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Bullying Escolar e Suas Influências Para o Desencadeamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e da Fobia Escolar (página 2)

UM FENÔMENO CHAMADO "BULLYING"

O bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa "valentão". Como verbo, significa ameaçar, amedrontar ou tiranizar. Quem relacionou a palavra ao fenômeno foi o professor Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Bergan na Noruega, que, em meados dos anos 70, já iniciava investigações sobre esse modo isolado de violência, devido ao alto índice de suicídios entre os jovens nas escolas norueguesas. No Brasil, o bullying é caracterizado como "violência moral", "vitimização" ou "maltrato entre pares" por acontecer em grupo, ou seja, entre iguais. (CONSTANTINI, 2004)

 O fenômeno bullying se apresenta de diversas formas, algumas com características mais bárbaras, outras em menores proporções, o que não quer dizer que não seja uma forma de agressão. Têm sido cada vez mais constantes os casos de maus tratos pessoais e isolamentos sociais entre crianças, adolescentes e jovens no ambiente escolar. É identificado, facilmente, quando um ou mais alunos decidem agredir injustamente outro colega e o submetem às mais variadas formas de agressão: a agressão corporal, a extorsão e a ameaça. Crianças e jovens que apresentam um maior teor de insegurança são as vítimas mais comuns. Nas escolas, o horário da recreação é o mais propício para a ocorrência do bullying, pois os alunos estão espalhados, e os professores não têm o controle das turmas como é feito nas salas de aulas.
A intimidação, o abuso de poder, a chantagem e a exclusão social, são as atitutes mais comuns que o indivíduo pode apresentar no início do processo de formação do fenômeno bullying. Estes atos podem ser representados através do contato físico, da postura, do tom de voz alterado e do número exagerado de agressores, de forma repetida e por um tempo extenso.

Os danos causados às vítimas, portanto, podem se tornar irreversíveis, podendo causar angústia, depressão, baixa autoestima e um provável isolamento do convívio social. Na língua portuguesa não há uma palavra que melhor expresse todas as situações de ocorrência de bullying possíveis, mas algumas ações possuem características em comum com o bullying, como humilhar, molestar, agredir, roubar, apelidar, entre outras. Este fenômeno está se tornando um assunto polêmico em muitos países que já o identificam, como o Brasil, e o tem refletido como aspecto negativo nas sociedades, podendo ocorrer em qualquer ambiente sendo ele escolar ou não, público ou privado, entre crianças, jovens e adultos.

Segundo uma pesquisa realizada pela ABRAPIA - Associação Brasileira de proteção à Infância e à Adolescência - (2002), dos 5.785 alunos de 5ª a 8ª séries participantes, 40,5% admitiram estarem envolvidos em atos agressivos no ambiente escolar. O bullying está presente em todas as classes sociais, e dentre todas as faixas etárias, mas é identificado, como mais presente, nos primeiros anos de escolaridade, ainda na infância. Logo que se dá a identificação do problema nas escolas algumas características se destacam, como por exemplo, o surgimento de apelidos e a exclusão de alunos. Esses episódios servem de ajuda para o estudo do caso. Podemos classificar os sujeitos alvos de bullying da seguinte forma: Alvos - alunos que apenas sofrem bullying; Alvos/autores - são os alunos que sofrem e também praticam o bullying; Autores - são os alunos que só o praticam o bullying. Ainda podemos citar os indivíduos que testemunham os casos de bullying, estes não praticam e não sofrem diretamente a violência, mas convivem com esta situação e se omitem, por medo e até por não se importarem realmente com o próximo.

Procedentes de famílias desestruturadas, das quais não receberam carinho, atenção e o acompanhamento afetivo que se faz necessário desde o nascimento, durante o crescimento e por toda a vida, muitos autores do bullying são indivíduos que têm um "histórico de vida" que contribui para as revoltas e possíveis agressões. Os bullies são identificados como indivíduos que apresentam empatia diminuída e estreita relação afetiva com seus membros familiares, impõem a intimidação doméstica e difundem o comportamento agressivo como solução de problemas.

Comumente, os que praticam bullying se tornam adultos violentos, com comportamentos anti-sociais, podendo até mesmo cometer atitudes criminosas. Sobre esse aspecto a pedagoga Sacchetto (2008) reitera,

É muito importante detectar e combater o comportamento agressivo ainda na primeira infância, pois quando criança não encontra obstáculos ou alguém que a alerte mostrando que não é um comportamento adequado, ela percebe que consegue liderar e tirar proveito destas situações e no futuro certamente tornar-se-á um agente do bullying e muito provavelmente um adulto violento. (p.02)

As vítimas, geralmente, são abaladas emocionalmente, apresentando muitas vezes sequelas pelo resto da vida, podendo se tornar pessoas mais reservadas, pouco sociáveis, não conseguindo se encaixar em determinados grupos. Se tornam indivíduos amedrontados e com autoestima deteriorada pelo medo, podendo apresentar desempenho escolar insatisfatório e diagnósticos de déficit de concentração e de aprendizagem. Pesquisas realizadas por Olweus (1993) inferem que muitas crianças vítimas de bullying desenvolvem medo, pânico, depressão e distúrbios psicossomáticos. Com freqüência resistem ou recusam-se a frequentar o ambiente escolar, chegam a trocar de colégio e desenvolvem fobia escolar e social e, inclusive, abandonam os estudos num processo famigerado que é a evasão escolar.

O bullying é um ato de violência que pode marcar e destruir uma vida. As testemunhas, os alunos que presenciam a violência e se calam na verdade, temem por serem as próximas vítimas. Como foi dito anteriormente, todas as classes sociais são afetadas por esse fenômeno, e, nos vários estudos realizados, é notório que os resultados assustadores podem ser evitados, mas é necessária uma medida profilática de caráter urgente.

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Como referenciar: "Bullying Escolar e Suas Influências Para o Desencadeamento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e da Fobia Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 07/05/2024 às 02:53. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/bullying/index.php?pagina=1