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Aproximações Sobre a Vocação como Premissa na Formação Docente

Autor: Simone Carlos
Data: 22/10/2010

RESUMO

Há muitas discussões e pesquisas acerca das causas da degradação do sistema educacional brasileiro. Apontam-se, com mais frequência, a falta de investimentos financeiros em escolas e na formação continuada dos professores, a desvalorização do profissional docente, entre outros. Acreditando que Educar é mais do que fazer do conhecimento de "senso comum" um conhecimento científico, mas é também ensinar valores morais e cívicos, a missão do pedagogo vai além das salas de aula e afeta mais do que alunos, em último fim, afeta toda uma geração. Acreditando que o perfil de uma parcela de acadêmicos do curso de Pedagogia, especialmente no quesito "vocação para a função docente" tem sua parcela contributiva nessa degradação, consideramos que o estágio curricular pode ser a possibilidade da formação de um bom profissional, sem que exista uma vocação para a função, refletindo neste âmbito é que se elaborou essa pesquisa.


1 Introdução

A proposta deste artigo é refletir a respeito da formação docente e do estágio curricular no curso de Pedagogia, a fim de verificar se a vocação para a profissão do educador é suficiente em si e de que modo poderia contribuir às experiências práticas possibilitadas pelos estágios curriculares obrigatórios.

Dentre as artes, a de educar é um das duas (educação e política) mais difíceis, segundo Immanuel Kant. Decorridos três séculos da observação realizada pelo filósofo alemão, ainda não sabemos com exatidão como educar os homens, e nem encontramos respostas concretas para solucionar os problemas no campo da educação.

Uma reportagem da revista "Escola Nova" de outubro de 2006, retratou-se os maiores problemas na qualidade de ensino, os quais podem ser resumidos em quatro: a falta de consciência para com a importância da educação, a escassez de recursos investidos em escolas e professores, a desvalorização do trabalho dos professores e as políticas públicas que visam resultados rápidos, levando conseqüentemente á deixar os principais problemas para serem resolvidos depois. Colocamos em destaque dois dos problemas abordados, a falta de consciência para com a importância da educação e a desvalorização do trabalho docente, considerando-os fundamentais ao tema que neste texto será abordado, seriam eles a desvalorização do professor e a falta de consciência para com a importância da educação.

Após algumas observações, realizadas no próprio curso de Pedagogia, nos inquietou a seguinte dúvida: O que leva alguém a escolher o curso de Pedagogia? "Pedagogia não é uma palavra de prestígio" (Skinner, 1972. p. 90). Ao dissertar dessa forma o autor se referia ás negligências com que o ensino é tratado, levando, consequentemente, à desvalorização da Pedagogia. Qual seria a contribuição do acadêmico de pedagogia (futuro docente) para as constantes oscilações no campo educacional?

Não é privilégio do curso de Pedagogia ter a primeira semana de aulas dedicada á apresentações. Foi em um desses dias de integração que solicitado pela docente, os alunos explicitaram os fatores que os haviam motivado á optar pela graduação em neste curso. A grande maioria, respondeu que o curso foi escolhido após tentativas frustradas de ingresso em outros cursos. Alguns responderam que a opção foi aleatória, sem nenhuma afinidade ou objetivo primário. Tendo em vista o fato, podemos considerar que muitos acadêmicos que hoje cursam a Pedagogia fizeram desse curso sua última opção acadêmica.

Partindo da premissa que a afinidade e a vocação, estão intimamente ligadas com à formação de um bom profissional, tal como a satisfação pessoal na realização de um trabalho, passamos a nos questionar se o fato de escolher o que não se deseja como profissão, pode ser prejudicial ao curso e, principalmente, a missão do profissional desta área.

É fato que a desvalorização da Pedagogia não se deu de um momento para o outro, mas percorreu todo o cenário histórico da construção da cultura brasileira. Alguns autores citam o auge desta desvalorização e os acontecimentos que de fato teriam culminado na educação que hoje conhecemos, o inicio da década de 70, com a crescente onda do pensamento "Milagre econômico". Os professores que antes eram vistos como OS GRANDES MESTRES, passam á serem encarados como vilões da educação por um tempo, ocupando em nossos dias um papel que na verdade se parece com "super - heróis", não simplesmente porque defendem, atacam ou salvam os alunos, mas porque tantas funções a eles foram delegadas, além de formar e instruir, que o papel de educador acaba por confundir-se com outros. O que nos inquieta, é que se considerarmos a complexidade da educação, como esperar de alguém que, a princípio, não tem afinidade com esta função, que à realize satisfatoriamente dentro do cenário que hoje conhecemos?

Com o decorrer do curso, outras observações puderam ser realizadas, as quais salientam a displicência para com a formação pedagógica. De forma sucinta, pode-se dizer que a postura adotada por alguns acadêmicos denota a irresponsabilidade que seguem no curso. A falta de respeito para com os colegas e professores com conversas e brincadeiras em momentos inoportunos, saídas constantes e telefones celulares que tocam e sempre são atendidos, a restrita participação em sala são fatores que limitam a aprendizagem e tornam limitadas as possibilidades de conhecimento. Quantos não foram os momentos em que os professores dispensaram a sala antes do término da aula, por não existir participação dos acadêmicos? Vários são os alunos que chegam após o horário, se vão antes do término do período, e, constantemente, solicitam que as aulas cessem antes do intervalo. Tais observações soam como um desabafo, mas nos fazem refletir: Se agem de forma faltosa, sem comprometimento  como acadêmicos de pedagogia, que tipo de profissionais serão? Acreditando que a desvalorização da Pedagogia é algo que se inicia com os próprios acadêmicos frustrados que freqüentam o curso, pode-se dizer que a desvalorização do trabalho do professor inicia-se no processo de sua formação. Como valorizar uma profissão que não se lutou para conquistar? Logo, como podemos esperar de acadêmicos que não tem afinidade e interesse para com o curso, que tenham consciência da educação e por ela lutem?

Acreditamos que não é da vontade daqueles que aguardam por uma educação melhor, que ela seja ministrada por acadêmicos que fizeram parte das situações abordadas. Não podemos permitir que os recursos públicos - digam-se escassos - sejam esgotados pelo descaso com que alguns acadêmicos seguem no curso. Não se pode simplesmente formar, para que depois a "vida" selecione, mas deve-se formar na certeza de que será um bom investimento. Não é possível crer que aqueles que não prezam pela própria educação prezem á de outrem, portanto, a possibilidade que aqui colocamos, como diferencial neste processo de formação do pedagogo, é o estágio curricular, onde, o acadêmico terá a oportunidade de se deparar com a realidade, compreendendo mais, a complexa e burocrática movimentação que envolve a educação.

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Como referenciar: "Aproximações Sobre a Vocação como Premissa na Formação Docente" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2025. Consultado em 21/10/2025 às 04:35. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/vocacaodocente/