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Gramática da Língua Materna: História, Conceito e Ensino (página 3)

DESENVOLVIMENTO

       Assim, o papel da escola é ensino a norma padrão; um trabalho na/com a linguagem, um trabalho de reflexão sobre os fatos de linguagem reais e concretos dos alunos e falantes reais e concretos. A respeito sobre as aulas de gramática há uma "evidência" empírica de seus resultados e fracassos; método do certo e do errado, regras e exceções; até "musiquinha" para decorar as regras são utilizadas, principalmente escolas cujo material é apostilado. É possível afirmar que um dos problemas é tomar a gramática como língua, condição que exclui outras normas e com ela toda a contribuição de algumas correntes Linguísticas enquanto ciência.

       Uma das discursividades que mais circulam quando se trata de discutir sobre Língua portuguesa é que "português é difícil mesmo". Ora, se todas as línguas possuem o mesmo grau de "dificuldade para o falante nativo. É um forte argumento discursivo usado para justificar o fracasso escolar. Neste sentido, como ninguém ainda propôs procurar uma "língua fácil" de se falar em substituição ao português? Elementar.
 
      Neste jogo de discursividade, há um certo "silenciamento" (Orlandi, 1999) sobre alguns aspectos das línguas, tais como: todas são históricas, multiformes, transformam-se no tempo e no espaço, na estratificação das formações sociais, são suficientes para os falantes de sua época, atendem às necessidades dos grupos (profissão, sexo, etnia, classe social, espaço geográfico). Talvez a lição do mestre genebrino (Saussure) não tenha feito sentido na ordem do discurso sobre língua e nem as reflexões de um outro mestre, Geraldi (João Wanderley Geraldi). Pois, a língua é sistema social, possui uma semiautonomia em relação ao falante, sistema semiaberto, realizam-na na interação social, realiza-se no fluxo da linguagem (Bakhtin); sabemos mais regras do que pensamos. Ex.: a casa/ casa a. Se houver por ventura disposição para desenvolver um trabalho estatístico em que se registre no total de produção do falante os atos de linguagem o percentual que está de acordo com o norma padrão e o que difere dela, isto irá colocar questões, mas abrangentes ainda sobre o ensino de língua.

       Ensinar língua, além da concepção do que seja língua, leva necessariamente ao trabalho de ler (textos científico, literário, jornalístico, dissertação, narração, propaganda e marketing, leis, tratados etc.) e escreve (diversos gêneros). O trabalho na/com a linguagem implica desde considerar as variações, mas também pesquisar, observar oralidade e escrita, elaborar hipóteses sobre as normas sociais de uso, elaborar hipóteses das formas em "conflito", em vista de alteração ou continuidade. Ex.: sintaxe, morfologia, fonética.
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Como referenciar: "Gramática da Língua Materna: História, Conceito e Ensino" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 27/04/2024 às 16:50. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/gramtica_da_lngua_materna/index.php?pagina=2