Por uma educação infantil mais assertiva: as perspectivas e os desafios da Educação Infantil no cenário atual
Autor: Franciele Portela de Souza Moretto
Data: 27/05/2025
De acordo com O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra "perspectiva" tem vários significados: "forma como algo é visto ou representado"; "visão que se estende ao longe", "um ponto de vista", ou seja, a forma como cada pessoa vê o mundo; "a aparência ou aspecto de algo" e a mais assertiva segundo a intenção dessa pesquisa: " um sentimento de esperança ou expectativa".
Seguindo o mesmo raciocínio, a palavra "desafio", de acordo com a mesma fonte, consiste em "um ato ou efeito de desafiar, de estimular alguém a fazer algo, uma tarefa difícil de realizar, uma ação ou efeito de provocar alguém incitando esta pessoa para um combate, luta ou guerra" e, a que talvez defina a minha inquietação diante desse estudo: "ocasião ou grande obstáculo que deve ser ultrapassado".
Entre avanços e retrocessos, influência de teorias e políticas públicas, sabe-se que, muito se tem a percorrer para que, de fato, possamos diminuir a distância entre a legislação e a realidade que se apresenta nas instituições de ensino infantil. O que se pretende com esse diálogo, é trazer a luz, colocações e opiniões sobre as vulnerabilidades pedagógicas estruturais, levantando objetivos específicos que demonstrem que, a Educação Infantil, precisa ser vista, analisada, estudada e garantida pelos olhos empáticos daquele educador de base que compreende o processo.
Um educador não só entusiasta e apaixonado, mas também legitimista, sabe identificar aonde estão as deficiências, que são inúmeras, e as possibilidades, que são fantásticas dessa etapa tão importante do desenvolvimento da primeira infância.
Nossa sociedade precisa de uma Educação Infantil realista e eficaz, que tenha seu ponto de partida no processo de rotina, abordando temáticas significativas que instigue a criança a "brincar de pensar", problematizar, resolver conflitos e construir seus próprios conceitos.
A educação Infantil carece de leveza nos processos cotidianos, com rotinas, limites e oportunidades de experiencias bem definidos. E para que esse processo aconteça de maneira ativa, é primordial a qualidade do ensino ofertado derivado da qualidade de trabalho e de vida dos professores e alunos.
É necessário, um norte bem definido acerca de ações de planejamento, orientação, organização e legislação realista e assertiva diante das práticas pedagógicas realizadas. A Educação Infantil não se caracteriza apenas pelo direito da criança em frequentar uma creche, ou suprir uma demanda de vagas para famílias trabalhadoras, ou então, promessas políticas e contrapartida financeira via governo. Educação Infantil é o direito que a criança tem de uma educação de qualidade, com parâmetros reais, professores comprometidos, respeito hierárquico, participação democrática, formação, aplicabilidade e retorno, ambiente salubre, aprendizado e desenvolvimento para todos.
Já é de domínio público que a Educação Infantil, segundo a LDB (1996), é considerada primeira etapa da Educação Básica. Essa conquista, no entanto, é fruto de uma luta de décadas pelos envolvidos e comprometidos com essa incumbência.
Esse segmento, se iniciou como uma necessidade da sociedade que, visava suprir uma demanda acompanhando momentos históricos como a colonização e industrialização. Chamadas de creches (palavra francesa que significa manjedoura, comedouro de animais, que, como simbolismo bíblico, representa a figura de uma espécie de berço para o bebê, o que nesse caso creio justificar seu uso), esses espaços eram unicamente, uma espécie de "observatório de crianças" aonde as mesmas eram atendidas em suas necessidades básicas como higiene e alimentação.
Com caráter filantrópico e assistencialista, era um lugar onde as famílias, no início do século XVIII, poderiam deixar seus filhos para que fossem "assistidos e cuidados", garantindo a seus familiares que se dedicassem integralmente ao afazeres, e aos empregadores, a mão de obra necessária, sem empecilhos durante a jornada de produção e trabalho.
Hoje, se pesquisarmos no Google (ferramenta de mecanismos de buscas e serviços), o significado da palavra creche, encontramos a seguinte explicação: "instituição pública de assistência social que, durante o dia, abriga e alimenta crianças pobres e de pouca idade cujos pais são carentes e/ou trabalham fora", bem como, "estabelecimento particular que promove diurnamente assistência e educação básica a crianças muito novas cujos pais trabalham fora".
Se utilizarmos a mesma ferramenta tendo como termo de pesquisa: Educação Infantil, essa é descrita como "a primeira etapa da educação básica, abrangendo crianças de 0 a 5 anos. Seu objetivo principal é promover o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, através de atividades lúdicas, brincadeiras e interação. A educação infantil é dividida em creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 5 anos)", salientando que a Educação Infantil (creche), somente passou a ser considerada a primeira etapa da Educação Básica no Brasil em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular, 2017) traduz a criança como um ser que "[...] observa, questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social" (BRASIL, 2017, p. 36).
No entanto, para que essa essência seja preservada e desenvolvida, as instituições precisam dispor de um conhecimento sistematizado e aplicável, levando em consideração que, o educador precisa instruir-se e compreender o seu papel de mediador nesse processo. O professor, necessita de condições que considerem todas as particularidades desse segmento, com maior sensibilidade de compreensão desse processo tão complexo e específico.
Com clareza, a seguinte citação sinaliza que: "Ter intencionalidade educativa na escola é pensar em todos esses aspectos de maneira estruturada e com objetivos e propostas claras de desenvolvimento dos bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas. Envolve mais do que pensar as experiências que serão oferecidas às crianças. Inclui também pensar nos materiais, ambientes, tempos, espaços e tudo mais que compõe o contexto dessas experiências". (BNCC, pág. 43).
Se pesquisarmos em estudos recentes, percebemos que o "moment stage" (termo em inglês que significa "palco do momento"), sobre a primeira infância, se referem ao épico "protagonismo infantil". Percebe-se aqui a necessidade de destacar que, alunos criativos, questionadores, proativos e protagonistas da sua própria história, são desenvolvidos em ambientes saudáveis, com educadores comprometidos e uma legislação legítima.
No entanto, por muitas vezes o que encontramos em instituições públicas e privadas, é uma classe doente, desmotivada e desassistida. Um ambiente caracterizado por tentativas desastrosas de ensino, falta de orientação adequada, despreparo de todos os segmentos responsáveis, excesso de demandas, superlotação de salas, e tantos outros problemas que se arrastam por décadas.
Nesse sentido, infelizmente toda essa dinâmica calamitosa reflete em quem seria o principal beneficiário se esse processo fosse mais assertivo: na criança. Criança essa, que, em um futuro próximo, será o professor, o gestor, o secretário, o prefeito, o governador, o presidente e, enfim, o protagonista da história no mais amplo sentido da palavra.
Como bem diz a metáfora utilizada por Paulo Freire em "À sombra desta mangueira": "As árvores sempre me atraíram. As suas frondes arredondadas, a variedade do seu verde, sua sombra aconchegante, o cheiro de suas flores, de seus frutos, a ondulação de seus galhos mais intensa, menos intensa em função de sua resistência ao vento. As boas-vindas que suas sombras sempre dão a quem a elas chega, inclusive a passarinhos multicores e cantadores. A bichos, pacatos ou não que nelas repousam". Com isso quero dizer o que? Que queremos oferecer a sombra. Mas para que isso se torne possível, também precisamos usufruir dela para ter clareza e compreensão do processo.
De nada adianta o educador ter o material disponível e não saber usar. Ter o planejamento perfeito, e não conseguir aplicar. Essa carência de conhecimento, dinâmica e perspectiva infelizmente é estrutural, e precisa ser alinhado para que reais transformações aconteçam.
Referências:
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: [Editora ou órgão oficial, como o Diário Oficial da União], 1996.
BRASIL. Plano Nacional de Educação – PNE/Ministério da Educação. Brasília, DF: INEP, 2014 Resolução CNE/CP Nº 2, de 22 de dezembro de 2017, que institui a Base Nacional Comum Curricular.
FREIRE, Paulo. Org. FREIRE, Ana Maria Araújo. À sombra desta mangueira. 11º Edição. Paz & Terra. 2015.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro; FRANCO, Francisco Manoel de Mello. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia, c2009. 1986 p. ISBN: 857302383
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