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Causas e Consequências do Professor Pesquisador

Autor: Sandra Mara Dobjenski
Data: 23/04/2013

INTRODUÇÃO

A partir dos anos 70, ocorreram profundas mudanças sociais, metamorfoses que afetaram profundamente o debate epistemológico no campo educacional. Nesse sentido, surge a discussão a respeito da necessidade do professor pesquisador, ou seja, aquele sujeito que busca reconhecer em seu aluno os âmbitos biológico, sociológico e psicológico, a fim de compreender suas dificuldades, limitações e comportamento sem possíveis "rotulações". A partir do momento que o professor sabe da história de vida de seu aluno, ele passa não somente a compreender suas atitudes, mas a respeitá-lo como ser único. Todavia, é necessário que este professor tenha consciência do seu papel social e que já tenha "embutido" em seus valores  sentimentos de fraternidade, sensibilidade, amor ao próximo e capacidade de se colocar no lugar do outro.

A arte da reflexão do professor pesquisador

No início da década de 70, os educadores desempenhavam um papel secundário, suas ideias e opiniões não tinham espaço nem validade. Ao final da década, mobilizaram-se em prol do ensino, partindo em busca de uma educação crítica de cunho social, econômico e político, que tinha como objetivo a superação das desigualdades sociais. Desta forma, se inicia a ascensão da educação e um leque de questionamentos se abre a respeito da identidade do professor.

O educador, visto nesse período como transmissor de conteúdos, um técnico em educação, agora deveria ser capaz de analisar, aprimorar sua prática, formar cidadãos capazes de pensar, questionar, interagir, buscar novas fontes para sanar as dificuldades, e não simplesmente ser um mero transmissor de informações e conhecimentos. Logo, tais fatores indicaram a necessidade de professores que atendessem essa nova realidade, profissionais que mantivessem uma postura crítica/reflexiva frente a sua prática, sendo capazes de aprimorá-la a cada novo passo.

Surge o processo de reflexibilidade como mola-mestra para a mudança educacional, possibilitando aos professores a adoção de uma postura crítica frente a sua práxis, exigindo uma reflexão que os colocasse dentro da ação, participando da atividade social e tomando partido em face de uma ideia de futuro. Dessa forma, este movimento apoia a ideia do professor profissional, que busca ser autor do seu trabalho e de sua formação.

Como o profissional, necessita fazer opções políticas, epistemológicas e metodológicas acerca do ofício de ensinar, este passa a ser um agente estimulador de mudanças que transformam o processo educacional, tendo na pesquisa à maneira, o instrumento de trabalho, e na sua prática a contribuição para uma formação mais crítica e questionadora, tanto frente ao conhecimento que aplica, como em relação à produção de novos conhecimentos.

Os professores hoje cada vez mais se conscientizam que são meros instrumentalizadores dos alunos, das aulas ou dos cursos, passam então a desenvolver atitudes de questionar, de investigar, de analisar o contexto escolar e social, assim como os métodos pedagógicos que aplicam, apresentam soluções e sugestões ao problema em estudo e a sua própria atuação docente. Diante de tais pontos, passam a atuar no ambiente escolar como observadores, buscando reunir informações sobre determinado problema ou assunto, buscam analisá-lo, utilizando para tal o método cientifico com a intenção de aumentar o conhecimento e fazer novas descobertas que os possibilite melhor formação que os leve a um exercício mais consciente e menos ingênuo.

É a partir dessa realidade que o professor passa a agir, sendo mais que mestre na arte de ensinar, se tornando escritor, poeta, compositor, que absorve teorias e que busca criatividade nas histórias, se tornando conhecedor, pesquisador que consome horas e horas preparando seu repertório, planejando roteiros que incorporem a realidade, para que uma nova peça seja criada.

Mas para isso é preciso traçar metas, refletir, compartilhar conhecimentos, pesquisar. Fazer uma reflexão silenciosa e muitas vezes longa do cotidiano que o cerca, reunindo informações, analisando possibilidades, buscando soluções para reestruturar antigas histórias.

Quando se fala de professor pesquisador, logo surge a concepção de Paulo Freire, que na obra Pedagogia do Oprimido afirma que o que há de pesquisador no professor não é a qualidade na forma de atuar, mas sim a maneira de conhecer os alunos no âmbito social, biológico e psicológico.

Entretanto, o professor pesquisador não é necessariamente aquele indivíduo dotado de conhecimentos acadêmicos, um mestre, ou mesmo um doutor em determinado campo didático, mas sim aquele que busca conhecer, compreender, investigar os avanços que os cercam. Um profissional autônomo, dinâmico, criativo, com iniciativas próprias capaz de questionar situações e encontrar meios para superar desafios.

Portanto, as definições dos papéis do professor, do pesquisador ou do professor pesquisador, é algo que ainda irá gerar muitas discussões, por tais conceitos estarem ligados a arte de percorrer novos horizontes em busca de acrescentar melhorias qualitativas e quantitativas para a educação.


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Como referenciar: "Causas e Consequências do Professor Pesquisador" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 25/04/2024 às 05:50. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/textos/index.php?id=32