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Artes Integradas

Autor: Janice de Matos Pires
Data: 13/02/2019

Resumo

A sociedade moderna busca a todo o momento uma maior e mais rápida integralização dos indivíduos com a busca interna da realização de suas necessidades. Todo aprendizado deve buscar esta integração no sentido de potencializar o aprendizado e garantir a eficácia do desenvolvimento intelectual do aluno. A Arte possui importante papel na educação, uma vez que envolve aspectos cognitivos, sensitivos, culturais, corporais, além de outros, onde todos os sentidos, principalmente da criança, são estimulados. Este trabalho fez uma incursão pela literatura técnica disponível buscando caracterizar como a integração das artes com o currículo normal de aprendizagem pode garantir a efetividade do ensino através da potenciliazação dos sentidos e criatividade do aluno. Concluindo que a integração das artes estabiliza as emoções humanas, controlando as conexões neurais, construindo significados através do conhecimento prévio.

Palavras Chave: Artes Integradas. Estudo. Educação.

Introdução

A educação moderna se depara com um grande desafio, que é a consolidação de uma proposta pedagógica que vá de encontro às necessidades dos indivíduos que estão inseridos em uma sociedade globalizada e complexa, que assim exige uma educação à altura, que seja contextualizada e integrada.

Na integração da arte com a educação é de extrema importância que se busque por uma prática artística contextualizada e integrada que possa alcançar os mais importantes aspectos na formação de cada indivíduo.

A Arte, por si só, está sempre em movimento, estando globalizados e contextualizados com a realidade do dia-a-dia do ser humano, o acompanhando em sua história, mudanças e comportamentos.

A integração da arte com um determinado conteúdo busca alcançar um nível mais profundo de aprendizado e reflexão que poderiam ser alcançados sem a forma da arte.
Na área educacional, desde a década de 1970 vem sendo constatada a necessidade de práticas educativas que possibilitem formar cidadãos mais criativos e independentes, preparados para atuar diante das novas demandas e do grande volume de produção de conhecimentos (ALENCAR; FLEITH, 2003).

Segundo Alencar e Fleith (2003), alimentados pelas emergentes pesquisas sobre a criatividade, principalmente na área da Psicologia, educadores faziam severas críticas ao sistema educacional vigente, visto como um sistema que, ao invés de desenvolver, estava tolhendo a criatividade dos estudantes. Entretanto, apesar de haver certo consenso sobre a importância do desenvolvimento criativo, tais ideias adquirem sentidos e orientações dissonantes, provocando debates sobre quais são as perspectivas educacionais que impulsionam ou justificam a criatividade na educação.

Torna-se importante a construção de um currículo que faça a interação entre as disciplinas, vistas a superação do conhecimento fracionado. Buscando um currículo que dialogue com a realidade e que acompanhe as constantes transformações e mudanças da sociedade contemporânea.

A integração das artes com outro conteúdo de aprendizagem do indivíduo busca o desenvolvimento da criatividade através da forma mais lúdica nas linguagens artísticas. A Arte possui importante papel na educação, uma vez que envolve aspectos cognitivos, sensitivos, culturais, corporais, além de outros, onde todos os sentidos, principalmente da criança, são estimulados.

Este trabalho teve o objetivo de analisar o papel da arte e de sua integração junto às outras cadeiras do aprendizado no sentido de se obter maior desempenho do aluno e potencialização de sentidos que não são estimulados sem a utilização da criatividade imposta pelo contato com a arte.

Desenvolvimento

Segundo o Fórum Nacional de Parceria sobre Educação Artística (AEPNF (2002), a arte integrada é um conjunto de relações entre aprender nas artes e aprender nas outras habilidades e assuntos do currículo.

O esforço atrai muitos educadores e educadores de artes, mas muitas vezes por razões bem diferentes. Alguns abraçam o trabalho de uma convicção teórica, baseada na pesquisa ou filosófica de que é uma maneira poderosa de aprender e praticar habilidades, conhecimentos e atitudes fundamentais nas artes e outras disciplinas. Outros vêem isso como uma maneira pragmática e, talvez, conveniente de fornecer instrução abrangente nas artes e outras disciplinas dentro dos confins do dia escolar limitado e dentro dos limites da mão-de-obra disponível e recursos financeiros. O termo, portanto, significa coisas diferentes para pessoas diferentes.

A integração de artes é geralmente definida como a ligação de uma área de conteúdo e uma forma de arte; com o objetivo de alcançar um nível mais profundo de engajamento, aprendizado e reflexão do que sem a forma de arte. Em uma sala de aula integrada, os alunos estão trabalhando "com" a forma de arte e "através" da forma de arte para alcançar objetivos acadêmicos, sociais e pessoais (Cornett, 2007).

Conforme Cristiano (2010), um dos maiores objetivos da educação é o desenvolvimento intelectual e autônomo do indivíduo, contribuindo para o seu aperfeiçoamento e crescimento pessoal por conseqüência, a arte se insere neste contexto com total eficácia, uma vez que não tem a visão de provocar o ensinamento norteado por modelos prontos e fórmulas concretas que condicionam a intelectualidade e o bloqueio do imaginário criativo do aluno. E muito pelo contrário o ensino da arte busca mais que conteúdos fragmentados, prevendo essencialmente uma vivência integradora entre sujeito e sociedade, mostrando como compreender e modificar a sua realidade e também desenvolvendo sua autonomia intelectual através destas competências.

O histórico da inclusão da arte nas escolas começa com a não obrigatoriedade do ensino da arte no currículo escolar nas leis anteriores a LDB de 1996, a partir daí os arte/educadores de todo o país se mobilizaram para lutar politicamente para que o ensino da arte fosse inserido nas escolas. Esta mobilização tinha o intuito de fazer com que a arte fosse percebida como campo de conhecimento específico, com conteúdos, objetivos e métodos avaliativos próprios e não como uma atividade comum, até então compreendida pelas leis vigentes (CRISTIANO, 2010).

É dentro desta realidade que é preciso repensar a organização curricular fragmentada nas escolas, reavaliando as possibilidades de construção de um currículo que faça a interação entre as disciplinas, vistas a superação do conhecimento fracionado. Buscando um currículo que dialogue com a realidade e que acompanhe as constantes transformações e mudanças da sociedade contemporânea (CRISTIANO, 2010).

Um público cada vez mais amplo tem acesso e visualização das propostas modernistas que surgem através da integração das artes. Mesmo porque a visitação de museus e galerias até hoje ainda é restrita e os espaços modernos destinados à mostra de Arte Moderna só começaram a ser construídos no final dos anos 40. Um modelo de integração foi seguido por vários arquitetos em diversos espaços do país, inclusive da comunhão das artes plásticas e arquitetura. A síntese das artes, através das utopias modernistas, representa uma nova sociedade, mais integrada, diferente da que produziu as grandes guerras. Devido ao crescimento descontrolado das cidades e da total desigualdade de condições vivenciais distancia da realidade a ideia de que a cidade fosse uma grande obra, fruto das contribuições realizadas em comum e para um fim em comum (MACIEL, 2012).

Ainda segundo Maciel (2012), alguns teóricos já afirmaram que esta síntese das artes pode ser a arquitetura moderna brasileira, inclusive considerando a dissonância entre as propostas de cada linguagem. Ao passo que os projetos arquitetônicos exploram elementos abstratos, as pinturas e esculturas integrados apelavam em sua totalidade para o caráter figurativo.

É muito importante considerar que quando se faz a integração da Arte com a Educação cria-se uma mentalidade sobre o eixo música e criatividade. A aprendizagem criativa em musica, através desta concepção, pode gerar desenvolvimentos consideráveis às crianças. Corroborando com a ideia, Beineke (2012) vem citar:
... a aprendizagem criativa em música pode indicar uma alternativa possível quando se deseja construir uma educação musical na escola básica que contribua com a formação de pessoas mais sensíveis, solidárias, críticas e transformadoras, quando a criação abre a possibilidade de pensar um mundo melhor. (BEINEKE, 2012, p.56).
A música é a mais universal das linguagens. É universal no tempo e no espaço porque desde sempre ocupou lugar preferencial em todas as culturas e todos os povos a utilizam (CANTO et al., 2013).

Canto et al. (2013) observam que o processo de aprendizagem é inerente ao ser humano e que a criatividade desenvolve este processo de forma lúdica nas linguagens artísticas. Portanto, torna-se fundamental o cultivo e manutenção deste processo em atividade, estimulando a criatividade e o senso crítico para gerar nas crianças um olhar amplo e uma visão completa do mundo que as rodeia. Assim, o ambiente escolar se torna um excelente local para exercício da arte, incitando a educação. A ação do educador, principalmente os que são ligados à educação infantil, deve ser ressaltadas por experiências criativas. Tais experiências estimuladoras da criatividade implicam no desenvolvimento das relações e das descobertas pessoais, uma vez que a criatividade e as linguagens artísticas existem nas relações do indivíduo e seu meio.

Ainda segundo Canto et al. (2013), a arte possui papel fundamental na educação infantil, envolvendo aspectos cognitivos, sensitivo, cultural, corporal e muitos outros, onde todos os sentidos da criança podem ser estimulados. Assim, é importante que o educador introduza as linguagens artísticas no universo da criança, onde poderá despertar o gosto e o interesse pelas diversas ramificações do fascinante mundo das artes.

Várias teorias em aprendizagem baseada no cérebro apoiam o uso das artes como um veículo para estabilizar as emoções humanas que, eventualmente, controlam as conexões neurais responsáveis para recuperar o conhecimento prévio e se conectar às experiências presentes, a fim de construir significados. A teoria de Ned Hermann sobre Quatro Quadrantes do cérebro apóia esse contexto e oferece oportunidades para que designers de currículo se encaixem na modelagem de quadrantes no processo de ensino e aprendizagem. "Colocar informações em algum tipo de contexto que exige que os alunos processem informações em um nível mais profundo ajuda a memória porque estabelece um rastreamento de memória mais elaborado". Este é um laço da amígdala (assento das emoções) para o hipocampo (armazenamento de memória), quando vários dendritos estão se expandindo, o aprendizado ocorre em uma experiência satisfatória. As práticas de ensino e aprendizagem baseadas nas artes aumentam o interesse e os níveis de motivação dos estudantes e, de acordo com alguns relatórios, melhoraram as habilidades cognitivas para obter ganhos na realização acadêmica (INOCIAN, 2015).

As artes integradas: circulação, vivência e criação em diferentes linguagens da arte: Música, Cinema, Teatro, Literatura, Dança, Artes Visuais e Audiovisuais (videoarte, fotografia, performance e intervenções), deve ter a intenção de implementar ações que propiciem aos alunos a vivência e a criação em diferentes áreas da arte que não são possíveis de serem desenvolvidas nos horários regulares da disciplina Arte, suprindo as privações da vivência da arte que estes alunos certamente sofrem em seus municípios de origem e mesmo no espaço escolar, uma vez que são raros os espaços de fruição, circulação e fomento das artes. Está fundamentado especialmente nas leis que regem a arte e a cultura.

Inicialmente, a arte na escola deve ser tratada visando a possibilidade de oferecer experiências aos alunos nas linguagens da Música, Dança, Artes Visuais e Teatro, mas nem sempre isso acontece devido ao número de carga horária disponibilizada à disciplina de Arte no ensino médio integrado ao técnico nos institutos federais. A dificuldade de tratar no currículo escolar todas as linguagens da Arte se amplia ainda mais devido à formação específica do docente ser em apenas em uma das áreas da Arte (KUNZLER, 2015).
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Como referenciar: "Artes Integradas" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 03:09. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/artesintegradas/index.php?pagina=0