Você está em Artigos

A Representação Social das Brincadeiras: a Visão do Professor

Autor: Leidiane Nunes da Silva e José Francisco de Sousa
Data: 09/07/2010

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa teve por objetivo verificar qual é a visão que os professores de educação Infantil de uma determinada escola do DF, atribuem ao lúdico. E também verificar se os educadores valorizam o ato de brincar, se percebem no ato de brincar a possibilidade de ensinar valores, conteúdos entre outros objetivos pedagógicos e saber também se as brincadeiras espontâneas das crianças são valorizadas.

A pesquisa foi realizada através de observações das atividades de uma turma de Educação Infantil, onde foram feitas anotações das atividades que envolveram brincadeiras, jogos, o lúdico de uma forma geral. Além da professora da turma observada, também foi passado um questionário para os demais professores da Educação Infantil, onde deveriam colocar os seus dados pessoais e responder sobre os seus conhecimentos sobre o lúdico e como utilizam em suas atividades escolares.

A escolha pelo curso de pedagogia foi uma oportunidade ganha através de um programa educacional de bolsas de estudo. Entre os vários temas abordados no decorrer do curso, os que envolviam atividades lúdicas, foi o que mais chamou atenção, por ser algo aparentemente simples, mais muito amplo e repleto de significados.

Através dos estudos realizados para a elaboração dessa pesquisa, pode-se considerar que o lúdico é aquilo que envolva brincadeiras, jogos, de forma espontânea ou dirigida, que sirva ou não para alcançar objetivos pedagógicos, mas sem perder o caráter de divertimento, de algo prazeroso.

Esta pesquisa pode ser um auxilio para pessoas envolvidas com a área educacional ou não, interessadas em conhecer um pouco mais sobre essa atividade comum a todas as crianças. E também pode abrir espaço para que outras questões sobre o assunto possam ser levantadas, com a finalidade de acrescentar mais a um assunto tão cheio de significados. 

 1. AS BRINCADEIRAS AO LONGO DO TEMPO

Entre as várias atividades praticadas pelo homem tais como estudar, trabalhar, entre outras, pode-se afirmar que exista um tempo dedicado às brincadeiras, jogos, enfim atividades que divertem.

As autoras Rizzi e Haydt (2002) descrevem as diferentes designações que o ser humano tem recebido como a de Homo sapiens por ter a capacidade de raciocínio, a de Homo faber, pois fabrica objetos e utensílios e a de Homo ludens pela capacidade de se dedicar ao lúdico.

No decorrer do tempo existiram diferentes pessoas, sociedades, comportamentos, costumes e se dedicar a atividades lúdicas também é comum ao homem, ao longo do tempo pode-se supor que brincar e jogar foram atividades realizadas por diferentes sociedades.

Conforme Redim (1998) nas sociedades primitivas as atividades lúdicas faziam parte das várias atividades praticadas, tais como as religiosas, culturais, artísticas, entre outras. O ato de brincar tinha em si caráter de ludicidade, tudo tinha caráter de festa, celebração. Nessas sociedades brincar como o ato de trabalhar era para todos independente da idade, sexo ou classe social. Com o passar dos anos, mas especificamente com a idade moderna houve uma divisão passando a existir espaços e tempos específicos para a prática das diferentes atividades.

O que refletiu também nas atividades lúdicas. Hoje adultos e crianças jogam, mas separadamente em diferentes espaços. As brincadeiras antigas foram sendo transformadas com novos nomes, novas regras, entretanto não se pode negar a importância de algo tão simples e repleto de significados para a vida humana, o brincar.
A doutora em Educação e professora da faculdade de educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) Ângela Meyer Borba, especifica que:

A experiência do brincar cruza diferentes tempos e lugares, passados, presentes e futuros sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade pela mudança. A criança, pelo fato de se situar em um contexto histórico e social, ou seja, em um ambiente estruturado a partir de valores, significados, atividades e artefatos construídos e partilhados pelos sujeitos que ali vivem, incorpora a experiência social e cultural do brincar por meio das relações que estabelece com os outros - adultos e crianças. (Borba 2006, p. 33).

E ainda segundo Rizzi e Haydt:

" O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, pois este sempre manifestou uma tendência lúdica, isto é um impulso para o jogo. "

2. O VALOR DAS BRINCADEIRAS PARA O PROFESSOR

É quase impossível imaginar crianças que não brincam que não usam toda a sua imaginação para criar diferentes situações. O ato de brincar não é só um passatempo divertido, algo comum na infância e que passa sem deixar vestígios. Muitos consideram as brincadeiras algo sem valor, pois julgam uma atividade oposta ao trabalho, logo algo que não produz resultados positivos.

Pessoas mais atentas serão capazes de aprender mais sobre o universo infantil observando suas brincadeiras. Rizzi e Haydt (2002) afirmam que em suas brincadeiras e jogos o envolvimento da criança é tão grande que é colocado em ação seus sentimentos e emoções, sendo também um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais, é brincando e jogando que ela ordena o mundo a sua volta, sendo capaz de assimilar experiências, informações, atividades e valores.

Trazendo o lúdico para o contexto da sala de aula, será possível elaborar inúmeras possibilidades de se trabalhar de forma significativa e contextualizada, enriquecendo a aprendizagem e auxiliando na formação de seres criativos, capazes de transformar o meio em que vivem.  

A educação infantil deve proporcionar a criança diversas possibilidades de crescimento, de se fazer as primeiras descobertas, que se possa desenvolver e explorar sua capacidade. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) enfatiza que:

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (p. 23)


Além de ser um direito assegurado por lei, a Constituição Brasileira em seu artigo 227, relata os deveres que a família, o estado e a sociedade devem proporcionar a criança e ao adolescente, como direito à saúde, à educação, ao lazer entre outros. O Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA em seu artigo 59 também cita o lazer como um dos direitos básicos e essenciais para a formação de crianças e adolescentes saudáveis.

  Próxima
Como referenciar: "A Representação Social das Brincadeiras: a Visão do Professor" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 10:09. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/representacaosocialdasbrincadeiras/index.php?pagina=0