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Videoaulas e imposição social: como pode um educador ser criativo se o que lhe pedem ninguém o ensinou? (página 2)
A literatura da área diz que para o formato de videoaulas seja coerente é necessário não apenas a presença de vídeos, mas um tutor, capaz de assumir a mediação da relação entre aluno e a tarefa a ser por ele desempenhada. Desta forma, sem mediação adequada, as propostas enviadas durante o isolamento social para a Educação Básica provavelmente serão, ao final de tudo, mais uma pilha de folhas, e-mails e links que não encontraram significado.
Percebam que, mesmo voltando nossos questionamentos para as crianças pequenas, não podemos nos esquecer dos muitos adolescentes que lutam para replicar suas rotinas escolares em casa, com as mesmas matérias, tempos de aula e conteúdos previstos para o formato presencial. Tudo para não ficarem atrasados, não perderem o ENEM ou simplesmente por exigências de suas famílias.
Como mães, educadoras e pesquisadoras e doutoras em educação, o que sugerimos é que voltemos nosso tempo para ajudar as famílias a viverem este momento de maneira mais lúdica e criativa. Para que as atenções das escolas e educadores estejam nos sujeitos, que as ações pedagógicas enfoquem as demandas dos alunos e não o simples cumprimento de folhas e horas de estudo.
Em um artigo muito interessante, Francesco Tonucci explica o que acredita ser vital nestes tempos de pandemia refletir sobre escola e família. Diz-nos que, devido a chance de estar com as crianças em casa tanto tempo, que "Não percamos esse tempo precioso dando deveres. Aproveitemos para pensar se outra escola é possível.” E uma outra escola passará necessariamente pelo lúdico, pelo brincar e pela transformação do espaço.
Perguntado sobre "O que uma criança deve fazer no primeiro dia em que sair desse confinamento?”, o mesmo autor responde "Gritar, jogar pedras, correr, e abraçar alguém; ainda que esse último seja mais complicado”. O lúdico é um espaço que, para poder acontecer, deve ter minimamente duas pessoas que brincam, deve haver curiosidade, confiança, tempo e espaço. A falta de qualquer um desses componentes não fará com que este seja criativo.
Diante de estratégias de ensino que nos assolam neste período de isolamento, pouco lúdicas e focadas no conteudismo e precisamos estar atentos para não estarmos fadados a ter de lidar com os traumas gerados pelas mudanças bruscas do vínculo do aprender e ensinar. Saberíamos depois responder "o que versa a vida” para nós e para os educandos, quando tudo isso acabar?
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Como referenciar: "Videoaulas e imposição social: como pode um educador ser criativo se o que lhe pedem ninguém o ensinou?" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 13/12/2024 às 09:42. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/videoaulas/index.php?pagina=1