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O Valor Simbólico da Recreação para Crianças Surdas no Ensino Fundamental Regular (página 6)

A escola não tem nenhum projeto para esses monitores, sendo que sua colaboração é importante não só para evitar acidentes com os alunos, mas poderiam colaborar com brincadeiras e jogos evitando assim um desgaste para ambos os lados. Mesmo sabendo que o recreio serve para a criança ficar a vontade conversando e brincando com os colegas, pois é na brincadeira sem intervenção que pode acontecer os acidentes. Na verdade não é interferir nas brincadeiras, mas procurar dirigir as brincadeiras oferecendo mais recursos na hora do recreio.

Essa observação teve como objetivo verificar como os alunos da Escola Classe entre 8 a 15 anos se comportavam durante as brincadeiras no recreio em atividades diferentes, em ambientes diferentes e com outros professores, verificando a interação entre crianças surdas e ouvintes em outros locais. Foi notado nessa escola que muitas crianças surdas ficavam paradas sem interação com os colegas ouvintes, e quando brincavam quem estipulavam as regras eram as crianças ouvintes e os surdos normalmente aceitavam, e acabavam terminando as brincadeiras se isolando dos demais.

Durante as observações nessa escola, foi fácil perceber que as crianças surdas interagiam com os ouvintes de forma natural, mesmo tendo uma diferença de faixa etária entre os alunos eles conseguiam manter um diálogo. Na hora do recreio e do lanche os alunos formavam seus grupos de amigos para brincar sem separar surdos de ouvintes.

As brincadeiras eram realizadas em vários espaços da escola, sendo que os alunos ficavam andando, correndo, conversando e o único recurso utilizado para brincar foi uma bola trazida de casa pelos alunos, não foi notado nenhum outro recurso.

Percebe-se que na tabela 2 da Escola Parque sendo uma instituição voltada para a prática de esportes, como outras atividades diferentes em prol de uma aprendizagem significativa. Como os alunos precisam cuidar dos recursos como bola, rede, corda, jogos pedagógicos para as próximas aulas, a escola não os libera na hora do recreio que é a mesma hora do lanche. Nas observações foram notadas diferentes brincadeiras, de acordo com a tabela 2 pode-se verificar como as crianças surdas e ouvintes se dividiam na hora do recreio.

De acordo com essa tabela é possível verificar que os alunos entre 8 a 9 anos preferem brincadeiras de correr, de 10 a 12 jogar queimada e vôlei, sendo que apenas no futebol os meninos brincaram sozinhos. Já as crianças entre 13 a 15 anos não brincaram, sendo meninos e meninas, e estas eram surdas.

Durante as brincadeiras desenvolvidas no recreio, os alunos utilizaram as duas línguas, os sinais e a oralidade para se comunicar com os colegas ouvintes e surdos, mesmo não havendo um total entendimento da língua as crianças brincavam, mas não ficavam brincando por muito tempo, acabavam inventando outras brincadeiras onde todos entendessem.

No recreio muitos funcionários utilizavam alguns sinais de LIBRAS com os alunos surdos para manter uma comunicação eficaz onde fosse possível um entendimento. Mesmo havendo uma distância entre essas comunicações ficou visível que é preciso a escola investir mais na educação inclusiva, pois não basta só incluir, é preciso valorizar a diferença e o potencial desses alunos para que possam ser estimulados a participarem sem serem vistos como pessoas incapazes, como eram no passado.

CONCLUSÃO

Conclui-se que durante as observações realizadas nas duas escolas Classe e Parque do Distrito Federal, foi notado que a interação entre crianças surdas e ouvintes e entre surdas e surdas, aconteceu de forma espontânea, mas durante as brincadeiras permaneciam pouco tempo juntas.

Para que essa interação venha a acontecer de forma natural, é necessário que a escola busque alternativas para melhor receber e atender os alunos com necessidades especiais independente da sua gravidade, pois incluir esses alunos é recebê-los com respeito e procurar ao máximo valorizar cada um deles, sendo de suma importância para sua formação enquanto individuo pensante e capaz de se desenvolver plenamente.

Durante as observações, os alunos da Escola Classe recebiam vários recursos para utilizarem durante as brincadeiras, favorecendo assim a interação dos surdos com os ouvintes. Já na Escola Parque os alunos não recebiam nenhum tipo de recurso pedagógico para auxiliar nas brincadeiras, pois os alunos que traziam de casa brinquedos, tinham que lanchar rapidamente para aproveitar o tempo brincando antes de voltarem para a sala de aula.

Dentro dessa perspectiva a inclusão desses alunos especiais no ensino regular, requer que as pessoas mudem e suas atitudes e a forma de ver as pessoas diferentes, verificando que não existe ninguém perfeito ou normal, e sim pessoas diferentes que precisam do carinho, compreensão e muito respeito.

REFERÊNCIAS


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Maria Mirtes de Sousa Silva: aluna do 7º. Semestre do curso de pedagogia da Faculdade Evangélica de Brasilia
Jose Francisco de Sousa: Pedagogo, Historiador, Teologo, Administrador, Especialista em Docência do Ensino Superior, Psicodrama, Pedagogia Hospitalar, Educação Ambiental,Mestre em Educação, Doutor em História (Unileon-Espanha),Doutorando em Psicologia pela PUC-GO

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Como referenciar: "O Valor Simbólico da Recreação para Crianças Surdas no Ensino Fundamental Regular " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 25/10/2025 às 19:16. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/crincassurdasnoensinofundamental/?pagina=5