Você está em Artigos

Educação Brasileira: Passado, Presente e Futuro O Conhecimento Através de uma Abordagem Estratégica (página 3)

A política em relação ao Brasil era mantê-lo isolado e ignorante, para extrair ao máximo toda a riqueza aqui encontrada. Para se ter uma idéia, no livro, é narrado um fato que demonstra esta situação. Em 1800, Alexander von Humboldt, um barão, naturalista e geógrafo alemão, foi preso por percorrer e pesquisar a região amazônica em busca de novas espécies da flora e da fauna. Esta ordem de prisão foi dada sob a alegação de que isto poderia disseminar perigosas ideias na colônia.

Livros e jornais eram proibidos de circular livremente. O Correio Braziliense foi o primeiro jornal brasileiro, começou a ser publicado em 1808, em Londres, com o intuito de fugir da censura, mas D. João começou a subsidiar Hipólito José da Costa, dono do jornal, comprando um determinado número de exemplares, garantindo assim que opiniões contrárias e radicais em relação ao governo não fossem publicadas. Segundo o autor Laurentino Gomes: "O mesmo Hipólito que defendia a liberdade de expressão e ideias liberais acabaria, porém, inaugurando o sistema de relações promíscuas entre imprensa e governo no Brasil".

O primeiro jornal publicado em terras brasileiras, a Gazeta do Rio de Janeiro, começou a circular também no ano de 1808, e só divulgava notícias favoráveis ao governo.

Diversas passagens do livro são muito interessantes e mostram aquilo que não é ensinado nas escolas pelos professores de história, e com a leitura, traçamos um paralelo claro entre o ontem e hoje: "A colônia brasileira ganharia muito com a vinda de D.João, a começar pela sua independência, mas os problemas e o custo dos primeiros anos da família real no Rio de Janeiro foram enormes. Era preciso alimentar e pagar as despesas de uma corte ociosa, corrupta e perdulária.(..) o aumento indiscriminado da taxa de impostos, que o povo todo pagou sem conseguir avaliar de imediato que benefícios teria com isso. No longo prazo, o descontentamento resultante se tornaria incontrolável."

A cidade do Rio de Janeiro nos treze anos em que a corte portuguesa esteve no Brasil, sofreu com o descontrolado crescimento populacional, metade da população era escrava. O resultado desta situação ainda é visível: o descaso e a falta de planejamento com saúde, educação, emprego, fez com que a criminalidade atingisse níveis altíssimos.

Até mesmo a elite tinha dificuldade no acesso à educação, que era recebida em casa, por instrutores designados pelas famílias.

Comparando os dados oferecidos pelo livro mencionado e pela reportagem publicada na revista The Economist, é evidente que a situação das instituições de ensino em 2009 é um resultado de anos e anos de história, onde o sistema educacional foi tardiamente implantado e em 1930, somente uma em cada cinco crianças iam para a escola.

Como já foi dito este índice melhorou, e aqui encontram-se instituições excelentes, mas não em quantidade suficiente para formar um povo crítico, pensante, capaz de cumprir seus deveres e exigir seus direitos enquanto cidadãos. "Se você pensa que a educação é cara, experimente a ignorância", esta frase fica exposta em uma sala de reuniões num sindicato de Nova York e pode ser alvo de muita reflexão sobre o futuro que estamos escolhendo enquanto nação.

Assistimos ao destaque cada vez maior de nosso país no cenário econômico mundial, um exemplo disso é a participação como um dos membros do BRIC, sigla correspondente as iniciais de quatro países: Brasil, Rússia, Índia e China, nações que compartilham índices de desenvolvimento semelhantes.

Dentre as características que se assemelham estão: valorização dos mercados de capitais e diversos setores da economia recebendo grandes investimentos estrangeiros; PIB em crescimento; situação política estável; recente estabilidade da economia; mão-de-obra em grande quantidade e em processo de qualificação; índices sociais em processos de melhoria; níveis de exportação e produção em crescimento; boas reservas de recursos minerais; rápido acesso da população aos sistemas de comunicação (celular e internet); entre outras.

Economistas acreditam que num futuro próximo estes países podem tornar-se grandes economias, então, já é chegado o momento dos indivíduos brasileiros que receberam instrução suficiente para desenvolver um pensamento crítico, mobilizarem-se para que o país não perca esta oportunidade de se fortalecer.

Não é um problema exclusivamente da política e das escolas, a educação influencia diretamente no desenvolvimento das organizações aqui instaladas e consequentemente alavanca o país em todos os sentidos (cultural, social, político, econômico). É um problema de todos os brasileiros que se preocupam e valorizam a pesquisa, a inovação, a formulação de novas ideias como única maneira de deixar de ser um país exportador de produtos e componentes baratos e passar a ser reconhecido como gerador de tecnologia e inovação.

Se as empresas modernas exigem um perfil de profissionais altamente qualificados, é preciso atentar para a trajetória destes profissionais desde a Educação Básica, pois é cada vez mais difícil encontrar talentos no mercado e uma força de trabalho qualificada. Essa lacuna não pode ser preenchida somente com treinamentos em serviço, a educação corporativa é o aperfeiçoamento do trabalhador enquanto pessoa e profissional, relacionado sempre às estratégias de cada negócio, mas ele já deve chegar neste estágio com uma rica bagagem cultural.

Se o Brasil pretende crescer e demonstrar todo o seu potencial, inserindo-se como uma nação competitiva no mercado global, faz-se necessária uma reforma urgente em nosso sistema de ensino, que aplica muito dinheiro em Universidades e não ensina as crianças a ler e escrever.

Para isto serve o conhecimento, a história e os fatos presentes, se somos devidamente educados, cultivamos uma capacidade de analisar, e não somente absorver e esquecer.

Disseminando uma cultura de aprendizagem no país, através de políticas sérias e parcerias público-privado, todos saem ganhando: sociedade, empresas, país, só não sairá ganhando a "corte" que não é mais portuguesa mas continua sendo sustentada pelo povo às custas de infindáveis impostos.

Referências

Site da revista inglesa The Economist, www.economist.com, reportagem de 04/06/2009, Brazil`s poor school - Still a lot to learn. Acesso em 17/06/2009.

Gomes, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007. ISBN 978-85-7665-320-2.

Revista Época Negócios, entrevista com Gary Becker, p.58 a 61. Junho 2009/N 28.

Site Wikpédia, a enciclopédia livre, artigo sobre a sigla BRIC, no link http://pt.wikipedia.org/wik/BRIC. Acesso em 18/06/2009.

Clique aqui para avaliar este artigo

Voltar para seção de artigos

Anterior  

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Educação Brasileira: Passado, Presente e Futuro O Conhecimento Através de uma Abordagem Estratégica" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 27/04/2024 às 18:59. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/educacaoobrasil/index.php?pagina=2