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A Inclusão das TICs no Ensino Superior (página 3)


2.1 . HABILIDADES E COMPETÊNCIAS E SUA FUNCÃO NA APRENDIZAGEM

Segundo os conceitos do americano David Ausubel, psicólogo da educação, "a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se, de maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo". Assim, trata-se de uma evidente necessidade de relacionar os novos saberes acadêmicos com a base de aprendizado trazida à sala de aula pelo discente. Neste contexto, é necessário que o ensino seja menos impositivo e mais humano, aproveitando-se dos chamados conhecimentos prévios, ou conhecimentos de mundo, para a formação do saber acadêmico necessário à vida profissional do discente do ensino superior. Somente através desta metodologia é possível acionar o processo cognitivo de aprendizado a partir das chamadas habilidades e competências.

Faz-se mister ressaltar que, muitas das características e das capacidades humanas provém de uma herança genética, ou seja, o indivíduo traz consigo, desde o nascimento, a capacidade de bem desempenhar alguma tarefa em determinada área de conhecimento. A partir de um conjunto destas habilidades desenvolvidas através da junção de teorias e práticas - e aí aparece o relevante papel das instituições de ensino - é que são criadas as competências para exercer determinada função profissional. Por exemplo, um comunicador competente é um profissional que consegue unir as habilidades de falar, ouvir, adequar a linguagem, adaptar a comunicação, entre outras. Sendo assim, é perceptível que muitas destas habilidades são adquiridas a partir da vivência de mundo do indivíduo e das heranças genéticas.

Felix e Navarro (2008, p.56) afirmam:

De acordo com o professor Vasco Moretto, doutorando em Didática pela Universidade Laval de Quebec/Canadá, as habilidades estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. Já as competências são um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências.

No entanto, se faz de fundamental importância aliar estas habilidades que, em sua maioria, são trazidas do seio familiar, a uma série de novos apontamentos práticos para que se possam desenvolver as devidas competências acerca de uma determinada área. Neste contexto, é impossível se relativizar a necessidade de adaptar os conhecimentos teóricos às experiências vividas pelo discente em seu dia-a-dia. E, dentre estas experiências, está, com efetiva presença, o contato com as mídias e as novas tecnologias.

A aquisição de tais preceitos apenas ocorre por meio de atividades como pesquisa, conhecimento teórico, vivência, reflexão e ação. Este último sendo compreendido como o mais importante de todos. Para aprender é necessário, acima de tudo, agir. As TICs surgem como instrumentos para este agir e é preciso e fundamental utilizá-las de maneira eficaz e produtiva, dentro deste contexto.

Ocorre que, ao se relacionar os novos tópicos a serem apreendidos com os conhecimentos prévios dos alunos, é impossível fugir da marcante presença tecnológica no cotidiano dos estudantes, não importando a classe social à qual este pertença. As tecnologias são uma realidade presente e irreversível e cabe ao docente compreender este fato, trazendo para a sala de aula as benesses que as TICs proporcionam à vida e ao aprendizado e, adequando suas metodologias a esta realidade.

2.2. O PAPEL PEDAGÓGICO-DIDÁTICO DO PROFESSOR NO USO DAS TICs

O professor tem papel indiscutível e relevante no cenário acadêmico. É necessário, então, que ele tenha compromisso e vontade de inovar e adequar-se à realidade da sociedade. Para tanto, em primeiro lugar é preciso que o professor se prepare e se integre aos novos saberes tecnológicos, sendo capaz de oferecer aos seus alunos atividades produtivas e com objetivos bem demarcados, que propiciem o desenvolvimento intelectual do indivíduo e a transformação do saber, bem como a capacidade de descobrir o novo.

Moran (2000, p.15) enfatiza que:

O professor autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo, está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a nossa ignorância, as nossas dificuldades. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar as diferenças, a aceitar o provisório. Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a novas descobertas e a novas sínteses.

No âmbito do ensino superior, a necessidade de aplicar estas adaptações é ainda mais visível, tendo em vista que é nesta etapa que o indivíduo passa a obter informações direcionadas a uma determinada profissão, ou seja, o ensino se torna mais específico e, consequentemente, mais significativo.

Sendo as Universidades formadoras e responsáveis pelo ensino, pesquisa e extensão, essas deverão propor capacitações digitais e virtuais para os profissionais da educação, sob o caráter de urgência de mudanças, alterando suas propostas, criando laboratórios para desenvolvimento da educação tecnológica, ampliando e possibilitando caminhos na busca de melhorias para as demais instituições, inclusive de ensino básico. Portanto, deve-se fazer reflexões mais profundas sobre o trabalho de capacitações digitais e virtuais com os professores, superando a visão do senso comum. Assim, a cultura do "achismo" já não é cabível nem aceitável no nosso meio educacional, visto que se propõe estruturar uma pedagogia político-social para a informática educacional e as questões propostas deverão ser de natureza téorico-prática.

Segundo Adorno (1995, p.121), "é necessário contrapor-se a uma tal ausência de consciência, é preciso evitar que as pessoas golpeiem para todos os lados sem refletir a respeito de si próprias". A educação tem sentido unicamente como educação dirigida a uma autorreflexão crítica.

As discussões sobre informática na educação, suas práticas a partir de capacitações, necessitam suscitar competências em contraposição a situações apaixonantes, modistas e místicas.

É necessário competência técnica, partindo de capacitações, porém imbuída de uma responsabilidade ético-pedagógica para a conscientização crítico-política no auxílio à formação de educadores mais conscientes de sua práxis. Rodrigues (2002, p.75) afirma que "é no fazer pedagógico, nas relações contraditórias e interpessoais com o todo social que a escola produz e reproduz a estrutura simbólica da nossa teia social".

Se quisermos evitar arbitrariedades no processo de educação ligado às questões tecnológicas, às capacitações virtuais eficazes, termos que partir de questões práticas que proponham ações pedagógicas e metodológicas que realmente assegurem essas ações. Julga-se, assim, ser necessário rememorar os conceitos que fundamentam essa discussão:

Letramento: segundo KLEIMAN (1996), o letramento é o conjunto de práticas sociais que usa a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contexto específico para fins específicos e segundo Soares (1985):

As implicações são muitas vezes de natureza complexa e multifacetada do processo de alfabetização e seus condicionamentos sociais, culturais e políticos têm importantes repercussões nos problemas dos métodos de alfabetização, do material didático, da definição de pré-requisitos e da preparação para a alfabetização da formação do alfabetizador. (SOARES, 1985, p. 78)

Digital: refere-se a dígitos binários. Sistema baseado em 2 valores: o 0 e o 1. Em eletrônica significa sistema com 2 níveis de voltagem, ativada ou desativada. Qualquer dispositivo que represente valores na forma de números binários, Linguagem eletrônica, a única linguagem que o computador consegue entender. (LEVY, 2000, p.22)

Virtual: desempenha o papel do outro. Tudo aquilo que representa uma coisa física mesmo sem ocupar o espaço físico. No caso de memória virtual, o termo se refere a desempenhar o papel da memória principal do disco (ocupando um lugar físico no disco), porém, desempenhando o papel da memória principal. Na realidade, em informática, tudo que é virtual só ocupa lugar no disco. (LEVY, 2000, p. 31)

Alfabetização Tecnológica: envolve o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em percepção das tecnologias na organização do mundo atual, no que se refere a aspectos locais e globais e na capacidade de o professor em lidar com essas diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir como, quando e porque são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo. (SAMPAIO E LEITE, 2000, p. 134)

Letramento Virtual: é um conjunto de práticas sociais que usa a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contexto específico e para fins específicos. A mensagem será um espaço de interação por proximidade dentro do qual o explorador pode controlar diretamente um representante de si mesmo. (KLEIMAN, 1996, p. 167)

Sobre o ambiente virtual de aprendizagem, os pesquisadores Dra. Diva Marília Flemming, Ms. Elisa Flemming Luz e o Mestrando Renato André Luz afirmam que:

Pode-se verificar que um ambiente virtual de aprendizagem envolve um contexto mais amplo que puramente a utilização da tecnologia; tem-se primordialmente a facilidade na construção do conhecimento através da interação dos participantes, sejam eles professores tutores, monitores ou outros alunos, permitindo discussões e troca de ideias, além da disponibilização e publicação de materiais instrucionais. Os ambientes virtuais de aprendizagem são facilitadores para a educação à distância e via Internet. O acesso a esses ambientes permite a interação síncrona ou assíncrona entre alunos e professores, através de ferramentas que variam de acordo com cada ambiente. Convém destacar que esse acesso pode ocorrer em qualquer dia e horário, devido à disponibilização do sistema na Internet. (FLEMMING; LUZ; ANDRÉ LUZ, S/D)

Assim, é possível compreender a importância da inserção tecnológica no ambiente de aprendizagem, especialmente na academia. Sem tais recursos, a aprendizagem perde a sua significância em relação ao mundo competitivo e deixa de garantir um bom processo de formação, passando a ser unicamente uma transmissão de informações desencontradas.

Nos dias atuais, a questão da significância da aprendizagem tem sido exaustivamente debatida. Para o ingresso nas universidades, o Ministério da Educação adotou a política de aquisição de habilidades e competências através do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, para que o discente possa ingressar no meio acadêmico é preciso que seus saberes sejam formadores das competências necessárias, especialmente nas áreas de conhecimento em que deseja atuar.
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Como referenciar: "A Inclusão das TICs no Ensino Superior" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 05/05/2024 às 13:18. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ticssuperior/index.php?pagina=2