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Planejamento para a Primeira Infância (página 2)

Método

Elaborou-se um estudo observacional no Maternal I, da Escola Municipal de Educação Infantil Profª Alice Wortmann - Canela/RS - Brasil. De uma turma de 17 crianças, foram observadas em todas as 12 que estiveram presentes no período do estágio, as seguintes variáveis: idade em meses, sexo, renda domiciliar per capita declarada em reais, escolaridade dos pais (número de séries escolares completadas pelo pai e completadas pela mãe) e avaliação do desenvolvimento psicomotor (linguagem, motor-adaptativo, motor e psicossocial), utilizando-se marcos de desenvolvimento da tabela de Denver, citado por CARLI em "Desenvolvimento Físico da Criança". Para cada área do desenvolvimento, as crianças que atingiram 80% ou mais dos marcos foram consideradas com desenvolvimento pleno, enquanto que as que atingiram menos de 80%, foram consideradas com desenvolvimento parcial.

Além das variáveis relacionadas com as características pessoais e socioeconômicas das crianças, foram observadas características da escola, tais como: estratégias para mobilizar o estudante, existência de planejamento, relação equipe/aluno/professor, organização e intenção nas rotinas estabelecidas, adequação dos recursos.

Resultados e discussão

A distribuição por sexo e idade das 12 crianças era semelhante, sendo 7 (58,3%) do sexo feminino, com idade média de 50 meses e 5 (41,7%) do sexo masculino, com idade média de 51 meses. Elas estão na fase egocêntrica. Manifestam natural dificuldade em lidar com a frustração e competem pela atenção do professor, gerando conflitos no grupo. Sendo afetuoso e claro na colocação dos limites, o educador procura transmitir ao educando a segurança necessária para que desenvolvam a autoconfiança e o desapego. As crianças apresentam curiosidade sobre os fenômenos naturais, como observou-se na situação em que um dos colegas matou uma aranha: "Olha o cadáver da aranha". "Olha a cabeça dela". "E as pernas...". Ou diante da retirada da colmeia da pracinha: "Como eles matam as vespas?". "Precisa matar?".

A média de renda domiciliar per capita declarada foi de R$ 307,43, portanto, inferior a um salário mínimo. Nenhum dos pais tinha mais de 13 séries escolares completadas: 18,2% das mães e 18,2% dos pais tinham 4 séries completadas, 54,4% das mães e 36,4% dos pais tinham 9 séries completadas, 27,3% das mães e 45,5% dos pais tinham as 13 séries completadas. Avaliadas por estas duas características, classificamos o nível socioeconômico do grupo como sendo de classe de baixa renda e média escolaridade, o que, em tese, não seria o ideal para o desenvolvimento pleno da inteligência (RODRIGUES;1976).

No que se refere ao desenvolvimento psicossocial descrito por Erik Erikson (Fundamentos da Práxis Pedagógica V.1 cap. VI), as crianças manifestam, predominantemente, características de "autonomia versus vergonha e dúvida", que, teoricamente, já poderiam estar superando. Apresentam ainda traços sutis de "iniciativa versus culpa", previstos para a faixa etária.

Observamos diferença no desenvolvimento de meninas e meninos, sendo que as meninas apresentam melhor desempenho nas diferentes áreas de desenvolvimento cognitivo e motor, e intuímos que essas diferenças devam ser consideradas pelo educador na projeção de atividades intencionais. O resultado da avaliação do desenvolvimento psicomotor está sumarizado nos gráficos abaixo, nos quais é possível constatar que o desenvolvimento motor adaptativo apresentou a pior performance dentre os analisados.

Segundo Piaget, a criança entre 2 a 7 anos está no segundo estágio de desenvolvimento cognitivo, estágio pré-operatório, no qual a manifestação da linguagem possibilitará grandes modificações intelectuais, sociais e cognitivas. Elaborou-se o "Projeto Didático Interdisciplinar" priorizando esta área do desenvolvimento, considerando que o desenvolvimento motor fino-adaptativo compreende ações de ajustamento para  atividades mais complexas, beneficiando-se de experiências anteriores. Sabe-se ainda que as habilidades motoras mais complexas na criança avançam por meio da coordenação entre sensação, percepção, elaboração, planejamento e execução, como necessidade de resposta diante dos objetos e situações (MAGGI, 2006-6a e 7a sem.). No projeto didático, foi proposta a ampliação das atividades lúdicas, envolvendo: o desenvolvimento da linguagem, a interatividade social e ambiental, bem como a construção do espaço temporal.

A promoção das habilidades motoras-adaptativas será realizada em atividades que possibilitem ao sujeito construir seu conhecimento a partir da interação com o grupo e com o meio ambiental, identificando seu corpo e o corpo do colega, reconhecendo-se como indivíduo, colocando-se no lugar do outro e a partir da rotina estabelecida num espaço e tempo definidos.

                                                

           

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Como referenciar: "Planejamento para a Primeira Infância" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/05/2024 às 09:25. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/primeirainfancia/index.php?pagina=1