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As dissensões acerca da educação para surdos

Autor: Fernando Schramm Neto
Data: 05/11/2019

No Brasil, é indiscutível que a atual cultura oriunda da convivência entre distintas etnias, mesclada com a presença de portadores de condições físicas em meio à própria população miscigenada, é herança direta dos valores desenvolvidos ao longo do Período Colonial. Em tempos contemporâneos, a aversão e o preconceito ainda persistentes em diversos ambientes no amplo espectro social, sobretudo contra surdos no campo educacional, somados às discrepâncias existentes nas próprias leis em vigência, “atraem os holofotes” para tal tema, sobretudo em terras tupiniquins.

É notório que apenas durante o período do Segundo Reinado de Dom Pedro II, a então crescente parcela populacional com surdez obteve a devida atenção referente ao acesso educacional igualitário, através do desenvolvimento de políticas públicas específicas, somente denotando o quão “atrasado” foi a prioridade política brasileira em efetivar um princípio de inclusão às minorias. Todavia é evidente, nos tempos atuais, o carecimento de condições essenciais para a incorporação de tais parcelas populacionais carentes, da grande maioria das instituições educacionais que participam integralmente ou são voltadas ao acesso de surdos, desde a falta de sinalizações e placas apropriadas, até a inexperiência de educadores na linguagem em Braille, levando a consequências ainda maiores, como o preconceito.

Embora façam parte das ditas "minorias populacionais", cuja constante luta por espaço e visibilidade social tenha resultado em leis que teoricamente garantem o acesso à educação igualitária, os surdos, bem como outras parcelas populacionais, necessitam lidar com mazelas que não se limitam somente ao campo educacional, à medida em que trabalhadores contendo tais necessidades sofrem com maior preconceito com relação aos demais, além da quase nula representação no campo político e das violências física e simbólica que vigoram contra tais parcelas no ambiente urbano, o que é motivado pela ideologia de cada um, que pode ser comparada com uma lente, sendo a partir dessa lente que todos enxergam o mundo. Ou seja, todos possuem sua própria visão a respeito dos fatos e das ações que permeiam a sociedade no mundo, o que faz com que cada um tome decisões baseados apenas no seu ponto de vista.

Em virtude dos argumentos mencionados, ficam claros os inúmeros obstáculos a serem superados a fim de se efetivar uma inclusão educacional a surdos no Brasil. É imprescindível que instituições de cunho coercitivo, como a mídia telecomunicativa, somada a organizações educacionais como a escola, e ao próprio ambiente familiar, devam respectivamente: criar propagandas visando adequar a inclusão de surdos ao cotidiano populacional, elaborar cartazes e campanhas num intuito de garantir a conscientização dos jovens, e investir numa efetiva educação primária a fim de combater a intolerância.


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Como referenciar: "As dissensões acerca da educação para surdos" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 26/04/2024 às 10:07. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/textos/index.php?id=64