Você está em Artigos

A Importância e a Contribuição da Biblioteca no Ambiente Escolar (página 2)


Segundo Alonso (2010), a incorporação do uso da biblioteca escolar à prática do professor é um importante elemento para um melhor embasamento antes, durante e depois do desenvolvimento de um projeto de trabalho ou mesmo de uma unidade de estudo. O professor tem forte referencial para o aluno e se constitui, portanto como elemento estratégico para a integração desse espaço.

Essa contribuição da biblioteca escolar na formação de leitores está diretamente associada a relação entre educador, educando e o bibliotecário, unidos a um grande número de subsídios, tornando-se uma equipe atuante em um laboratório de autoaprendizagem (BEZERRA, 2008). No entanto, nem tudo é como deveria, infelizmente, a realidade das bibliotecas escolares,  

[...] apresenta um quadro bastante diferente daquele que poderíamos considerar o ideal. O que se observa na maioria dos casos, em especial quando se trata das bibliotecas de escolas públicas, são acervos defasados e sem nenhuma gestão; profissionais despreparados, na maioria dos casos professores readaptados; e espaço físico inadequado e mal equipado[..] (SILVA; CUNHA, 2016, p.46)
    
Questões de espaço, acervo, organização e falta de profissional qualificado (uma vez que nem sempre é um bibliotecário com formação específica que atua na biblioteca e sim outros profissionais que acabam sendo direcionados para atuar ali) afetam de forma direta em produtos e serviços que podem e devem ser oferecidos no ambiente. Com a Lei n.12.244 sancionada pela Presidência da República em maio de 2010, a universalização das bibliotecas escolares tem o prazo máximo de dez anos para se tornar uma rotina no Brasil e de acordo com ela, transformações importantes podem ser colocadas em ação, não só para as bibliotecas escolares mas para os bibliotecários de formação.

Mesmo com muitos entraves administrativos as bibliotecas escolares buscam atender seus objetivos básicos de  ampliar conhecimentos; colocar à disposição dos alunos um ambiente favorável para a formação e o desenvolvimento do hábito de leitura e da pesquisa, além de oferecer material necessário aos professores para a implementação de seus trabalhos enriquecendo seus currículos escolares e colaborando para o processo educativo e proporcionando aos professores e alunos melhores condições de atualização, estimulando nos alunos o hábito de frequentar e integrar-se ao ambiente biblioteca reconhecendo nela a oportunidade de atualização (HILLESHEIM; FACHIN, 1999)

Diante disso, a ação educativa que necessita existir no ambiente escolar busca a parceria de dois profissionais que, se atuarem juntos, podem trazer inúmeros benefícios ao processo ensino-aprendizagem: o professor e o bibliotecário. Enquanto um trabalha no  processo educativo, o outro pode reforçar os conteúdos por meio de leituras e atividades realizadas, além de desenvolver habilidades informacionais que contribuirão em todos os segmentos da vida dos sujeitos, conforme Caldin (2005) afirmou, é dever de ambos estimular, coordenar e organizar o processo de leitura para que não só conhecimentos sejam gerados e aumentados, mas também que a capacidade crítica e reflexiva possa ser estimulada e seja revertida para melhores atuações na sociedade.

Sobre essa ação educativa do bibliotecário, Campello (2010) cita diferentes níveis que vão desde a organização e otimização do ambiente para disponibilização das fontes disponíveis, até a função de palestrante (ao apresentar recursos e potencialidades da biblioteca), de instrutor (orientando sobre o uso das fontes de informação), de tutor (ao mostrar os passos a serem seguidos para a execução de uma pesquisa) e como orientador, auxiliando o estudante no entendimento e na apropriação das informações. Para que essa postura ativa seja de fato concretizada é preciso que o profissional participe das atividades escolares junto aos professores, nos momentos de planejamento, implementação e avaliação do processo de ensino-aprendizagem na instituição, mas antes de tudo, é preciso que o professor veja e internalize o espaço e a usabilidade da biblioteca como parte de seu trabalho.

Há também diferentes estilos de aprendizagem e justamente por isso é preciso que os professores se atentem para o fato de que nem sempre a abordagem clássica ou a mais contemporânea alcança ou supre as necessidades dos alunos. Se a aprendizagem pode acontecer (e de fato acontece) também fora da sala de aula, a escola precisa potencializar seus recursos para que mesmo fora de sala de aula, o aluno consiga refletir sobre o estudado, assim, a biblioteca pode e deve ser vista como uma extensão oferecendo ali recursos e suportes que podem ampliar o que ele acabou de desenvolver em sala de aula com o professor.

A leitura como parte do cotidiano

Quando o assunto é leitura em nosso país, Campello (2010, p.187) descreveu a situação que vivemos quando citou Silva (1997, p.47), "trata-se de uma "soma de carências" que se relacionam inicialmente à apropriação do universo letrado por crianças e jovens em idade escolar". Ao longo dos anos, a escola tem sido a principal via de acesso à leitura e a escrita.

O professor, nesta perspectiva, apresenta-se como aquele que confere um modelo de leitura para o aluno-leitor, servindo-lhe de espelho, especialmente quando os pais deste aluno não desenvolveram uma atitude positiva frente à leitura nem encorajam este tipo de atitude em seus filhos. Segundo Nell (2001), que também ressalta o âmbito afetivo do ensino da leitura, a escola deveria traçar e alcançar dois objetivos principais quanto a este ensino: (1) aumentar o número de leitores capazes; (2) aumentar o número de crianças e adultos que apresentem motivação e afeto frente a esta atividade, a fim de torná-la satisfatória e frequente no decorrer da vida do indivíduo, e não uma obrigação acadêmica tediosa e passageira (FERREIRA; DIAS, 2002, p.44).

Apesar das dificuldades existentes, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, cuja missão é transformar o Brasil em um país de leitores e que está em sua quarta edição, dados recentes apontaram que o número de leitores no Brasil subiu 6 pontos percentuais entre os anos de 2011 e 2015, o que aponta 104,7 milhões de leitores no país, ou seja, 56% da população.

Na pesquisa, considera-se leitor aquele que leu, de forma inteira ou em partes pelo menos um livro nos últimos três meses. Em média, o brasileiro lê 2,54 livros (sendo que 1,06 são livros inteiros e 1,47 em partes) no período de referência de três meses anteriores à pesquisa, o que equivale a 4,96 livros por habitante /ano.
Questionados sobre o que motiva a leitura, o interesse pessoal (gostar) é a principal motivação para a ação, seguida de interesse por atualização cultural, distração, crescimento pessoal, motivos religiosos, exigência escolar (ou faculdade) e atualização profissional. Entre os mais lidos estão o jornal (material mais lido) e a bíblia (gênero mais lido).

Ler em casa é o lugar mais escolhido, seguidos da sala de aula, bibliotecas, trabalho, nos transportes (ônibus, metrô ou avião), além de consultórios, salões de beleza, ou barbearias. Parques, shoppings, praças, clubes, livrarias, Cyber Café ou Lan House assim como cafeterias e bares também foram apontados como locais de leitura.

Percebe-se que o aumento da escolarização auxiliou na explicação para esse "aumento" no percentual de leitores, uma vez que o número de analfabetos ou de pessoas que não frequentam a escola formal diminuiu, segundo a pesquisa, de 9% em 2011 para 8% em 2015. O número de entrevistados que declarou ter ensino superior também aumentou de 10% em 2011 para 13% em 2015, além do aumento no ensino médio de 28% para 33%.

A leitura coopera para a formação intelectual e individual das pessoas, é por meio dela que podemos ter acesso à informação, de estar familiarizado com os conhecimentos que surgem na vida social e cultural, além de podermos fazer ponderações da nossa prática (CAGLIARI, 2005). Soares (2001, p.16) completa que "[...] quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a leitura e a escrita, a envolver-se em práticas de leitura e de escrita, torna-se uma pessoa diferente, adquire um outro estado, uma outra condição".

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997), a prática de leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes e continuamente a formação de escritores, isto é, a produção de textos eficazes com origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade (BRASIL, 1997, p.40). Sendo assim, o desenvolvimento da escrita e da leitura precisa de um trabalho sistematizado que deve ser realizado pela escola por meio de tipos variados de textos, para que o sujeito desde o início se familiarize e descubra, por meio de seu uso, as funções de cada um.

Conforme Kleiman (2009) afirma, não há um procedimento exclusivo e fechado para entender os textos, mas há diferentes meios de leitura, de acordo com as finalidades do leitor, além de ser grande fonte para o desenvolvimento do vocabulário, ou seja, "[...] o leitor pode agrupar sem problemas novas palavras a seu léxico; a imagem gráfica da palavra serve de auxílio dinâmico para sua lembrança e elucida a relação positiva que há entre leitura e ortografia" (ALLIENDE; CONDEMARIN, 2005, p.20). Ainda sobre a importância e influência da leitura, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 1997, p. 47) descrevem que "a leitura é a porta de entrada para o acesso a outras formas de conhecimento. Uma prática intensa de leitura na escola é, sobretudo, necessária, porque ler ensina a ler e a escrever".
Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "A Importância e a Contribuição da Biblioteca no Ambiente Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 17/04/2024 às 21:15. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/bibliotecaescolar/index.php?pagina=1