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A Representação Social das Brincadeiras: a Visão do Professor (página 2)

O ato de brincar fornece inúmeras informações sobre a criança, informações que podem ser um auxílio para o educador na hora de elaborar suas atividades. A criança encontra em suas brincadeiras a possibilidade de se comunicar com o mundo que a cerca, e como consequência esse "mundo" que a cerca encontra a possibilidade de se comunicar com ela utilizando atividades lúdicas.

A variedade de experiências exploradas durante o ato de brincar, alguns valores adquiridos, conteúdos, podem ser levados para outras etapas de suas vidas, o psicólogo cognitivo e educacional Howard Gardner (1994), menciona que:

Essas invenções livres e saborosas povoam o mundo da criança pré-escolar, e continuam a exercer forte influência ao longo da escolarização, a qual a final pressupõe que a criança pode aprender sobre eventos e processos que estejam distantes do conceito. (p.65). 

A criança que brinca se socializa com outras crianças e esse é um dos requisitos importantes para que se possa viver em sociedade. Para brincar com o outro é necessário compartilhar objetos, resolver conflitos são necessárias atitudes como o respeito, a cooperação, a solidariedade, entre outras. Ela aprende a brincar em suas relações com o outro e com a cultura que a cerca, logo se supõe que brincar não é algo pronto, mas algo que é aprendido. Ela aprende a brincar em suas relações como os outros e com a cultura que a cerca.

A atividade lúdica é um espaço amplo para que objetivos educacionais sejam alcançados de forma mais rápida, pois passam a ser contextualizados com a realidade da criança, sendo mais um recurso para aqueles envolvidos sendo mais um recurso para aqueles envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Porém esse recurso não deve perder ser caráter lúdico, de brincadeira.

O ato de brincar proporciona a criança imaginar, criar, observar, experimentar, cooperar, pensar, memorizar, questionar, entre outros fatores relevantes para sua formação. O RCNEI (1998) traz a informação de que tanto o faz-de-conta, os jogos com regras, os tradicionais, didáticos, corporais, entre outros favorecem a expansão dos conhecimentos infantis por meio de atividades lúdicas.  

E segundo Antunes:

A aprendizagem é tão importante quanto o desenvolvimento social e o jogo constitui uma ferramenta pedagógica ao mesmo tempo promotora do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento social. Mais ainda, o jogo pedagógico pode ser um instrumento da alegria.


Durante as brincadeiras diversos objetivos podem ser alcançados que levarão a criança a construir sua realidade. Porém deve existir um limite entre o brincar com fins didáticos, aquelas dirigidas com a finalidade de transmitir conteúdos e das atividades lúdicas espontâneas onde a criança usa o seu livre arbítrio para brincar da forma que quiser com quem quiser e com o material que escolher.

Não é de se negar que tanto nas brincadeiras dirigidas e nas espontâneas são de extrema importância para o desenvolvimento infantil e ambas são espaços para aprendizagens para quem brinca e para quem observa.

A professora Adriana Friedmann (1996) declara que:

É fundamental tomar consciência de que a atividade lúdica infantil fornece informações elementares a respeito da criança: suas emoções, a forma como interage com seus colegas, seu desempenho físico-motor, seu estágio de desenvolvimento, seu nível lingüístico, sua formação moral. (p. 14)

Atualmente o espaço para brincar e o tempo para brincar está cada vez mais reduzido, as atividades cotidianas muitas vezes não permitem tanta dedicação ao ato de brincar e a falta até mesmo de incentivo das pessoas próximas a criança, pois muitas vezes consideram brincar e tempo perdido a mesma coisa.

E até mesmo na escola muitas vezes esse espaço e tempo para brincadeiras também é reduzido, ficando somente para a hora do recreio, pois dentro da sala de aula o importante é que o conteúdo seja transmitido de maneira mais "formal".

Aos professores que ousam sair da 'formalidade' esses assumem um papel importante nas brincadeiras. Conforme o RCNEI (1998) é o adulto na figura do professor que irá estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças, Ele irá organizar oferecer diferentes objetos, fantasias, brinquedos, jogos, irá também arranjar e delimitar espaços e o tempo para brincar.

E também conforme Friedmann (1996) o educador deve definir o espaço que o jogo irá ocupar em suas atividades diárias, os espaços físicos onde irá ocorrer a atividade, os objetos, brinquedos e demais materiais a serem utilizados. Outro aspecto importante e que muitas vezes cabe ao educador orientar, é a respeito dos jogos, pois muitas vezes ele ganha um sentido de competição e segundo Rizzi e Haydt (2002) é necessário o educador estimular a criança para uma competição sadia, que envolva respeito e consideração ao outro.

E ainda a respeito dos jogos segundo Antunes (2007), vale ressaltar que:

Do ponto de vista educacional, a palavra jogo se afasta do significado de competição e se aproxima de sua origem etimológica latina, com o sentido de gracejo ou mais especificamente divertimento, brincadeiras, passatempo. Desta maneira, os jogos infantis podem até excepcionalmente incluir uma ou outra competição, mas essencialmente visam estimular o crescimento e aprendizagens e seriam melhor definidos se afirmássemos que representam relação interpessoal entre dois ou mais sujeitos realizada dentro de determinadas regras. (ANTUNES 2007, p. 09)


O educador ao inserir a atividade lúdica no contexto escolar de sua turma deve ter claro para quem serão destinadas, buscando saber os interesses de seus alunos, a realidade deles, o que se quer alcançar que mensagem se quer passar, enfim devem ser levadas em consideração as necessidades do grupo.  E isso é possível quando além de observar atentamente seus alunos, existe espaço para ouvi-lós, pois é importante que exista essa troca.

E a partir de entrevistas realizadas com os professores da Educação Infantil foi possível observar se existe esse contato, a atenção necessária para que as necessidades sejam supridas de forma significativa, usando recursos lúdicos.

O Módulo de Educação e Cultura-MEC, faz parte do SESC-Serviço Social do Comercio, e foi inaugurado no ano de 2005. E segundo dados da secretaria da escola estão matriculados 1.800 alunos nas modalidades: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de jovens e Adultos, nos turnos matutinos e vespertinos.

Destinadas a Educação Infantil dá um total de doze turmas, sendo seis pela manhã e mais seis à tarde. O total de professores é de noventa, sendo doze para a Educação Infantil, todos graduados ou especialistas. Os alunos da escola também participam de aulas de informatica, de projetos artísticos, culturais, sociais e ambientais.

Atualmente todos os professores são do SESC, pois não existe mais o convenio com a Secretaria de Educação. Realizar a pesquisa nessa escola se deu por ser uma instituição de prestigio nacional e tradição. E a escolha de fazer essa pesquisa levando em consideração a visão que o professor tem das brincadeiras infantis, ocorreu pelo fato de ser ele o responsável por mediar a aprendizagem e de serem observadas atividades da Educação Infantil por essa modalidade de ensino a base para as etapas seguintes da educação.
Uma das maiores dificuldades encontradas no decorrer da realização desse trabalho foi a falta de um acervo bibliográfico mais amplo na biblioteca da faculdade, observar as atividades lúdicas realizadas em sala e as brincadeiras das crianças foi algo divertido, prazeroso e enriquecedor.

A professora da turma observada foi receptiva e solicita ao ceder espaço e ajudar com as informações necessárias sobre o tema pesquisado. A coordenação da escola responsável pela educação infantil também demonstrou simpatia ao permitir que os questionários fossem entregues aos demais professores da educação infantil, que também aceitaram participar de forma bem positiva.

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Como referenciar: "A Representação Social das Brincadeiras: a Visão do Professor" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 20/04/2024 às 07:38. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/representacaosocialdasbrincadeiras/index.php?pagina=1