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A Inclusão das TICs no Ensino Superior (página 5)


2.4. O USO DAS TECNOLOGIAS NO ENSINO SUPERIOR

O ensino superior é marcado pela especificidade. É o momento em que o discente irá traduzir todo o conhecimento adquirido no ensino de base numa área específica e determinada, buscando a aquisição dos instrumentos necessários à boa atuação profissional, a fim de proporcionar a este um bom emprego e uma vida digna. Para tanto, como já dito anteriormente, é preciso que o conhecimento seja adquirido de forma efetiva - muito além da mera informação - e que tal processo seja marcado pela sua aplicabilidade real. Não cabe mais, analisando o contexto global atual, uma graduação que busque apenas transmitir informações específicas sem demonstrar claramente de que forma tais informações serão aplicadas na vida profissional do aluno.

As TICs exercem papel de suma importância nesta realidade. Além de proporcionar os meios para que o discente reconheça o significado do que está aprendendo, as novas tecnologias podem tornar este aprendizado muito mais dinâmico e compreensível. A pesquisa - elemento fundamental no desenvolvimento das habilidades e na aquisição da incompetência - se torna muito mais viável através do uso da Internet, vencendo o tempo das enciclopédias que informavam pouco sobre tudo, a rede mundial de computadores coloca à disposição dos seus usuários farto material informativo e de aprendizagem acerca de qualquer assunto sobre o qual se deseje pesquisar.

Além do campo da pesquisa, a Internet proporciona ao discente do nível superior de ensino a possibilidade de interação com outros estudantes de interesses acadêmicos semelhantes, o intercâmbio instantâneo de informações e novas teorias estudadas e comprovadas a nível global. Vale ressaltar, assim, que tal processo de interação e troca de experiências enriquece de maneira colossal a aquisição do conhecimento significativo, bem como a sua aplicabilidade, não apenas na comunidade em que se vive, mas em qualquer parte do planeta, permitindo ao discente a análise da sua área de conhecimento a partir de qualquer lugar.

A educação é, antes de tudo, o desenvolvimento de potencial e a apropriação do "saber social" (conjunto de conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que são produzidos pelas classes, em uma situação histórica dada de relações para dar conta de seus interesses e necessidades). Trata-se de buscar, na educação, conhecimento e habilidade que permitam uma melhor compreensão da realidade e envolva a capacidade da fazer valer os próprios interesses econômicos, políticos e culturais. (GRYZYBOWSKI, 1986, p. 412)

Assim, é perceptível que o processo educacional é muito mais vasto que a vivência na comunidade, na cidade ou mesmo no país e que a execução da aprendizagem pode e deve ampliar estes horizontes, como forma de se tornar mais significativa e eficaz.
Tais avanços ocorrem com tamanha velocidade no processo educacional superior, que atualmente é impossível ignorá-los. Profissionais de educação que atuam em qualquer âmbito de ensino e porventura não estejam dispostos a atuar no campo das novas tecnologias inserindo-as em seu trabalho, estão, automaticamente, obsoletos e ultrapassados.

Como prova da influência das novas tecnologias no ensino superior temos hoje, com muita efetividade e frequência, o chamado EAD (Ensino à Distância) em diversos cursos superiores e em diversas instituições, públicas e privadas, bastante conceituadas. Em seu surgimento, os cursos superiores em EAD enfrentaram certa resistência, tendo me vista os conceitos antigos de que o aprendizado só poderia ser real com a presença física do professor e do aluno em uma sala de aula. O ambiente virtual vem, ao longo dos anos, provando o contrário. O professor jamais deixará de ser fator primordial no processo de ensino e aprendizagem, mas como ressaltado anteriormente, este assumiu um novo papel, passando a mediar a aquisição de conhecimento.

O EAD foi instituído no Brasil a partir do artigo 80 na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que dispõe: "O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.", neste momento, a EAD passa a ser incluída nas políticas públicas de ensino. A Educação a Distância é colocada como um veículo importante para inclusão social, e a LDB determina um tratamento diferenciado, que inclui:

a) I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
b) II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
c) III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

No ensino superior, a Educação a Distância teve início com o oferecimento de cursos de formação de professores, principalmente para atender o disposto no artigo 87 § 4º da LDB, que estabelece que até o final de 2006, somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço nas escolas.
Neste contexto, a sala de aula se tornou um ambiente global, podendo ser um espaço dentro de uma universidade ou dentro da Internet, muitas vezes, inclusive, aliando uma coisa à outra, ou seja, o ambiente de aprendizado é o próprio mundo, tendo em vista que é este o local onde os conhecimentos deverão ser aplicados.

Há algumas definições de EAD que enfatizam a separação espacial e temporal. Perry e Rumble (1987, p. 1-2) afirmam que na EAD, professor ou tutor e aluno não se encontram juntos no mesmo espaço físico, e por isso, necessitam de meios que possibilitem uma comunicação entre ambos. Essa separação física também é evidenciada por Moran (1994, p. 1), quando define Educação a Distância como um "processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente?. Para esse autor, EAD é o ?ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet".

Moran lembra que outras tecnologias também podem ser utilizadas, como o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax. Indo ao encontro dessa característica de separação física, B. Holmberg (1985) pontua a importância de se ter um planejamento na organização do ensino pela supervisão não imediata de tutores presentes com seus alunos no mesmo local. Além da separação física, há outra característica que aparece nas definições de EAD, algo não pronto, acabado: "a EAD não é um fast-food em que o aluno se serve de algo pronto" (MORAN, 1994, p. 3). Para o autor, a EAD é "uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados". Por outro lado, Belloni (1999, p. 3) pontua a questão do deslumbramento em utilizar a tecnologia de modo indiscriminado, "mais por suas virtualidades técnicas do que por suas virtudes pedagógicas". Por isso, "se é fundamental reconhecer a importância das Tecnologias de Informação e Comunicação e a urgência de criar conhecimentos e mecanismos que possibilitem sua integração à educação", atendendo às novas demandas educacionais decorrentes do fenômeno da globalização, da transformação da sociedade industrial em sociedade da informação.

Além da dinamização do ensino em sala de aula, da possibilidade de interação e intercâmbio de informações, de ampliar as possibilidades de pesquisa e de propiciar o ensino à distância, as TICs também auxiliam os docentes na própria divulgação de trabalhos e no estímulo aos seus alunos no sentido de produzirem cada vez mais, trazendo ao amplo conhecimento os frutos do processo de ensino e aprendizagem através de sua relação dentro de sala de aula, seja esta física ou virtual.

Os recursos tecnológicos se mostram, portanto, de fundamental importância e primordiais para o sucesso da aprendizagem a nível superior, que traz à tona toda a base de conhecimentos trazida das experiências de mundo e das bases escolares, valorizando as diferenças e, principalmente, estimulando o raciocínio e o senso crítico, características essenciais no processo de globalização e de competitividade pelo qual passa o mundo atualmente.

Assim, fica comprovado o irreversível processo do uso das tecnologias para fins de aprendizado, pesquisa, interação e aplicação dos conhecimentos. Não há mais como negar a verdade que toma conta das relações, muitas vezes, inclusive, substituindo a ação humana. Não se pretende, no entanto, estimular a "computadorização" das relações, mas fazer das tecnologias, quando utilizadas de maneira correta, preciosas aliadas no processo de ensino e aprendizagem e na aquisição do seu significado.
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Como referenciar: "A Inclusão das TICs no Ensino Superior" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 15/10/2025 às 07:08. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/ticssuperior/index.php?pagina=4