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Processo de Gestão Democrática Educacional em Comunidades Surgidas de Assentamentos Urbanos (página 2)

 O trabalho do gestor escolar apresenta desafios que sempre envolvem expectativas, inseguranças, dúvidas e que, em nós, conclamam a necessidade de agir, intervir, de fazer face aos desafios propostos pela experiência. Assim, reflete sobre a prática escolar, esclarecendo-a e transformando-a na direção da construção do homem e mulher necessários a uma sociedade também em transformação. Tais desafios remetem a uma reflexão sobre o papel político do gestor escolar, que deixa de ser mero burocrata da Administração Pública, para ser um elemento conhecidamente atuante no seio da comunidade em que está inserido, isso através de trabalhos de mudança, envolvendo pais,  moradores e alguns setores da Administração Pública.

 Essa premissa é reforçada por PLACCO (1994:11), quando comenta que mudanças não ocorrem por efeitos de dicursos, provêem de confrontos e constrangimentos, desvelados na construção, nas contradições do discurso e da prática, afirmando que as mudanças ocorrem quando a essa tomada de consciência juntam-se possibilidades objetivas mobilizadoras de ação.

A mudança primordial está na postura do gestor de escola, que deixa de ser um gerente, controlador de força de trabalho e administrador de recursos escassos. Como OLIVEIRA (2000:253) sintetiza: "O diretor vê-se, assim, submetido a uma rotina burocrática, que absorve muito de sua capacidade criativa, obrigado a procurar soluções mágicas para equacionar os problemas, em condições materiais tão adversas".

 A atuação do gestor, juntamente com a sua "força-tarefa" (professores, alunos e demais colaboradores) no trabalho em campo, além de ser uma atividade eficaz e permanente, demonstra boa vontade e dinamismo aos olhos dos comunitários. Essa boa impressão gera confiança, e com isso a missão de construir uma escola cidadã vai aos poucos se tornando uma obrigação de todos os envolvidos. Logo surge a necessidade de continuidade, através de projetos mais ousados que atinjam toda a sociedade, de forma concisa e duradoura.                     
 
 Na perspectiva de mudança na postura comportamental dos envolvidos, através da tomada de consciência permanente, vislumbramos um indivíduo constituído de uma índole bem formada. Contudo, ainda é um ente em evolução tanto na moral quanto no intelecto, podemos dizer que é um embrião crescendo a cada momento. De acordo com Freire, o fato do homem ser consciente da sua realidade não implica estar em processo de conscientização, porque para isso é necessário que ele seja detentor de instrumentos que possibilitem intervir no meio social em está inserido, de uma forma humanista e transformadora.
 
 Nós, educadores experientes ou iniciantes, motivados ou desesperançosos, ousados ou cautelosos, enfim, independente da postura profissional, temos a convicção da importância estratégica dessa profissão, pois somos formadores de opinião, não tão intensos como os instrumentos de mídia, mas não menos eficazes.

 A gestão participativa, dentro dessa temática transformadora, busca unir toda a comunidade em torno de objetivos comuns. Contudo, essa tarefa muitas vezes esbarra na desconfiança das pessoas que, traumatizadas pela política de promessas de melhorias propostas por grupos hegemônicos oportunistas, desenvolvem repulsa por ideias inovadoras. E nessa cena teoricamente adversa é que a gestão democrática manifesta a sua intencionalidade de prática educativa integradora de indivíduos, de grupos e de ideias.    


Referências Bibliográficas

1- SAVIANI, Demerval. Sentido da Pedagogia e o papel do Pedagogo.               ANDE Revista da Associação Nacional de Educação. Ano 5, nº 9, 1985.     pág. 27-28.

2- PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. Formação e Prática do Educador e     do Orientador. Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico,      Campinas, SP: PAPIRUS, 1994.

3- OLIVEIRA, Dalila Andrade. Educação Básica: Gestão do Trabalho e da   Pobreza, Petrópolis, RJ: VOZES, 2000.

4- TEIXEIRA, Maria Cecília Sanchez Teixeira e PORTO, Maria do Rosário                 Silveira. Gestão da Escola: novas perspectivas. In: PINTO,  Fátima    Cunha ,Piracicaba, SP: UNIMEP, 1997.

 


                                                                         

 

 

 


     

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Como referenciar: "Processo de Gestão Democrática Educacional em Comunidades Surgidas de Assentamentos Urbanos" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 19:17. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/gestao/index.php?pagina=1