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Orientação Educacional e os Perigos da Internet e Meios Eletrônicos na Infância (página 4)


2.1.3 Internet na infância, um grande desastre na educação

As brincadeiras desde a primeira infância possuem um importante papel interdisciplinar para o intelecto e para a formação do ser. Elementos de formação que são exatamente contrários quando nos referimos aos jogos de brinquedos eletrônicos, visto à falta de diálogo e de tantos outros elementos nas crianças gerado pelos jogos e brinquedos eletrônicos.

É comum nas escolas de educação infantil (crianças de 0-3 e de 4-5), a brinquedoteca, que é um acervo de brinquedos educativos, CD’s, livros, chocalhos, bichinhos, carrinhos, bolas etc. Também para as crianças de 5-6 as brincadeiras para o desenvolvimento motor, muscular, de psicomotricidade, de percepção do espaço, de comunicação, etc. Brinquedos para o desenvolvimento motor, muscular, cognitivo e social da criança, que devem ser sempre adequados à idade da criança, com o acompanhamento de um adulto educador e em companhia de outras crianças.

O porquê da companhia de outras crianças? Simplesmente porque estamos criando seres sociais e não antissociais. Papel que os brinquedos eletrônicos já apontam grande desvantagem e oferecem enormes perigos à formação da personalidade. Como um indivíduo que não sabe se comunicar terá vida familiar, afetiva e emocional? Como ele conseguirá um emprego? O que ele oferecerá para a sociedade? Quem será esse indivíduo?

Essas perguntas já seriam suficientes para refletir até onde a indústria dos games, Facebook, Whatsupp, Instagram, etc., estão interferindo na formação das crianças.

Tivemos a infelicidade de assistir uma "palestra" de um vendedor da Microsoft, onde ele fazia uma propaganda exacerbada de "jogos educativos" para crianças de seis anos. Imagine induzir uma criança que está apta a absorver tudo o que lhe mostrar como saudável, o vício em games, é uma crueldade!

É necessário entender que a brincadeira para a criança não é um passatempo vicioso, mórbido e apático igual ao que os games ou "jogos eletrônicos educativos" oferecem. A brincadeira possui inúmeros elementos de formação no indivíduo, enquanto os meios eletrônicos possuem um lado negro e perigoso, que é a destruição da comunicação por palavras, gestos, olhares, percepção, entendimento em seu meio, além do vício e da distorção da realidade. Prova disso são os consultórios de psiquiatria infantil e de adolescentes que estão recebendo crianças apáticas pelo vício em internet.

Segundo Friedman (1912-2006), a brincadeira é interativa, importante e estimula o convívio social.

Henri Wallon (1879-1962) relata em suas pesquisas que as formas humanas de sentir, pensar e agir, relativas ao psiquismo, dependem do meio e é através do convívio social, motor, físico e interativo social que a criança percebe o mundo.

O convívio social estimula a ação e os jogos eletrônicos e a internet estimula a inação, a preguiça, o desconvívio, a distorção, o vício. Observemos uma criança mórbida ou sem interesse e que descobrimos o vício em games e que passa horas falando no celular com os coleguinhas. Está se tornando comum encontrarmos crianças que se desinteressam rapidamente pelas coisas. Tenho recebido alunos que se desinteressam instantaneamente pelas coisas e são irritadiços e calados. Crianças com comportamento antissocial, com humor que se altera rapidamente. Estudos recentes mostram que o excesso na internet e com jogos eletrônicos causam depressão, distúrbios de humor, agressividade, desinteresse e isso está nas pesquisas acadêmicas de medicina. (https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/efeitos-negativos-meios.html). Essas crianças geralmente aprendem esse comportamento nos jogos eletrônicos e na internet, onde o instantâneo e o supérfluo estão ali o tempo inteiro para lhe servir.

Segundo Vygotsky (1896-1934), a criança possui a necessidade de criar e isso acontece no estímulo da brincadeira e da fantasia.

Todos os períodos de desenvolvimento infantil estão ligados com a psicomotricidade, que é a capacidade da criança se equilibrar, pegar, mover, gritar, etc. Já temos crianças com três anos viciadas no celular e isso é um enorme perigo e problema. Os Brinquedos e as brincadeiras com adultos e com os colegas estimulam a interação, desenvolvem habilidades, criatividade e recursos pedagógicos; elementos que os jogos eletrônicos não oferecem e pelo contrário, desestimulam a interação, atrapalham a comunicação e levam a criança para um mundo irreal, instantâneo, onde ela confunde a realidade com o irreal e onde ela é colocada em universos desapropriados para ela, levando-a à introspecção e ao hipnotismo, à mania, ao vício, onde já encontramos crianças completamente alienadas devido ao celular, aos jogos e a internet.

Além de elementos fundamentais para o aprimoramento, desenvolvimento humano e do ser, as brincadeiras desenvolvem a inteligência, diferentemente dos jogos eletrônicos e redes sociais que para as crianças seduzem e levam a comportamentos compulsivos, não afetivos, mórbidos, repetitivos e inteligíveis.
A Psicomotricidade como ciência, é entendida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas, entre o psiquismo e o corpo, e, entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano nas suas múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais, afetivo-emocionais e psicosociocognitivas (FONSECA 2010).
Wallon (1879-1962) em sua teoria destacou a importância da motricidade para a vida psíquica. De acordo com especialistas, a compulsividade na criança uma vez instalada necessita de tratamento psicológico e geralmente psiquiátrico, ou seja, geralmente com medicamentos. É através dos brinquedos e da interação com o professor e outras crianças que a criança constrói seus primeiros conceitos, sensibilidade, noção do outro, coordenação motora, inteligência e interação, elementos que os jogos eletrônicos e as redes sociais fazem exatamente o movimento contrário. Essa falta de contato com o mundo e com a realidade trazem problemas psicológicos irreversíveis, sendo que o aprofundamento dos problemas psicológicos é rápido, passando para distúrbios psiquiátricos, que necessitam tratamento e por vezes internação.
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Como referenciar: "Orientação Educacional e os Perigos da Internet e Meios Eletrônicos na Infância" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 01/05/2024 às 09:04. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/perigos_internet/index.php?pagina=3