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Dislexia e Matemática (página 3)

OBSERVANDO, ENTENDENDO E TRABALHANDO AS DIFICULDADES

Vamos observar o processo de raciocínio da pessoa para entender seu estilo cognitivo de aprendizagem, e só então intervir de maneira adequada:

  • A criança está tendo inabilidade para contar números para trás ou para frente, de dois em dois ou de três em três. Salta a numeração, desorganiza-se, fica nervosa, logo quer desistir. A ansiedade e o medo de errar começam a instalar-se em sua vida afetiva. Devemos tentar ajudá-la, melhorando sua auto-estima e confiança. Este comportamento aparece com freqüência, pela fragilidade de percepção corporal-espacial. Como conseqüência, ocorrem alterações na orientação, lateralidade e seqüência. Exercícios que ajudam: Dê os vizinhos (usando como apoio uma régua numerada), jogos que usem dados, dominó, resta um, dama, ludo, brincadeiras e atividades desportivas. Resumindo, atividades que exercitem movimentos para frente e para trás, mas sempre de forma lúdica e divertida.
     
  • O aluno, diante de uma conta de adição 8 + 3, por exemplo, começaria a contagem partindo de oito. Porém, o disléxico vai começar do zero ou 1, 2, 3, 4... até chegar no oito e depois começar: zero ou 1, 2, 3. Isto ocorre freqüentemente pela falta de compreensão dos traços gerais do número, da ordem, da estrutura seqüencial. Eles precisam sempre do referencial (início, meio e fim). Usar os dedinhos, palitos de sorvetes, palitos de fósforo, clips, contas, canudinhos, contador, ábaco...
     
  • Este mesmo comportamento pode acontecer numa conta de multiplicação: 3 x 4, por exemplo. Ele irá começar por 3 x 1, ... É importante ensinar a multiplicação como sendo uma adição simplificada. Usar um modelo concreto. Precisamos mostrar o modelo mental na prática, nunca decorar a tabuada mecanicamente. O que precisamos ensinar é como se chega ao resultado. Por exemplo:

3 x 5 = 15

Tenho três vezes o número cinco. Coloco um desenho representando o processo. Manter sempre a unidade e dezena nos lugares correspondentes:

  • Usualmente, a criança com dislexia poderá fazer confusões nos sinais (+) da adição e (x) da multiplicação. Sugiro usar cores diferentes para destacá-los. Mas a cor deverá sempre ser padronizada.
     
    Às vezes, mesmo com todo auxílio concreto, a criança com dislexia poderá continuar apresentando dificuldades com a tabuada. É preciso reconhecer esta limitação e fornecer materiais que auxiliem seu trabalho mental. O uso de réguas numeradas, calculadoras e tabuadas confeccionadas pela própria criança, é muito mais eficiente que provocar-lhe uma angústia por não conseguir realizar um cálculo mental.
     
  • A posição das casas numéricas deverá ser trabalhada com quadros de pregas, jogos confeccionados pelos alunos e professor, material curisineire ou material dourado. Procurar realizar as contas em papel quadriculado, determinando as casas de unidade, dezena, centena e milhar. O uso do computador também é outro recurso válido. Além disso, existem joguinhos e exercícios que podem ser adquiridos e usados, os softwares educativos.
     
  • Os problemas de memória a curto prazo e as dificuldades de compreensão do sistema de valor da posição podem causar dificuldades. Um modo adequado de auxílio consiste em guiar o manejo da conta: transportar o número, colocando  o número que foi elevado ou tirado ao lado.
     

     
  • Outras complicações podem aparecer na divisão. Também é importante usar a forma passo a passo:


     
  •  A troca e a inversão dos números também pode ocorrer. Exemplo: 3 por 5, ou escrita em espelho. Requerem atividades com numerais em relevo, de diversas texturas. Nesta situação, o que precisa ser trabalhado são as imagens mentais, funções sensoriais e cinestésicas. Dica: brincadeira de colocar vários números de diversos tamanhos e formas num saquinho e pedir para a criança vendada retirar um. Depois tateá-lo, escrevê-lo na lousa ou no papel. Assim, estimula-se a imagem mental, a orientação espacial e sensibilidade tátil-cinestésica.

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Como referenciar: "Dislexia e Matemática" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 26/04/2024 às 22:17. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/dislexiamatematica/index.php?pagina=2