Sala de Aula: Espaço de Construção Textual (página 3)
A fim de que esse "sucesso" possa ser alcançado, também é papel do professor auxiliar os alunos no processo de revisão das produções textuais, solicitando-lhes a releitura e re-elaboração delas, a fim de melhorá-las o máximo possível. O rascunho deve ser, portanto, valorizado como parte do processo de produção do texto.
Jolibert (1994) afirma que o essencial para que os alunos se tornem escritores é que passem por experiências como:
- Saber que a escrita serve para qualquer coisa, se comunicar, contar e conservar histórias, criar histórias;
- Perceber que a escrita lhe dá poder para se comunicar com o restante do mundo;
- Perceber o prazer que a produção de um texto escrito pode lhe proporcionar;
- Entender a produção de texto não como um trabalho enfadonho, mas como uma forma de buscar sua autonomia enquanto indivíduos.
Aos alunos é essencial explicar que, para se produzir um texto bem escrito, dois fatores são fundamentais: paciência e um trabalho contínuo com as palavras. É preciso mostrar-lhe que a primeira versão de um texto sempre pode ser melhorada. Afinal, para escrevermos um texto, além de organizarmos e utilizarmos os nossos conhecimentos (principalmente aqueles adquiridos através das leituras), precisamos também de planejamento e de tantas tentativas e correções quantas forem necessárias para alcançarmos o resultado pretendido. O texto só estará finalizado quando o seu autor considerar que conseguiu transmitir, da melhor forma possível, todas as idéias a que se propôs e não houver nenhuma outra modificação a ser realizada para melhorá-lo.
Como parte desse processo de reescrita de textos, pode ocorrer uma autocorreção realizada pelo próprio produtor. Essa autocorreção pode ser feita de maneira individual, relendo para si mesmo o texto produzido, como também de maneira coletiva, lendo ou permitindo que outros leitores leiam o que foi escrito. Neste último caso, as possíveis sugestões feitas pelos leitores devem ser consideradas no momento de reformulação.
Para que o processo de ensino e de aprendizagem referente à produção textual tenha resultados satisfatórios, é preciso que seja instaurado em sala de aula um clima de cooperação e interação entre todos. Assim, alunos com habilidades diferentes poderão estar-se ajudando mutuamente, confrontando suas hipóteses, trocando informações. Dessa maneira, aprenderão a trabalhar em equipe, a resolver problemas e a superar dificuldades. Essa seria a melhor forma de criar no indivíduo a capacidade de realizar tarefas com autonomia, isto é, com independência moral e intelectual.
Considerando a sala de aula como ambiente construtor de textos escritos, estará possibilitando ao educando apropriar-se do sistema de leitura e de escrita no processo de formação de leitor crítico, ao construir, ler, interpretar e escrever para a compreensão do meio social no qual convive, pressupondo que o aprendiz possa vivenciar no cotidiano escolar situações em que textos são lidos e escritos.
A sala de aula como espaço de construção textual oportunizará a linguagem desenvolvida pelos alunos devendo ser valorizada, respeitando-se as suas diversidades de expressão, incentivando-os a desenvolver, passo a passo, suas habilidades e competências. Cabe ao professor como mediador desse processo possibilitar um ambiente estimulador, onde o educando terá a oportunidade de explorar diversos textos escritos, registrar sua própria escrita, questionar e comparar suas suposições com colegas, realizando leitura e de certo modo internalizando os processos da escrita, amenizando assim suas carências (dificuldades e limites) do ato de ler e de escrever.
Percebemos que uma prática pedagógica voltada para a produção de textos despertará nas crianças e adolescentes o desabrochar do domínio das habilidades de uso social da leitura e da escrita.
De acordo com Geraldi (1999) a leitura dentro da sala de aula deve fazer algum sentido aos alunos, onde o professor precisa recuperar nos alunos o prazer pela leitura e pelo livro a partir de uma prática pedagógica baseada num conjunto de saberes, advindo das mais variadas experiências sociais, culturais e pedagógicas, conduzindo-os ao processo de ensino e de aprendizagem num movimento de ação-reflexão-ação, de modo que seu desenvolvimento seja feito de forma continuada, reflexiva e conectada à realidade do educando. Segundo Jolibert (1994), existe uma grande interação entre leitura e escrita, pois é necessário dominar a leitura para escrever e a escrita para ler.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MEC/SEC. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:MEC/SEF, 1998. v. 1, 2 e 3.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GERALDI, João Wanderley. Portos de Passagem. 4 edição. São Paulo: Martins Fontes, 1997, capítulo 3, p. 160.
GERALDI, João Wanderley. Prática da leitura na escola. In: O texto na sala de aula. GERALDI, João Wanderley (Org.). São Paulo: Ática, 1999, p. 88-103.
JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Volume I. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
JOLIBERT, Josette. Formando crianças produtoras de textos. Volume II. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
KATO, Mary. A concepção da escrita pela criança. 2 edição. Campinas, SP: Pontes, 1988.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas, São Paulo: Pontes, 1986.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez , 2002.
KRAMER, Sônia (org.). Alfabetização: Dilemas da prática. Rio de Janeiro: Dois pontos. Editora LTDA., 1986.
SANTOS, M. L. A expressão livre no aprendizado da língua portuguesa. 3 edição. São Paulo: Scipione, 1991.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996, p. 21-23.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 2 edição. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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