Bullying Escolar e Suas Influências Para o Desencadeamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e da Fobia Escolar

Autor: Eduardo Araújo da Silva
Data: 24/04/2013

RESUMO

O fenômeno bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivações evidentes, adotado por um ou mais indivíduos, desde a infância, até a fase adulta. É um comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais e é notado não só nos ambientes escolares, mas no cotidiano das vizinhanças, nos espaços laborais e nos contextos familiares de todo o mundo. Nas escolas, o bullying se difunde de maneira velada e sorrateira, causando traumas e bloqueios emocionais que interferem prejudicialmente no desenvolvimento sócio-educacional dos alunos. A prática do bullying se concentra na combinação da intimidação e humilhação das pessoas, estas geralmente mais acomodadas, passivas, indefesas ou sem condições de exercer o poder sobre alguém ou sobre um grupo. As dificuldades de aprendizagens e os desvios comportamentais, bem como a depressão, a fobia escolar e o transtorno de estresse pós-traumático, são consequências graves, que muitos indivíduos apresentam ao longo de suas vidas, desenvolvidas por envolvimento anterior com a violência escolar. Os profissionais da educação, da saúde e das políticas públicas devem se aprofundar no assunto, para diagnosticar as origens e monitorar o desencadeamento da violência entre pares. A família, como instituição, possui um papel primordial na formação humana e deve ter, portanto, um conhecimento prévio sobre as práticas desse fenômeno que solapa sociedades.

Palavras-chave: educação; bullying; estresse pós-traumático; fobia escolar.

INTRODUÇÃO

A alteração de comportamento em crianças e adolescentes, nas escolas e nos lares, foi subestimada e, como consequência, tem-se observado um comprometimento no desenvolvimento intelectual e social desses indivíduos. Estudos recentes indicam um aumento considerável na incidência de depressão e de medo nessas etapas do desenvolvimento. Os casos de suicídio entre adolescentes são relevantes para o crescimento da taxa de mortalidade e se apresentam cada vez mais significativos. Os jovens com alteração de comportamento deixam de levar uma vida normal ao passo que desenvolvem o isolamento, e, afastados das relações sociais, juntamente com a diminuição da autoestima, começam a apresentar um baixo desempenho escolar.

Uma das principais causas do afastamento social, nesse período da vida se caracteriza pela fobia de frequentar a escola devido às práticas de bullying, que se mantém por um ciclo vicioso de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas nas relações interpessoais. Isso reflete no déficit de aprendizagem e, culmina, muitas vezes, no abandono da etapa estudantil. Quem sofre desse tipo de fobia passa a apresentar diversos sintomas relacionados com o transtorno do pânico e do que chamamos de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Projetados na experiência de permanecerem, em momentos considerados negativos, no ambiente escolar, alguns indivíduos, já na fase adulta, detêm lembranças marcantes que os remetem a momentos traumatizantes.

O bullying é um fenômeno tão antigo quanto à própria escola, porém, é considerado um assunto novo e tem sido objeto de investigação e de estudo no Brasil nos últimos anos, despertando a atenção da sociedade para suas consequências. É um fenômeno recém-estudado e apesar de não dispor de dados estatísticos e históricos de casos bem documentados, seu conceito está especificado e muito bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência.

Ao longo do tempo, o bullying vem tomando grandes proporções e pesquisas variadas estão sendo incentivadas, para que a comunidade escolar saiba diagnosticar, cuidar e acima de tudo, prevenir esta problemática de maneira eficiente. Pretende-se com este trabalho levantar alguns questionamentos e reunir informações que contribuíam com a prevenção e consequentemente redução da prática do bullying.

O primeiro tópico do artigo apresenta a conceituação, o diagnóstico, a prevenção e os cuidados que devem ser seguidos para o entendimento desse assunto. O segundo tópico aborda o papel das instituições de ensino no contexto da violência escolar. No tópico seguinte, demonstra-se como o bullying está presente nas relações familiares e em todos os segmentos de classe social e faixa etária dos indivíduos em formação, nos anos de escolaridade. No quarto tópico, apresenta-se instrumentos considerados como métodos eficientes de combate à prática do bullying. O desencadeamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e da fobia escolar, gerado pelas influências do bullying, é abordado no quinto tópico do trabalho. Finalmente, as considerações finais ressaltam a importância de saber educar e de haver um conhecimento prévio, por parte dos professores, pais e alunos, sobre o fenômeno bullying e suas possíveis consequências traumáticas, como fatores essenciais para se intensificar a prevenção e a redução de algumas formas de violência presentes na formação dos indivíduos.