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A Educação de Jovens e Adultos: Estudo das Motivações Mobilizadoras Determinantes da sua Permanência em Sala de Aula (página 5)
3.2 PERFIL DO ALUNO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Todos os alunos entrevistados deixaram claro, durante as entrevistas, o seu contentamento em poder frequentar pela primeira vez ou voltar a frequentar novamente uma sala de aula. O que em certos momentos nos emocionou, tamanho o esforço destes alunos em adquirir o saber letrado.
Não estão acomodados, aceitando o destino que lhes foi imposto quando criança devido a várias circunstâncias, mas buscam e anseiam por educação culta, transformadora e auxiliadora em sua intervenção na sociedade.
Portanto, enquanto animal é essencialmente um ser de acomodação e do ajustamento, o homem o é da integração. A sua grande luta vem sendo, através dos tempos, a de superar os fatores que o fazem acomodado ou ajustado. É a luta por sua humanização, ameaçada constantemente pela opressão que esmaga, quase sempre até sendo feita - e isso é o mais doloroso - em nome de sua própria libertação. (FREIRE, 1989, p.43).
Acomodados são aqueles que tranquilamente aceitam os obstáculos que ao longo da vida foram surgindo na caminhada.
Observa-se que a maioria destes jovens e adultos busca através do estudo arrumar, ou manter o emprego, no entanto melhorar sua condição financeira, além da vontade imensa de aprender. É a oportunidade de conseguirem um trabalho de melhor qualidade com uma melhor remuneração. Segundo Fernandes:
Muitos destes educandos viviam na zona rural, passaram a infância e adolescência ajudando seus pais na roça ou cuidando dos irmãos menores, não havia tempo para a escola. Ao migrarem para a cidade, sua condição de analfabeto os obrigaram a aceitar, mais uma vez, o trabalho braçal. Por isso a escola, a educação letrada é vista por estes educandos como uma meta a ser concluída, para que sua realidade de trabalhador braçal seja transformada, com um serviço menos árduo e melhor remuneração.[...] a sua condição de analfabetos lhes obriga a se empregarem em trabalhos pesados e de baixa remuneração, tais como servente de pedreiros, empregadas domésticas e ajudantes, entre outras ocupações. A alfabetização aparece então como um meio para se trocar esses empregos por outros menos desvalorizados socialmente, um serviço mais maneiro e de melhor ganho. A alfabetização desse modo se objetiva, para esses sujeitos, como uma aliada na sua fuga das condições miseráveis que lhes são impostas para produzirem e sobreviverem.(2004, p.60)
Na segunda questão, os entrevistados falaram de como se sentem frequentando a escola depois de muito tempo fora dela?
O adulto quando começa a frequentar a sala de aula, se sente valorizado. Aumenta sua auto-estima, modifica seu modo de pensar e interage com pessoas que buscam ali um propósito em comum, a alfabetização, a libertação para um mundo antes privado de conhecimentos. Passa a sentir-se membro atuante da sociedade. Sente-se capaz de esboçar opiniões, quando preciso e criticar, com intuito de reconstruir uma sociedade digna e menos preconceituosa. A escola torna-se assim, a porta de um mundo a ser descoberto.
Em consequência, ao ensinar as primeiras letras ao adulto, a sociedade estará abrindo as portas para suas exigências educacionais futuras. E não somente é compelida a satisfazê-las, portanto, deve desde agora preparar-se para isso, mas unicamente assim adquiri sentido o intento atual da educação de adultos. Se assim não fosse, a sociedade estaria se empenhando num enorme esforço para nada [...] (PINTO, 1982, p.85).
Ao descobrir o mundo letrado o adulto se sentiu capaz de intervir, argumentar e buscar seus interesses, antes reprimidos por medo, pelo constrangimento de ser analfabeto.
A sociedade, que contribui para esta descoberta pelo adulto, é a mesma que será questionada, cobrada por ele. Deve assim, preparar-se para responder, satisfazer e realizar os seus propósitos. Pois, somente assim, ela (sociedade) se fará sabedora que todos os seus esforços não foram em vão.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evasão escolar desde sempre é assunto em pauta em toda discussão que diz respeito ao ambiente escolar. Também é fato que ela sempre ocorreu e que continua a acontecer. Muitas são causas, difícil é evitá-la nas escolas por mais projetos que se possa desenvolver.
Mediante as observações, estágio, visitas e entrevistas com alunos e professores, apresento algumas considerações referente ao tema as motivações mobilizadoras determinantes da sua permanência em sala de aula.
Podemos considerar, que o aluno que trabalha durante o dia e estuda a noite, por si só já é uma jornada cansativa. Dos entrevistados, todos têm família e todas as exigências e responsabilidades que esta demanda. Portanto, trabalhar durante o dia e deixar à família todas as noites exige dos alunos muita força de vontade e persistência.
Sendo assim, aqueles que hoje frequentam uma sala da EJA, vem em busca da realização de um sonho, de um desejo, do prazer em conhecer as letras e com elas aprender a construir palavras, as quais, eles consideram uma forma de libertação. Muitas mulheres querem ler a bíblia, cartas, ajudar seus filhos com a lição de casa. Os homens vêem na alfabetização a chance de melhora, de um emprego menos braçal e melhor remunerado. Orgulham-se em dizer que todos os seus filhos estão na escola, todos terão a oportunidade que eles não tiveram, pelo menos não na idade certa.
As dificuldades encontradas no que diz respeito à aprendizagem são mínimas, diante de tamanho empenho, tanto por parte do educando como do educador, que esta sempre buscando a diversidade, não mede esforços, afim, de mantê-los em sala de aula.
Foram semanas de observações, estágio, visitas à escola e entrevistas, para verificarmos que a escola estudada, tem como principal objetivo não medir esforços para que seus alunos da EJA permaneçam nela.
Dentre outras coisas a escola oferece estrutura pedagógica, psicológica bem como apoio emocional, pois o carinho, afeto entre aluno/professor perpassam os portões da escola. Cabe ressaltar que há dificuldades, porém asseguramos que toda equipe escolar trabalha e empenha-se para se não sanar, ao menos suavizá-las.
Observamos que o aluno da EJA precisa de um planejamento diferenciado e condizente com sua realidade cotidiana, mas, necessitam de incentivo, carinho e respeito, para que possa deixar de ser mero expectador e passe a ser autor de sua própria história.
Enfim, consideramos que escola, família, comunidade, sociedade, bem como o Poder Público são co-responsáveis pela formação educacional de jovens e adultos. Acredita-se que a evasão escolar constitui uma negação desta formação. Desta maneira necessita-se buscar todos os meios e todas as ferramentas possíveis,afim, de sanar esse problema e garantir a todos o princípio da igualdade.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, P. P. (2004). Literacia Emergente. In J. Lopes, Velásquez, P. P. Fernandez, & Bártolo. Aprendizagem, ensino e dificuldades da leitura. Coimbra: Quarteto.
FERNANDES, Florestan. O significado do protesto negro. São Paulo: Editora Cortez, 1989.
FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Petrópolis, ed. Vozes, 1994
FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários á prática educativa 16ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança_ v1 Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler, 27ª ed. São Paulo, 1989, ed. Cortez.
http://intervox.nce.ufrj.br/%7Eedpaes/magda.html
LEI nº 9.394/96. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em 26 de Nov. De 2012
MOLL, Jaqueline. Alfabetização Possível: Reinventando o Ensinar e o Aprender 5ª ed. Porto Alegre, ed. Mediação,2004
PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo, ed. 1982.
Plano Nacional de Educação: Brasília Câmera dos Deputados 2002.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: 2 ed. São Paulo: Contexto 2004.
Departamento Nacional. Guia Para a Ação alfabetizadora: Serviço Social da Indústria Brasileira, SESI, INEP - MEC
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Como referenciar: "A Educação de Jovens e Adultos: Estudo das Motivações Mobilizadoras Determinantes da sua Permanência em Sala de Aula" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 15/10/2025 às 04:28. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ejaestudo/?pagina=4