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O Acompanhamento Familiar no Desenvolvimento Educacional da Criança (página 3)

A escola não é um sistema isolado e independente da sociedade, ela deve contribuir para transformar a realidade, ainda mais numa época em que as crianças nem bem entraram no processo de educação familiar, estão indo cada vez mais cedo participar da socialização na escola, dessa forma a escola ganha cada vez mais força na educação das novas gerações.

Como hoje, encontram-se várias constituições familiares distintas, percebe-se que a educação doméstica ficou ainda mais complicada gerando dificuldades na capacidade relacional do aluno. Ao detectar essa dificuldade, a escola deve criar um canal de comunicação com a família, procurando estabelecer caminhos que irão nortear a educação daquele aluno. Através desse canal a escola pode contribuir para fortalecer laços do aluno com a família até porque a aprendizagem depende diretamente do equilíbrio emocional do aluno. "Cabe à escola orientar sobre o estudo diário. Chamar a atenção da mãe sobre os vícios da ?decoreba? de tomar a lição só na véspera da prova, e recomendar que estimule seu filho a dar aulas sobre o que aprendeu, dia após dia" (TIBA, 1998, p.163).

As escolas devem criar um ambiente que seja favorável tato para as crianças quanto para as famílias desencadeando nestas o desejo de estar presente continuamente e não somente esporadicamente, criado uma rede de relações, que as possibilitem ao redimensionamento de seus conflitos.

4 RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DA CRIANÇA

A escola é o local por excelência onde o conhecimento é transmitido pelo professor assimilado pelo aluno. Família também transmite considerável parte da cultura social a nova geração, contudo de maneira diferente da escola. A família desenvolve suas funções educativas de maneira informal (LAKATOS; MARCONI, 2006). Logo escola e família são instituições distintas, embora muitas vezes sejam vista como extensão uma da outra, por haver uma estreita relação entre ambas. Desse modo devem estabelecer uma linha de parceria no processo educativo das crianças, pois, são responsáveis pelo desenvolvimento humano intelectual do aluno. Uma vez que essa responsabilidade é prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, promulgada em dezembro de 1996, ao entender a educação como dever da família e do estado (título II, art. 2º), tendo uma finalidade de tríplice natureza: o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para cidadania e a qualificação para o trabalho, pois desde o nascimento a educação é decisiva para o desenvolvimento saudável das funções materiais das crianças para aquisição e acumulação de conhecimentos que às acompanharão por toda vida e para a consolidação de valores. Por isso a família precisa estar em permanente comunicação com a escola, consolidando-se com um canal interrupto de diálogo família/escola, que é condição essencial para uma compreensão crescente das potencialidades e limitações do filho/aluno e do aluno/filho (CARNEIRO, 2010).

Todavia, há vários entraves no que se refere à comunicação família/escola, sendo por vez confundidas as responsabilidades educativas que cabem a cada uma delas havendo até confronto, pois os pais educam de uma forma e os professores ensinam de outra, visto que as famílias têm seus olhares sobre a escola, os profissionais têm um modo próprio de ver as famílias, acreditando muitas vezes que elas impõem dificuldades no processo de socialização e de aprendizagem das crianças, baseados numa visão equivocada que gera preconceito, dificultando e até mesmo impedindo o diálogo.

Vale salientar que a escola deve desempenhar sua função formativa visando benefício da criança. Para isso, segundo Tiba (1998), entre a escola e a família deve haver uma soma, e não atropelamento de uma parte pela outra. Dessa forma o professor, que é o profissional com o qual a criança mais convive ao longo da vida, não pode ignorar os conhecimentos que o aluno obteve antes de entrar na escola e continua a obter fora dela, com isso o professor deve levar em consideração as singularidades existentes entre os alunos, bem como a diversidade social, étnica, costumes e valores presentes na sala de aula.
Diante disso escola e família devem trabalhar esforçando-se pela convergência, porque a formação básica do cidadão, objetivo posto pela LDB ao ensino fundamental, dar-se mediante o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que assenta a vida social (título V, capítulo II, seção III, art. 32). Então, como se vive em uma sociedade marcada pela cultura e violência a questão da tolerância recíproca é um ponto crucial, como expõe Carneiro (2010, p. 256):

[...] Isto indica que a necessidade de uma maior aproximação entre família e escola ? com o envolvimento direto dos pais ? para uma refundação dos princípios de tolerância, e respeitos às diferenças e, sobre tudo, a marcação de linhas de responsabilidade pessoal, de disciplina social e de conduta ética compatível com uma cidadania sadia.

Logo, a família não pode cobrar que a educação do filho seja dada pela escola empurrando a esta toda a responsabilidade; e a escola, do mesmo modo, não pode exigir que a educação venha do berço desobrigando-se de suas responsabilidades, porque a tarefa de educar cabe à família e a escola juntas, visto que "a família é a primeira grande referência da vida social para a criança e a escola é a primeira grande referência da vida institucional que lhe apresenta [...]" (CARNEIRO, 2010, p. 256).

O casamento escola-família se faz necessário, no intuito de participar efetivamente no processo de construção do conhecimento do cidadão, uma vez que a escola deverá proporcionar instrução, isto é conhecimento que o aluno não tem e a família continua a ser referência importantíssima na vida das crianças, pois observando o exemplo vivo dos pais elas aprenderão a se constituir socialmente. Assim, escola e família têm os mesmos objetivos: fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem e na vida.

5 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA: A OPINIÃO DE PROFESSORES

Como dito anteriormente, família e escola como responsáveis pelo desenvolvimento humano e intelectual do aluno, objetivando seu desenvolvimento em todos os aspectos para o mesmo ter sucesso na aprendizagem e na vida. Elas devem ser parceiras no processo educativo das crianças, estabelecendo um canal de diálogo, pois precisam estar em permanente comunicação.

Entretanto, considerando os processos de industrialização da sociedade e as transformações sofridas pelas famílias ao longo do tempo, percebe-se que cada vez mais se diminui o tempo disponível para a participação e presença da família na escola, pois com uma sociedade capitalista marcada por situações de injustiça e desigualdade que submete as famílias a lutarem com muita dificuldade para sobreviverem: a mãe precisa trabalhar fora, ficando ausente do lar por muitas horas e o pai dominado pela competição do mercado, dispõe de menos tempo para se dedicar à família e à educação dos filhos.

Sendo assim, com o objetivo de avaliar a importância do acompanhamento familiar na escola, realizou-se uma entrevista com uma professora de 4º ano da rede municipal na cidade de Davinopólis no estado do Maranhão, no intuito de revelar a contribuição do acompanhamento dos pais no desenvolvimento do aluno.
Analisando a fala da professora, que reconhece a importância da família para o desenvolvimento do indivíduo em todos os aspectos, nota-se que os pais não têm consciência de assumir um compromisso com a escola sendo necessário que o professor chame a sua atenção:

São poucos os pais que se comprometem de fato com a educação do filho, geralmente na minha sala de aula eles são convidados a estarem acompanhando o desenvolvimento das crianças (Professora do 4º ano, janeiro, 2011).

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Como referenciar: "O Acompanhamento Familiar no Desenvolvimento Educacional da Criança" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 03/05/2024 às 05:01. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/desenvolvimentoeducacionaldacrianca/index.php?pagina=2