Piaget e o desenvolvimento cognitivo da criança: primeiras aproximações (página 5)

Para explicar o desenvolvimento do pensamento do homem, Piaget faz uso de analogia biológica. Esta forma de explicação é justificada pelo fato de ele ser biólogo. Portanto, fazendo uso destas analogias ele passa a explicar o funcionamento intelectual do homem a partir de dois processos: adaptação e organização. Embora, o processo de adaptação seja um mecanismo interno e o processo de organização, um mecanismo externo, estes processos devem ser considerados como inseparáveis e complementares.

As funções de organizações e adaptações mantém entre si relações recíprocas, construindo um único mecanismo. Esse processo de funcionamento biológico é o processo que o ser humano passa quando esta em relação ao meio que vive, adapta-se ao meio, organiza-se e finalmente se obtém o equilíbrio, nas interações. Neste sentido, o processo de conhecimento para Piaget se dá como um processo interminável de desequilíbrios e novas equilibrações superiores.
 
Esse processo de adaptação é dividido em: assimilação e acomodação. A assimilação refere-se a absorção das experiências vividas, que se ingerem por experiências já adquiridas e realizadas. O que nos remete a conclusão que as experiências vividas são assimiladas e quando altera o organismo, significa que ocorreu uma acomodação. Neste caso, a incorporação de novos conceitos aos que já possuía, modificando-os, significa que o processo de acomodação corresponde a internalização de conceitos que são modificados pelo próprio organismo que sofre modificações depois de internalizado, ou seja, o próprio organismo busca meios de modificar os conceitos já estabelecidos, isso se denomina a Estrutura cognitiva.

Na teoria piagetiana, a estrutura cognitiva é dividida em três: a) estruturas totalmente programadas, que é basicamente a atividade programada, prevista, que obtém objetivo especifico; b) estruturas parcialmente programadas, que assemelha-se as funções do sistema nervoso, pois o desenvolvimento de suas capacidades dependem do meio; c) Estruturas nada programadas, que são atividades mentais, sem conhecimento algum, representa o ato de conhecer. 

Delgado (2005, p. 53), esclarece que "as estruturas nada programadas é apresentada pela teoria piagetiana e é assim denominada porque a espécie humana traz em seu genoma possibilidades que podem, ou não, ser atualizadas, dependendo das necessidades que o meio gera."

Dentre as noções de estruturas, cabe ressaltar o conceito que também está interligado a teoria de Piaget, denominada de esquemas. O conceito de esquema está relacionado a estrutura corporal. Os primeiros esquemas são de origem reflexa é o caso dos bebês que ao nascer realizam o esquema de sugar independente do que seja (bico do seio, bico da mamadeira, dedo). Posteriormente, aprendem a diferenciar de tal forma que, estando com fome, somente irão sugar aqueles estímulos que produzem leite. Estas diferenciações são fundamentais para o desenvolvimento das atividades mentais posteriores, pois "a medida em que a criança se desenvolve, os esquemas vão se tornando mais diferenciados, menos sensoriais, mais números e complexos" (DELGADO, 2005, p. 54).

Portanto, operações como adição, subtração, classificação e ordenação e outras ações mentais mais complexas, somente serão realizadas pelas crianças quando está tiver desenvolvido uma completa série de esquemas mais complexos. Neste sentido é valido ressaltar que os progressos ocorrerão através de descobertas porem de forma lenta. Isto nos permite compreender a teoria Piagetiana quando atribui a cada idade da criança um sentido.

Em cada idade a criança tem uma visão própria do mundo, uma lógica particular para explorá-lo e manipulá-lo. Essa lógica se modifica à medida que ela s relaciona com objetivos e acontecimentos que não se integram com seu sistema. Desde modo, podemos assinalar, então, que uma criança, ao experienciar um novo estimulo (ou um velho, outra vez), tenta assimilar o estimulo a um esquema existente. Se ela for bem sucedida, o equilíbrio, em relação àquela situação estimuladora particular, é alcançando no momento. Se a criança não consegue assimilar o estimulo tenta fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um esquema novo. Quando isto é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse momento, o equilíbrio é alcançado (DELGADO, 2005, p. 54).

Esses conceitos contribuem, para o processo e conhecimento do desenvolvimento cognitivo. Piaget nos remete a confirmação de que desde o nascimento ate a fase adulta, todo o conhecimento é construído, a partir da consideração de que os conceitos e esquemas que a criança constrói determinará na fase adulta. Vale ressaltar que o desenvolvimento infantil, baseado nas problematização, é diferenciado comparado a de um adulto, ou seja, a criança busca a interiorização do conhecimento, através de estruturas cognitivas diferentes do adulto.