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Pedagogia hospitalar: refletindo sobre o papel do professor junto à criança hospitalizada (página 5)

CLASSE HOSPITALAR

Reforçando o que previamente citávamos, é na Classe Hospitalar que o profissional da educação poderá auxiliar no processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo e educacional do aluno/paciente hospitalizado, por meio de um currículo escolar flexibilizado ou adaptado para que a criança, sujeito de direitos, possa ser inserida na escola de educação básica, e/ou prosseguir seus estudos e ter um retorno à escola de origem após sua alta com o mínimo de prejuízos possíveis.

Geralmente este atendimento pedagógico educacional acontece no período da tarde visto que na parte da manhã, é intensa a rotina de exames, visita do médico bem como procedimento de alta médica ou novos tratamentos.

Fonseca (2008) destaca que será importante ao pedagogo visitar a enfermaria todo o primeiro dia da semana antes das atividades de sua aula, para que possa verificar as crianças que estão internadas, saber quais já tiveram alta, e as que entraram nesse novo período, bem como saber sobre suas necessidades especiais e educacionais, para que possa planejar suas aulas, de forma atender as necessidades daquelas crianças. Baseando-se previamente nesta visita, a docente poderá planejar-se pensando na individualidade e especificidade de cada aluno paciente, devendo basear-se no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, nos PCNs e na multieducação.

É de responsabilidade do profissional da educação organizar o espaço e os materiais de acordo com as atividades propostas para o desenvolvimento da aprendizagem da criança hospitalizada. Este atendimento pode acontecer em uma sala específica, em espaços abertos para atividades lúdicas pedagógicas, em leitos ou sala de isolamento se a criança estiver impossibilitada de se locomover.

As atividades propostas precisam ter inicio, meio e fim no mesmo dia, pois podem ocorrer imprevistos como o aluno/paciente precisar sair antes do término da aula para possíveis medicações, exames ou atendimento médico, por esta razão, este profissional deverá buscar estratégias para um desfecho daquele exercício/atividade possibilitando que o aluno retorne mais tarde ou mesmo no dia seguinte. Poderá ocorrer também dias em que o aluno chegue depois do inicio das atividades, neste caso, o docente deverá acolher bem esse aluno e incluí-lo entre os demais estudantes da sala fazendo com que este não se sinta perdido ou isolado no meio do grupo, mas sim que se sinta parte importante e integrante daquele espaço.

O trabalho educacional curricular em uma classe hospitalar é semelhante ao da escola regular, no entanto possui algumas particularidades entre elas esta o respeito ao momento de dor do paciente que pode gerar indisposição, o ritmo do aprendizado e/ou dos movimentos do paciente também podem se alterar, por isso as atividades não devem ser forçadas.

O ambiente deve ser adaptado ás necessidades individuais de cada um. O profissional da educação precisa aproveitar os acontecimentos e curiosidades dos alunos pacientes para acrescentar informações e saberes possibilitando o desenvolvimento cognitivo da criança.
As atividades devem ser desafiadoras, servindo para o avanço da zona de desenvolvimento proximal do educando. Atividades como a leitura de um livro estimula o ensino aprendizagem das diversas linguagens contidas no texto como a linguagem gráfica presente nas cores e desenhos, a linguagem gestual expressada pelo professor ou aluno leitor, linguagem oral e escrita além de outras possibilidades de intervenções que podem acontecer neste momento (Fonseca 2008 p. 48). Os contos infantis desenvolvem o prazer pela leitura e ampliam o vocabulário, além de possibilitar que a criança utilize sua imaginação entrando em um mundo de faz de contas, proporcionando que elas possam superar dificuldades e desenvolver capacidade de superar e resolver conflitos.

A classe hospitalar é um lugar de grande diversidade e de vivencias múltiplas, certamente as trocas de experiências são boas estratégias a favor do desenvolvimento social, afetivo que fundamenta uma sociedade mais sensível e democrática além da construção de novos conhecimentos com significados ímpares ao educador e alunos enfermos.

Brincadeiras, atenção e carinho devem fazer parte da prática pedagógica em classes hospitalares, para auxiliar a recuperação da saúde e da autoestima dos alunos hospitalizados. Pensando nisto, podemos mencionar atividades de alfabetização e letramento que surjam por meio de rimas, cantigas de roda, parlendas, receitas feitas com os alunos, cartas feitas por eles mesmos e que podem ser entregues aos amigos da turma ou profissionais da saúde, cantinhos diversificados com atividades lúdicas educacionais.

Uma atividade simples e necessária é a escrita e exposição do nome do aluno em um mural com o local para os amigos presentes e os que faltaram. Brincadeiras com o nome dos alunos auxiliam no aprendizado da grafia de seu nome e resgatará sua identidade pessoal que muitas vezes é esquecida e trocada pelo o número do leito no hospital.
Rodrigues (2012) cita em sua obra sobre uma experiência em que criou oportunidades para as crianças construírem alguns brinquedos com materiais reciclados utilizados no hospital podendo assim ressignificar a utilização destes desvinculando-os com sentimento de dor e sofrimento. Sendo assim ela escreve:
    
A seringa que vira fantoche, o algodão que se transforma em nuvem, em barba de papai Noel, o esparadrapo que vira bilhete, a borracha do soro que vira colar e pulseiras o suporte vira cabide de estrelas e flores, feitas com o plástico do soro, e da embalagem do algodão... (Rodrigues, 2012 p. 102).

Atividades com o uso de fantoches podem ser utilizadas para introduzir um assunto, uma história, uma atividade, para manuseio dos alunos contarem uma história ou brincarem livremente, seu uso além de possibilitar ótimas brincadeiras de faz de conta concede a viagem com sua imaginação para além dos muros do hospital, melhorando sua autoestima e estado emocional da criança enferma.  Atividades como o origami, recortes, colagens, jogos pedagógicos entre outros, além de recursos pedagógicos importantes para o desenvolvimento da criança, auxiliam na resolução de conflitos internos e motiva a criança. Rodrigues (2012, p. 105).

A educação psicomotora é necessária para todo indivíduo, pois proporciona o desenvolvimento cognitivo e afetivo. Ação pedagógica de orientação espacial, o professor pode pedir aos alunos que andem pela sala seguindo setas colocadas previamente no chão com indicações vire para a direita, ou para a esquerda, para trás, ou siga em frente e pare, como se eles estivessem dirigindo um carro. Utilizar o grampeador, brincar com massa de modelar ou argila, folhear livros ou revistas, folha por folha ou brincar de ioiô, são atividades que podem desenvolver a coordenação motora fina, além destas atividades, pode-se pedir aos alunos para desenhar ou pintar em um local ou espaço específico, perfurar, rasgar papéis em pedaços pequenos, em tiras ou em pedaços grandes, utilizar a tesoura para aprender a manuseá-la cortando o ar, cortar papéis de espessuras diferentes, bem como corte e colagem de papéis em tiras colando em linhas diagonais, verticais ou horizontais, corte e colagem de formas geométricas para a formação ou não de desenhos, entre outras execuções que auxiliam o desenvolvimento psicomotor fino.

Atividades de expressão livre como as plásticas, corporal e musical, podem mostrar o potencial do aluno dar sentimento de alegria e bem-estar, consequentemente melhora as relações sociais entre as crianças.

No livro de Rodrigues (2012 p. 117 1 122), observamos o registro de depoimentos da pedagoga Márcia Regina Stochero, técnica do NEDESP/SE, pois comenta que com as atividades realizadas entre os educandos hospitalizados, de idade entre 5 a 17 anos, como as de pintura, colagem, jogo pedagógico como cruzadinhas, caça palavras, labirinto, bingo de letras e números, dominó, entre muitos outros, alcança o desenvolvimento cognitivo e o emocional das crianças gerando bem estar, alegria e prazer. As atividades aplicadas pela pedagoga são propostas curriculares pedagógicas lúdicas que permitem a construção e o fazer pelo próprio aluno, o que gera um ambiente estimulador e propício ao aprendizado.

Para se apresentar conteúdos utilizara fantoches, teatros, filmes, documentários ou musicas dentre outros recursos e estratégias. Entre as habilidades e competências desenvolvidas por meio das vivências citadas acima, a pedagoga ressalta a aquisição da leitura e escrita, ampliação do repertório verbal, desenvolver os sentidos, a atenção, a concentração, o desenvolvimento da memória, socialização e o resgate da história e da cultura brasileira.

Na Classe Hospitalar, Márcia Regina nos esclarece que trabalha com temas como os de saúde que se desdobram no eixo de alimentação, higiene corporal, no sentido da cura e prevenção. Datas comemorativas com trabalhos e atividades que valorizam nossa cultura e uma melhor compreensão dos fatos da história de nosso país. Preservação da vida animal e ambiental de nosso planeta também são assuntos tratados na categoria natureza.

Por fim, todos os temas planejados para os alunos hospitalizados podem ser trabalhados por meio de jogos pedagógicos que, de forma lúdica, auxiliam as crianças e jovens a desenvolver-se integralmente, conforme a proposta do educador, e possibilita também que os educandos aprendam habilidades como respeitar limites, regras de convívio em sociedade, conter seus impulsos como a agressividade e a raiva.

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Como referenciar: "Pedagogia hospitalar: refletindo sobre o papel do professor junto à criança hospitalizada " em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 18/10/2025 às 11:43. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/pedagogia_hospitalar_refletindo/index.php?pagina=4