendo-se passar pelo autor, é um ato antiético, antipedagógico e, sobretudo, é um ato ilícito previsto em lei. Na elaboração de trabalhos acadêmicos e monografias o estudante pode e deve fundamentar seus dizeres com citações de autores nacionais e estrangeiros, porém sempre fazendo as devidas referências.

Para além do pleno domínio da língua portuguesa e da redação científica, sugere-se ainda, para o aluno de graduação, o domínio de uma língua estrangeira. Saber ler em inglês ou francês, por exemplo, facilita o acesso às fontes de pesquisa. Com efeito, muito do que se encontra publicado em revistas especializadas e mesmo na rede mundial de computadores, na área da ciência e do conhecimento, permanece em língua estrangeira.   
O aluno bem articulado com as orientações metodológicas de acesso ao conhecimento acabará naturalmente se sobressaindo. É o que se vê em algumas dentre as melhores universidades públicas brasileiras, onde jovens graduandos se destacam na condição de pesquisadores-bolsistas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Nos programas de iniciação científica mantidos pelos órgãos de fomento à pesquisa, são desenvolvidos trabalhos orientados nas mais diversas áreas do conhecimento. Desde os primeiros anos da graduação o estímulo à pesquisa rende ao estudante uma gama infinita de conhecimentos.

A estreita articulação entre ciência, pesquisa e ensino de graduação tem sido uma das orientações propostas pelos especialistas em educação superior no país. É necessário, portanto, construir um sistema universitário que proporcione tanto a formação científica sólida, quanto a ampla divulgação das recentes conquistas da ciência e da tecnologia para todos os interessados. Isto somente se dará no contexto de uma instituição de ensino comprometida com a prática da pesquisa científica e seus métodos específicos de atuação.

No ensino superior privado, onde se encontra a maioria dos estudantes de graduação do país, lamentavelmente tem prevalecido uma mera preocupação com a formação do profissional voltado para os interesses de mercado. Ignora-se, frequentemente, que na atual sociedade do conhecimento - onde o vínculo com a universidade deverá permanecer por toda a vida - o aluno, desde a graduação, precisa aprender a buscar novos conhecimentos para além do aprendizado em sala de aula. Nas palavras de Alberto Senapeschi (2003) "a velocidade do progresso científico e tecnológico e da transformação dos processos de produção torna o conhecimento rapidamente superado, reclamando atualização contínua e impondo novas exigências para a formação do cidadão".

O vínculo entre ensino e pesquisa, precisamente em razão do acima exposto, está fundamentado na ideia de que a busca sistemática, metódica e apaixonada pelo saber não termina com o fim dos cursos de graduação. Durante toda a experiência de vida acadêmica e, sobretudo, durante o exercício da prática profissional se fará necessária uma contínua atualização quanto às inovações do conhecimento.

Na medida em que a universidade se propõe a formar cientistas e pesquisadores desde os primeiros anos da graduação, esta contribuindo no sentido de consolidar uma educação superior de qualidade, pautada na autonomia do indivíduo/cidadão e conectada com as exigências profissionais da pós-modernidade.
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Como referenciar: "Ciência, Ensino e Pesquisa na Graduação" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 30/04/2024 às 20:52. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ciencia_ensino_pesquisa/index.php?pagina=1