Você está em Artigos

Afetividade - Uma Opção para A Educação (página 2)


3.DESENVOLVIMENTO

Pela experiência de Ivany Fernandes e Sandra de Oliveira Rosa no ambiente escolar buscamos fundamentação teórica que mostre a importância do afeto no desenvolvimento integral da criança, pois ambas já tem um bom tempo de Magistério sempre na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental. Por opção de trabalho, utilizam o afeto na educação há muitos anos.

Nos tempos atuais Gabriel Chalita (2004, p. 152) reforça a atuação vocacional do professor: "Professor que não gosta de aluno deve mudar de profissão. A educação é um processo que se dá através do relacionamento e do afeto para que possa frutificar."

Basicamente a prática das afirmações teóricas obtidas na consulta bibliográfica foram realizada e comprovada a partir do relato detalhado das experiências de duas Professoras em sala de aula.

3.1 Relato da Professora Sandra de Oliveira Rosa
 
Neste ano de 2010 está lecionando em uma classe da 2ª. Fase do 2º. Ciclo.

Durante os 3 anos anteriores e consecutivos a Professora esteve a frente de uma turma maravilhosa, pois vinha acompanhando os alunos na seqüencia desde a primeira série.

Como desde o inicio ela tinha a expectativa de conduzir esta turma até 4ª. Série, aplicou conhecimentos e maneiras próprias de conduzir a classe, inserindo e vivenciando conceitos da Pedagogia Waldorf de Rudolf Steinner, e o fez com muito sucesso. Mesmo não tendo lecionado nesta classe no quarto ano, foi uma turma muito elogiada. Realmente um sonho realizado.

No ano de 2009, fora trabalhar com uma 3ª. Série, com pouca base no item aprendizado, bagunceiros, com estripulias e atos inimagináveis pela idade, e era uma classe rejeitada por todas as professoras. Mesmo sendo adepta da formação de classes com parâmetros comportamentais semelhantes, a impressão que se teve era que o que tinha de alunos ruins naquela faixa etária estava ali reunido.

Inicialmente houve relutância por parte da Professora em aceitar a classe e enfrentar o desafio. A Diretora, habilidosa e com muito carinho convenceu a Professora à assumir esta classe pela experiência e competência.

Apesar do difícil inicio de convivência pela rigidez e imposição da disciplina pela professora e conseqüente rejeição pelos alunos, geraram atitudes de revoltas como: colocar fogo na grama, fazer xixi nas garrafas de refrigerantes e dar para outro beber, colocar terra nas carteiras, rasgar cadernos, gritar em sala de aula, dizer palavrões, andar sobre as mesas, e outras coisas inconcebíveis em uma sala de aula que são próprias de marginais.

Como se não tivesse mais nada a fazer para apaziguar ânimos, tentou uma "última solução. Foi deixado um pouco de lado o conteúdo normal contido no horário e passou a trabalhar diariamente a partir de histórias, metáforas, contos épicos, enaltecendo sentimentos, e valorizando a ética, o respeito e o direito do outro. Este trabalho foi realizado envolvendo os alunos com amor, adequando com timbre e entonação de voz a sonoridade das palavras, atingindo a todos a partir da sinestesia.

O Pai Nosso era a oração predileta e a cada dia tinha o desenvolvimento do entendimento de cada uma das frases da oração sendo uma por dia, onde era realizado a interpretação e o entendimento, em cada uma das religiões ali presentes.

Os problemas de indisciplina foram reduzindo até serem esquecidos, e as posturas passaram ser de trabalho e aos poucos começaram aparecer bons frutos. Hoje, aquelas crianças "indesejáveis" e "rejeitadas" são os alunos queridos da professora, e são dignos de elogio por parte da direção da escola, e de todos com quem eles convivem. Estes alunos encaminham diariamente bilhetes de carinho e de amor para a Professora, e ela os recebe como palavras motivadoras para seguir em frente. Estes são os gestos que fazem as professoras e educadores sempre seguirem em frente com a mesma dedicação, e fazem da docência um ato de amor.

Segundo Dantas (1993, p. 75), "é impossível alimentar afetivamente à distância". A troca de sentimentos foi possível pela proximidade entre professora e alunos. O Contato Físico, foi outro aspecto relacionado ao comportamento postural, também apareceu como uma forma de interação bastante afetiva, ocorrendo em vários momentos. Surgiu enquanto os alunos escreviam, ou liam para a professora, quando aproximavam-se dela para perguntar alguma coisa, ou ainda foram observados acompanhando um elogio em virtude do término da atividade.

Maria Augusta Sanches Rossini (2001, p.9) diz:

A afetividade acompanha o ser humano desde o nascimento até a morte. Ela "está" em nós como uma fonte geradora de potencia, de energia.
Dizemos que, até os 12 anos, a vida do ser humano é extremamente afetiva, e a partir daí, o futuro adulto já tem estabelecidas suas principais formas de afetividade.
A afetividade domina a atividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções, na memória, no pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal - é componente do equilíbrio e da harmonia da personalidade.

"Parece existir um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, com este último determinando a forma de cada etapa da afetividade" Piaget apud Rossini (2001, p. 9)

Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "Afetividade - Uma Opção para A Educação" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 02/05/2024 às 22:54. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/afetividade/index.php?pagina=1