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A Contribuição do Psicopedagogo Institucional para as Reuniões de Pais Promovidas pela Escola (página 4)

Para Caetano (2002), a educação, enquanto fenômeno universal comporta diversas tensões no interior de e entre seus diferentes âmbitos. Quando enfrentadas de modo produtivo, estas tensões podem fornecer valiosos subsídios para a reflexão e análise do fenômeno educativo. Dois âmbitos educativos tensos, tanto no seu interior quanto na sua relação um com o outro, são a família e a escola.

Enquanto instâncias sócio-educativas formais, a família e a escola foram dois dos principais ambientes de formação ao longo da história, mesmo considerando que outras instâncias sócio-educativas também tiveram um papel muito forte como, por exemplo, o Estado e a Igreja. Nos tempos atuais, porém, família e escola parecem perder o poder e o espaço que tiveram outrora no sentido da formação do indivíduo. Os "porquês" e as consequências deste fato não cabem nos modestos limites desta reflexão, mas devem ser considerados sempre que se pretender analisar mais amplamente as questões que envolvem escola e família.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O psicopedagogo que atua em âmbito educacional deve ter por objetivo, conduzir professores, diretores e profissionais pedagógicos a repensar o papel da escola frente à prevenção das dificuldades de aprendizagem da criança.  No entanto, ressalta-se que mesmo a escola priorizando os problemas de aprendizagem, esta nunca conseguirá abrangê-los em sua totalidade, pois crianças mais comprometidas necessitam de atendimento psicopedagógico mais especializado em clínicas. Por isso, o psicopedagogo pode atuar de uma forma mais preventiva, objetivando reduzir ou evitar os problemas de aprendizagem em âmbito escolar ou de forma clínica, onde dá atendimento às crianças com maiores comprometimentos, cujas dificuldades não podem ser resolvidas na escola.

A atuação do psicopedagogo não engloba somente seu espaço físico de atuação, mas também sua maneira de pensar a Psicopedagogia e seu conhecimento a respeito da área.

O profissional que atua na prevenção das dificuldades de aprendizagem atua no sentido de fazer com que um número menor de crianças sejam encaminhadas para clínicas, propiciando uma significativa melhoria no rendimento escolar como um todo.  O Psicopedagogo que atua em âmbito escolar deve fazer com que a escola acompanhe o desenvolvimento de seus alunos e seja um verdadeiro espaço de construção de conhecimentos, oferecendo suporte para que todos os envolvidos neste processo compreendam a necessidade de se realizar transformações efetivas.

Para que um psicopedagogo consiga ter um bom desempenho, é preciso que ele conquiste seu espaço dentro da escola, o que ainda não é uma tarefa fácil, pois a maior parte das escolas acreditam que o orientador educacional é capaz de solucionar todos os problemas.

Também, o psicopedagogo pode atuar no sentido de avaliar como se dá o relacionamento entre professor e aluno, pois muitas vezes, este relacionamento pode estar acontecendo de forma negativa, pelo fato do professor não conhecer bem o aluno, e, portanto, distanciar-se de suas necessidades. Muitas vezes, também, o professor não consegue identificar a fase de desenvolvimento cognitivo ou afetivo em que encontra-se o aluno, ou desconhece os problemas pelos quais a criança está passando no ambiente familiar.

Por isso, é importante que o psicopedagogo escolar participe de reunião de pais, a fim de que possa esclarecer o que se está acontecendo com a criança na escola, auxiliando os pais na identificação das reais necessidades de seus filhos e ensinando-os a estimular seus filhos em tarefas escolares realizadas em casa. Quando necessário o psicopedagogo encontrar-se separadamente com alguns pais, para melhor orientá-los ou conhecer melhor o ambiente familiar da criança que está apresentando problemas na escola.

Para tanto, é necessário que o psicopedagogo analise a programação da escola a fim de que possa obter subsídios para sua atuação. A administração de uma escola é representada pelo seu organograma, assim, o psicopedagogo pode dar início a seu diagnóstico escolar através da análise do mesmo, estudando as suas relações e estabelecendo conexões com as demais áreas programadas. Analisando-se cada profissional da escola, o psicopedagogo identifica se um determinado profissional está desempenhando sua função de forma adequada e consegue sugerir mudanças.

Face ao exposto, conclui-se que a atuação do psicopedagogo escolar tem início a partir da análise da organização como um todo. É muito importante o trabalho em equipe, junto aos professores, alunos e pessoal administrativo, a fim de que busque-se por melhorias no relacionamento entre si e entre os grupos, visando prioritariamente o aperfeiçoamento das condições de aprendizagem tanto individual, como do grupo.

Logo, o psicopedagogo tem sua importância, que é o de ser um fio condutor e alinhar todas as informações desde a escola até a família e a criança, fazendo com que, o código de comunicação construído e praticado na família seja compatível com o código da escola, estabelecendo assim um relacionamento de parceria e consequentemente contribuindo na formação integral da criança.

V. BIBLIOGRAFIA

ALTHUON, B; ESSLE, C e STOEBER, I. Reunião de Pais: sofrimento ou prazer? São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
BEAUCLAIR, J. Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades. Coleção Olhar Psicopedagógico. Rio de Janeiro: Editora WAK, 2004. (Coleção Olhar Psicopedagógico)
BOLLMAN, C. M. S. et al. Interação Pais e Escola. Rev. PEC, Curitiba, v.1., n.1, p.65-68, jul.2000-jul.2001.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ministério da Educação e Cultura: Brasília, 1996.
CAETANO, L. M. Relação Escola e Família: Uma proposta de parceria. Instituto de Psicologia/Universidade de São Paulo-USP, 2002.
JARDIM, A. P. Relação entre escola e família: proposta de ação no processo de ensino-aprendizagem. Dissertação de Mestrado. Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, 2006.
PARO, V. Qualidade de ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000.
VISCA, J. Psicopedagogia: novas contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
WINNICOTT, D. W. Conversando com os pais. São Paulo: Martins Fontes 2005.

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Como referenciar: "A Contribuição do Psicopedagogo Institucional para as Reuniões de Pais Promovidas pela Escola" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/05/2024 às 18:48. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/reuniaodepais/index.php?pagina=3