Reflexões sobre a Utilização dos Jogos no Ensino da Matemática

Autor: Ferencz Sebok Junior
Data: 10/08/2010

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a grande dificuldade apresentada por alguns alunos  de  5ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio, bem com o  grande desinteresse pela matéria, tenho observado que a Matemática é caracterizada por algumas crianças de difícil entendimento, antes mesmo de a conhecerem como disciplina. Alunos demonstram o desinteresse através do mau comportamento em sala de aula, não entendem o porquê de tanta matéria teórica, tantas variáveis. Querem saber onde? e como? utilizarão este aprendizado em sua vida.  

Percebo então que se faz necessário mostrar-lhes como a Matemática  é um aprendizado de grande importância. E uma das formas de fazermos isto, enquanto professores, pode ser por meio da utilização de diversos jogos,  que podem ser praticados no dia a dia, como por exemplo, jogos de dados ou de dominós, como também a pontuação em jogos eletrônicos, vídeo games, etc. Estes conhecimentos geralmente não são contextualizados na disciplina de Matemática, mas podemos utilizar diversas opções de Jogos em uma Sala de Aula. O lúdico  pode tornar o aprendizado mais prazeroso. Porém, faz-se necessário que a inclusão destes jogos na disciplina seja feita por professores ou monitores preparados, pois as crianças necessitam de estímulos corretos para o seu desenvolvimento e devem praticar aquilo que aprendem.

As escolas de Educação Infantil  da cidade de Limeira incentivam, ao menos uma vez por semana, as crianças a levarem brinquedos para a sala de aula, tornando assim o ambiente alegre e descontraído, dessa forma procuram estimular na criança a freqüência, a participação em aula, e à socialização com as demais crianças de sua sala.

Este é o primeiro encontro com o lúdico em uma sala, mudando o conceito de que este espaço seja apenas para a exposição teórica e cansativa de conteúdos didáticos, independentemente da disciplina. Crianças com idades entre 10 e 12 anos ainda costumam  levar pequenos brinquedos para a sala no Ensino Fundamental , como bolinhas de gude, figurinhas, peão, dominó, pega varetas, entre outros. Há professores que contestam esses hábitos por acreditarem que geram problemas como o desinteresse pela aula e a indisciplina, ou seja, tumultuam a aula. Isso pode realmente acontecer se a aula não for preparada para a utilização de um jogo específico, ou se o professor não estiver preparado para lidar com o lúdico.

Em vez de proibir o uso de materiais como estes, um caminho talvez seja aproveitá-los pedagogicamente, professores podem buscar novos caminhos para um melhor aproveitamento destes jogos, utilizando-se das atividades corriqueiras das crianças para ensiná-las, despertando nos alunos o entusiasmo e o raciocínio lógico.

[...] pessoas ligadas a área educacional e, principalmente professores de series iniciais não podem esquecer que pelo menos até a 4º serie do ensino fundamental a escola conta com alunos cuja maior especialidade é brincar (Freire, 1989, p.13-14)

Hoje, com a ascensão da era digital, encontramos meios e recursos à disposição na internet, além de livros e artigos impressos onde podemos buscar atividades e metodologias para a aplicação de jogos em sala de aula. Muitas escolas da rede Estadual possuem materiais para este fim, entretanto nem sempre são utilizados com esse objetivo, por na maioria das vezes serem desconhecidos pelos professores.

Em nossa formação inicial, observamos  que a aprendizagem deve transcorrer de forma interessante e prazerosa para ambos os lados, e tornando-se significativa ao aluno.

Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir o bloqueio apresentado por muitos de nossos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados para aprender [...] (Borin, 2004,p.9).

É importante ressaltar que o primeiro contato da criança com a Matemática geralmente se dá por meio da família e de seus amigos mais próximos. Sendo assim, neste contato a negatividade poderá ser transmitida por aqueles que não a compreenderam enquanto a estudavam. Isto pode ter ocorrido por diversos motivos, sejam eles a metodologia aplicada,  o contato com professores mal formados e despreparados, a própria intenção do aprendizado por parte do aluno, os seus estímulos e a sua motivação, o que o leva a encontrar  dificuldades durante o processo de  aprendizagem e no desenvolvimento do raciocínio lógico, desmotivando-o e consequentemente causando o desinteresse pela disciplina.

Com a inclusão de jogos temos uma chance de reverter esta situação, pois, crianças necessitam praticar e visualizar o que aprendem.

Em sala de aula, pudemos notar as dificuldades que alguns alunos enfrentam ao se depararem com problemas lógicos, que necessitam da compreensão do texto para encontrarem a solução, muitos demonstraram desinteresse pela leitura do enunciado, outros nem a entenderam, isso fez com que eu procurasse instrumentos para tentar nestes, o interesse pela leitura e compreensão, despertando-os, instigando-os a raciocinarem antes da execução de qualquer problema que vierem a  enfrentar.

No contato mais próximo com os professores, agora que encerrei meus estágios e assumi aulas próprias, pude perceber que as dificuldades e problemas encontrados em sala de aula, são praticamente os mesmos. Alunos indisciplinados e desinteressados, não percebem que o futuro de cada um deles se faz do presente. Dificuldades na interpretação e solução de problemas, notas baixas no Saresp , se justificam; alunos não possuem o discernimento suficiente para perceber que a matemática que se aprende em outras séries do ensino será também utilizadas durante toda a permanência na escola e durante a vida, e mais que esse aprendizado é contínuo. A exemplo até mesmo das quatro operações básicas:, adição, subtração, multiplicação e divisão, incluindo as suas propriedades, potenciação e radiciação. Quando questionados, argumentam que não aprenderam, culpam seus professores de séries anteriores, quando  na verdade, esqueceram-nas.