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Um Novo Olhar para a Educação Infantil (página 5)

Além de todas as dificuldades que a escola enfrenta ainda tem como agravante o desânimo de professores com o sistema de ensino de hoje. Então, chegamos ao ponto inicial: Por que é que muitos de nossos alunos estão chegando ao final do ensino fundamental I (5º ano) sem dominar a leitura e a escrita, sem poderem explorar textos que edifiquem seu conhecimento de mundo particular? Ora se o profissional que trabalha diretamente com o aluno não acreditar, então, não resta mais nada a fazer. Ao não ser agirmos como cidadãos que somos. Cada um faz a sua parte e no final, nosso esforço será prêmio para crianças que dependem de nós. Sabe-se que sozinhos não conseguiremos nunca transformar a educação, pois no contexto sociológico em que vivemos é incabível essa transformação. Mas, se cobrarmos de nossos políticos mudança no tratamento da educação, em efeito demorado, pode ajudar em alguma coisa. Kramer (2001) afirma, "... só é possível conversar sobre escola e cidadania pensando no projeto de sociedade que temos e no papel que cada um de nós assume na construção desse projeto".  Portanto, não é responsabilidade só do professor o fracasso da escola, a responsabilidade é de todos que estão envolvidos nesse projeto. Mas o professor tem que lutar para conseguir trabalhar. Tem que reivindicar pela criação de grupos de estudos, para a discussão de problemas em sala de aula, trocando sugestões entre colegas, cursos de aprimoramento para capacitação de professores etc. Nesse mesmo eixo de pensamento, a escola precisa abrir mais as portas para a participação da família na escola.

Quando a família vem à escola, em reuniões de pais, o mesmo assunto é sempre colocado em questão, a culpa é dos pais! Assim, os mesmos se sentem reprimidos em quererem participar das reuniões. É melhor que deixem de procurar um culpado pelo fracasso da escola e discutir em conjunto,  maneiras de tentar amenizar, ao longo prazo, as dificuldades em sala de aula. Na escola, como em todas as áreas de trabalho, o fundamental é a união do coletivo para conquistar o sucesso esperado. É importante se unir em prol de melhorias para a educação. E, sendo assim, o professor é a peça chave para essa conquista. Principalmente, o educador que atua na área de educação infantil e alfabetização (1º ano do ensino fundamental de nove anos).
 
Freire (2014, p. 61), deixa claro que

... quanto mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se pode fazer o nosso bom- senso. O exercício ou a educação de  bom senso vai superando o que há nele de instintivo na avaliação que fazemos dos fatos e dos acontecimentos em que nos envolvemos. Se o bom senso, na avaliação moral que faço de algo não basta para orientar ou fundar minhas táticas de luta, tem, indiscutivelmente, importante papel na minha tomada de posição, a que não pode faltar a ética, em face do que deve fazer.

Preciso afirmar que o educador tem o compromisso de diminuir a distância entre a prática e a teoria, para que não falte ética em seu trabalho, como qualquer profissional que se preze. É necessário ter coragem, iniciativa para questionar e procurar melhorias para a escola. As crianças quando entram na escola, tem em sua imaginação a ideia que a escola é o melhor lugar do mundo para se estar. Mas, se essa ideia não for cultivada o encanto se acaba e a escola passa a ser um lugar chato e cheio de obrigações a se cumprir. Então, sem encanto, sem descobertas, sem respeito a cultura, sem profissionais que acreditam no progresso escolar, sem investimento em educadores... a escola por si própria vai se tornando um espaço desagradável de convivência. Logo, o educador pode sim, mudar esse cenário; por ética, profissionalismo, missão, compromisso ou seja lá o que for. Os pequenos merecem uma chance para se tornarem agentes construtores do saber e o educador, não deve se esquivar disso.

Infelizmente, a passos largos o educador vem sendo desvalorizado, e ele, por analisar, vem percebendo isso. Mais um ponto que interfere na prática profissional dele. Se discrimino ou generalizo a 'peça chave' para o sucesso da educação, como posso exigir dele organização e dinamização em sua prática? É como educar uma criança. Se não consigo ver nela uma fonte inesgotável de conhecimento, como posso tentar investir em seu aprendizado?  A responsabilidade do educador é muito grande, ele sempre passa pelo aluno deixando sua marca, seja ela qual for.

Na educação infantil a raiz é mais profunda. Para a criança,  o educador é como uma pessoa de sua própria família. Isso porque passa horas de seu dia aos cuidados dele. Alguns especialistas afirmam que a afetividade nessa fase de desenvolvimento é muito importante.

Existem educadores que não lê e querem ensinar o aluno a ler. Que não escreve e querem ensinar a escrever. Se for exigido deles a prática do registro de suas atividades, logo vem a insegurança devido à dificuldade em expressar suas ideias por meio de palavras. Não é tão fácil assim ser educador. Muitos acham que precisam só de um diploma, mas

...não basta amar as crianças e a escola para saber realizar o trabalho, até porque dificilmente gostamos daquilo que não sabemos fazer! Ao mesmo tempo, nunca estamos prontos - nem nós nem as crianças. O trabalho pedagógico é sempre construído e reconstruído, avança e recua, sofre influências da escola e de fora da escola, de nós mesmos e das crianças, não caminha monótono, em linha reta, mas traz conflitos, dá saltos, tem contradições e por isso mesmo pode ser rico, fascinante, revelador (Kramer, 2001, p. 113).
    
O educador, principalmente de educação infantil, precisa ser dinâmico e inteligente em suas práticas pedagógicas. Tais práticas, pelas quais, educadores e crianças vão, a cada dia, construindo autonomia como sujeitos de suas próprias ações. Precisa ter em mente que educar exige mais do que cumprir seu horário. Exige uma grande responsabilidade, que se não for cumprida pode deixar marcas irreversíveis no educando. Ele nunca deve parar de ler e buscar novas ideias para trabalhar em sua sala de aula. Se não tiver disposto a investir no educando desde pequeno, então é melhor que não assuma essa profissão. Comparo o educador infantil a um médico, se não buscar descobertas para os desafios de novas doenças, ele pode deixar marcas na vida da pessoa que nunca mais poderá reverter.

É comum perceber preocupações de muitos educadores no que se refere ao uso da ludicidade, sobretudo no primeiro ano do ensino fundamental. Em muitas escolas o brincar é colocado em oposição a alfabetização, como se fosse possível fazer uma coisa ou outra, como se aprender a ler e escrever fosse algo maçante, incompatível  com a imaginação, à fantasia e a ludicidade; geralmente presentes na infância.

Os jogos de construção e aqueles que possuem regras, danças, cantos, faz de conta e brincadeiras espontâneas precisam ser usados como instrumentos pedagógicos, respeitando o desenvolvimento cognitivo da criança. Porque é por meio da atividade lúdica que a criança amplia seu conhecimento. É preciso que o educador tenha consciência que é nas brincadeiras que as crianças recriam aquilo que sabem sobre seu conhecimento de mundo. Logo, cabe ao educador, organizar situações onde as brincadeiras aconteçam de forma diversificada, dando oportunidade as crianças de viverem sua infância sem aproveitar o que há de melhor. Dentre essas questões, é válido refletir que o trabalho com crianças pequenas exige que o educador tenha um certo conhecimento, competência, sensibilidade e, principalmente, comprometimento para assegurar que a transição da educação infantil para o ensino fundamental ocorra da forma mais natural possível, não provocando traumas no processo de desenvolvimento e de escolarização da criança.

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Como referenciar: "Um Novo Olhar para a Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 12/10/2025 às 18:43. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/um_novo_olhar/?pagina=4