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A Indissociabilidade do Cuidar e Educar (página 2)


O profissional da educação que atua com bebês apresenta a estes o mundo que o cerca, pois eles são imparciais à cultura de sua comunidade. O alguém que se dedicar a ele é que vai oferecendo novas experiências, aprendizados e regras que ao longo do tempo vai caracterizando a cultura na qual o está inserido. Ao cuidar de um bebê estamos constituindo um sujeito, com valores e crenças, por este motivo a relação entre o bebê e o seu cuidador, não é apenas a de atendimento das necessidades.

Através das observações que realizamos tornou-se evidente a influencia do educador na vida dos bebês, as professoras com as quais tivemos contato foram muito atenciosas com as crianças, muitas vezes assumindo a função materna. As brincadeiras que realizavam com cada indivíduo e a forma com a qual conciliavam o seu tempo para atender a todos, foi fundamental para a construção do vinculo afetivo e o desenvolvimento motor, respeitando os limites de cada um.

É indispensável criar uma relação afetiva entre o bebê e cuidador. Esta relação se dá através das trocas, do momento de alimentação, das conversas e das brincadeiras. Para que os bebês possam se desenvolver de forma saudável é fundamental levar em conta as contribuições do ambiente físico, tais como: materiais disponíveis, espaço que habita e suas relações com as pessoas do seu grupo social. Pois elas determinam quais serão os estímulos dados aos bebês e qual será sua interação com o meio.

Segundo Vygotsky (2010) o indivíduo aprende através da sua interação com o meio no qual está inserido, sendo modificado através das relações que constrói. Esse apodera mento que a criança faz do que aprende é constantemente modificado ao longo do seu desenvolvimento, pois a criança está em constante processo de aprendizagem onde constrói, desconstrói e reconstrói cada conceito que adquire ao longo das suas vivencias. A mediação que o professor realiza com o aluno, também é outro ponto defendido por Vygotsky. Segundo ele, o aprendizado impulsiona o desenvolvimento e por este motivo a escola tem papel essencial na formação do indivíduo, essa intermediação entre bebê e o mundo ao seu redor é feita pelo professor nas relações estabelecidas pelo cotidiano.

Junto com este indivíduo/profissional o espaço será um elemento de aprendizagem, uma possibilidade de desenvolvimento que ao ser apropriadamente planejado pode oferecer incontáveis experiências. É crucial que consideremos o espaço como uma construção social que privilegia as atividades em grupo e favorece a construção da personalidade e caráter de cada educando.

Para incentivar a autonomia dos bebês devemos preparar um ambiente com uma grande variedade de estímulos, tais como: espelhos, chocalhos, objetos do cotidiano e brinquedos sensoriais. Estes tipos de brinquedos incentivam as crianças a conhecer o mundo ao seu redor e a partir disso, encontrar ferramentas que o ajudam a solucionar os conflitos do cotidiano dando a criança um vasto repertório de vivências.

Nesse sentido, é possível observar que, no curso da história, esses espaços, que, por sua vez estão atravessados por representações do entendimento sobre a criança, marcam os modos de como as escolas e a própria sociedade se organizam para atender e se relacionar com esse sujeito. FOCHI. 2013.p.22.  

Esta citação do Fochi reafirma a importância do espaço escolar como um elemento disseminador das concepções de um determinado grupo social, as instituições de ensino assim como os professores são os principais veículos de transformação da sociedade através de práticas e ações transformadoras que visam o desenvolvimento do educando como um todo. Priorizando a oportunidade de estudar todas as suas possibilidades em busca de novos recursos e desta forma se desenvolver em sua plenitude.

Em nossas observações podemos perceber que a instituição se preocupava em oferecer atividades de acordo com a faixa etária da turma, entretanto o seu foco era com o cuidado. A turma tem acesso os ambientes com todas as condições necessárias param se desenvolver de forma integral, porém suas vivencias nestes locais são limitadas prejudicando sua autonomia e sua necessidade de manusear, mexer, provar e conhecer diferentes objetos, cores, sons e texturas.

Baseado nisso é de extrema importância a compreensão que cuidar e educar não possuem significados tão distintos, na verdade ambas possuem o mesmo sentido no cotidiano do professor de berçário, pois para poder educar os bebês é necessário que primeiro cuidemos de suas necessidades para que ele possa se desenvolver de forma saudável e não sinta-se inseguro durante a sua aprendizagem.

REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da pedagogia Geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.  
BARBOSA, Maria Carmen Silveira. A seleção e a proposta de atividades. In: BARBOSA, Maria  Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008. 236 p. ISBN 85-363-0715-3  
BARBOSA, M. C; FOCHI, P. Os bebês no berçário: ideias chaves. In: FLORES, M. L,; ALBUQUERQUE, S. (org). Implementação do Pro infância no Rio Grande do Sul: perspectivas políticas e pedagógicas. POA: EDIPUCRS, 2015. P.57-68.  
BARBOSA, M. C.; RICHTER, Sandra. Os bebês interrogam o currículo: As múltiplas linguagens na creche. In: CAIRUGA, R.; CASTRO, M.; COSTA, M. (org).  Bebês na Escola: observação, sensibilidade, e experiências essenciais. POA: Mediação, 2014. P. 81-101.
FOCHI, Paulo Sergio. - Mas os bebês fazem o quê no berçário, heim?: documentando ações de comunicação, autonomia e saber-fazer de crianças de 6 a 14 meses em contextos de vida coletiva / Paulo Sérgio Fochi. - 2013. 172 f. Dissertação ( mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Programa de Pós - Graduação em Educação, Porto Alegre, BR-RS, 2013.

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Como referenciar: "A Indissociabilidade do Cuidar e Educar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 24/04/2024 às 02:09. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/cuidareducar/?pagina=1