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Pedagogia hospitalar: refletindo sobre o papel do professor junto à criança hospitalizada

Autor: Cintia de Castro Loredo e Patricia Vendramin Linhares
Data: 23/09/2015

PEDAGOGIA HOSPITALAR: REFLETINDO SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR JUNTO À CRIANÇA HOSPITALIZADA


RESUMO

Este estudo teve a finalidade de fazer uma pesquisa, por meio de revisão bibliográfica, de alguns pensadores importantes para a educação, sobre o papel do Educador dentro de um Hospital. Buscamos a compreensão sobre este assunto, porque qualquer criança pode se submeter a períodos de internação decorrente a doenças e seus respectivos tratamentos podendo se ausentar por algum tempo da escola, do seu ambiente familiar e de seus amigos, assim é obrigada a se adaptar a uma nova rotina com exames e tratamentos que na maioria das vezes traz consigo incômodos, gerando ansiedade e medos à criança/paciente. É neste contexto que investigamos, por meio de trabalhos de pesquisadores, o papel do educador para atender às crianças dentro do hospital, observamos algumas ações educacionais possíveis de serem realizadas no acompanhamento pedagógico com a criança e adolescente hospitalizado e, levando em conta a situação de baixa autoestima, medo e angústia em que a pessoa em tratamento e/ou internada se encontra pesquisamos os possíveis benefícios, nos aspectos cognitivos, emocional, motor e social, que o trabalho do educador pode proporcionar às crianças hospitalizadas.

Palavras-chave: pedagogia hospitalar; atendimento pedagógico; papel do pedagogo.

1.    INTRODUÇÃO

Quando um estudante de Pedagogia ingressa em uma faculdade, na maioria das vezes, pensa que sua ação se limita a educação de crianças em creches, pré-escolas e escolas de ensino fundamental até o 5º ano, mas ao decorrer do percurso descobre novos caminhos em que poderá exercer sua pratica pedagógica.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, conhecida como: DCNs (2006), afirmam que o professor pode exercer sua função em diversos locais que necessitem do trabalho deste profissional em planejamento, acompanhamento, execução de avaliações, projetos e vivencias educativas não escolares. Para Gohn (2010), não será somente nas escolas de educação formal, em que o ensino é sistematizado e normatizado e tem como base a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que o pedagogo poderá atuar, mas também em outras instituições não formais como empresas, turismos, museus, sindicatos, hospitais e outras mais que necessitem da pratica docente. Dentre elas destacaremos o trabalho do professor na Classe Hospitalar.

De acordo com Esteves, citado por Dutra (2009), a Classe Hospitalar teve seu início em Paris, no ano de 1935 com a primeira escola para crianças inadaptadas. Depois surgiram outras a seu exemplo na Alemanha, na França, na Europa e nos Estados Unidos, seu principal objetivo foi auxiliar crianças tuberculosas em suas dificuldades escolares.

A Classe Hospitalar é um local dentro do hospital, em que o pedagogo pode exercer sua pratica docente auxiliando o processo de ensino e aprendizagem de crianças e jovens que estejam internados em tratamento hospitalar. (BRASIL, (1994), p 20 apud FONTES, 2005). Teve destaque principalmente na Segunda Guerra Mundial, por causa da quantidade de crianças e adolescentes atingidos, mutilados e feridos sem a possibilidade de ir à escola. Por consequência desses fatos, os médicos tiveram papel importante, pois lutaram para que estas crianças tivessem o apoio das escolas no ambiente hospitalar.

No Brasil observou-se a importância do trabalho docente nos hospitais somente no ano de 1995, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizados, na Resolução nº41 Item 9, que em sua norma diz que o paciente hospitalizado sendo criança ou adolescente tem direito durante sua internação à participar "de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar" (BRASIL, 1995, p. 1).

A Secretaria da Educação formalizou um documento que garante o acesso à educação básica e define orientações e estratégias para o atendimento educacional dentro dos hospitais e domicílios. Esta política organizacional foi formulada a pedido do     Ministério da Educação no ano de 2002 e reza que as Classes Hospitalares devem ser uma ponte entre as crianças e as escolas e tem a função de:

Elaborar estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico-educacional do processo de desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou não nos sistemas de ensino regular, no âmbito da educação básica e que se encontram impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanentemente, e garantir a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado e, ou, adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou adequação ao seu grupo escolar correspondente, como parte do direito de atenção integral (BRASIL, 2002, p. 13).

Todas as instituições Hospitalares ou estabelecimentos que ofereçam atendimento educacional para crianças, jovens e adultos, devem seguir as recomendações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e das Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica, sendo assim, precisam ser identificados pelo Poder Público para que tenham orientações legais sobre a forma de atendimento estabelecida pelo MEC.

Considerando que as instituições hospitalares devem apresentar um trabalho de acolhimento, o pedagogo deve considerar que o período de internação representa prejuízos à criança hospitalizada, pois a criança tem que conviver com uma realidade diferente do seu cotidiano e fica impossibilitada de ver seus amigos e a frequentar a escola. A Pedagogia Hospitalar tem a função de apoiar estas crianças/adolescentes, por meio do atendimento educacional nas dependências hospitalares, integrando o aluno/paciente à escola, e colaborando para a socialização da criança, amenizando os transtornos causados pela internação como a raiva, insegurança, medo, ansiedade, frustrações e incapacidades que podem tardar o processo de cura do paciente.

Observando os fatos acima citados, vimos a necessidade de abordarmos correntes teóricas de pensadores que embasam o tema sobre o atendimento Pedagógico Hospitalar. A primeira nos remete ao atendimento educacional dentro dos hospitais na Classe Hospitalar. A Classe Hospitalar surgiu no Brasil em 1950 no Rio de Janeiro e era vinculada ao Hospital Municipal de Jesus, esta, desde sua inauguração já seguia os padrões da escola formal, possibilitando a diminuição do fracasso escolar  e dos níveis de evasão nas escolas. Este atendimento tem base na Política Nacional de Educação Especial (Brasil, 1994) e nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica- (Brasil 2001). Esta linha de pensamento é defendida por Fonseca e Ceccim (1999), ambos têm diversas publicações sobre o tema. 

Outra corrente de pensamento é defendida por Regina Taam (1997), que faz uso do termo "pedagogia clínica" para o atendimento pedagógico em hospitais. Ela orienta que o conhecimento contribui para o bem-estar psicológico, emocional e físico da criança/adolescente internados, e conforme os trabalhos da professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), as práxis pedagógicas devem englobar assuntos referente a nova realidade de vida da criança, respeitando as características do contexto, espaço e tempo em que as crianças estão inseridas.  Mais tarde, o docente deverá inserir e acompanhar os conteúdos curriculares conforme o ano letivo em que as crianças/pacientes estão matriculadas.

Conforme a autora Taam (1997), é primordial que no ambiente hospitalar, o docente tenha a disponibilidade de estar com o outro e para o outro, por isso dá grande importância à escuta pedagógica. No momento, optamos abordar sobre o papel do pedagogo no hospital e os possíveis benefícios de sua atuação junto às crianças/adolescentes durante o período de internação, sobre o enfoque desta última visão de trabalho.

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Como referenciar: "Pedagogia hospitalar: refletindo sobre o papel do professor junto à criança hospitalizada " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/04/2024 às 02:48. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/pedagogia_hospitalar_refletindo/